No mundo das cooperativas e das empresas, a saúde mental tem sido um tema significativo. Ana Tomazelli, psicanalista e idealizadora do IPEFEM (Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas), lembra que somos os campeões em ansiedade, burnout e depressão, segundo dados da OMS e da USP; somos o território com maior consumo e aumento de medicamentos do mundo, segundo dados oficiais do setor farmacêutico
Por isso, várias cooperativas têm investido em Programas que foquem o bem-estar e a saúde de seus colaboradores e cooperados. Além dos projetos direcionados aos funcionários é importante criar meios para evitar e minimizar o burnout digital nas cooperativas. Esse problema ocorre quando o funcionário não consegue se desconectar dos meios digitais.
O crescente uso de telas e a pressão para estar constantemente conectado nas cooperativas têm contribuído para o surgimento desse novo esgotamento. As cooperativas precisam lidar com os ambientes estressantes, movido pela competitividade entre os colegas, a pressão para cumprir metas e prazos e o aumento de horas conectados.
“Atualmente está sendo motivo de preocupação, a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional. É um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico, resultante de situações de trabalho desgastante que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho. Daí a necessidade de programas, políticas e gestores preparados para enfrentar essa questão”, conta Antônio César Marini, gerente de Gestão de pessoas da Coamo Agroindustrial Cooperativa
Como lidar com o burnout digital
Os especialistas explicam que para lidar com isso, é preciso redefinir as abordagens, com o objetivo de promover o bem-estar emocional e psicológico de seus colaboradores. Madalena Feliciano, CEO de Outliers Careers, IPCoaching e MF Terapias, comenta que a tecnologia, por um lado, prometeu simplificar nossas vidas e aumentar a produtividade. Mas também nos trouxe problemas, que envolvem o cansaço mental, emocional e as dificuldades nos relacionamentos sociais e pessoais. Existem maneiras simples de lidar com essa questão, uma delas é estimular os colaboradores a darem espaços para os momentos de lazer e as atividades ao ar livre. “O exercício físico não só ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade, mas também melhora o humor e aumenta a sensação de bem-estar”, indica Feliciano.
Empregadores podem implementar políticas que incentivem o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal, promovendo pausas regulares, limitando o envio de e-mails fora do horário de trabalho e encorajando a desconexão durante as férias.
Mudança de cultura
As cooperativas também podem estimular uma cultura que valorize o descanso e o bem-estar, reconhecendo que a produtividade não pode ser medida apenas pelo tempo gasto em frente às telas. “Encontrar o equilíbrio entre a tecnologia e a desconexão é um desafio que enfrentamos diariamente”, lembra Madalena.
No entanto o processo não é tão fácil assim, a psicóloga Tatiane Paula, que atua no setor há um tempo conta que muitas vezes faltam nas empresas e cooperativas suportes e políticas adequadas direcionadas a saúde mental e emocional. “Isso acaba contribuindo para a sensação de isolamento. Sobrecarga de trabalho e a falta de recursos apropriados intensificam a exaustão”, lembra Paula.
Uma coisa é unanime, as empresas e as cooperativas que priorizam a saúde mental dos funcionários colhem benefícios significativos. Segundo a especialista, a produtividade aumenta, uma vez que funcionários mentalmente saudáveis mantêm o foco e tomam decisões ponderadas. “Investir na saúde mental também resulta em economia a longo prazo, reduzindo custos associados a absenteísmo e rotatividade. A criatividade e inovação florescem em equipes com boa saúde mental. E não faltam recursos para que as cooperativas melhorem a saúde mental de seus cooperados, associados e colaboradores. Eles vão desde programas de aconselhamento confidenciais até treinamentos de gerenciamento de estresse.
“Flexibilidade no trabalho, políticas de licença e acesso facilitado a profissionais de saúde mental são medidas fundamentais. Campanhas de conscientização e criação de uma cultura inclusiva também promovem o bem-estar. Lidar com problemas de saúde mental requer sensibilidade. O investimento em saúde mental gera impactos duradouros”, finaliza a psicóloga.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop