Pix, Drex, Open Finance, regulação cambial, G20, política monetária… Na LiveBC desta segunda-feira (18/12), a menos de duas semanas para o fim de 2023, o Diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do Banco Central, Mauricio Moura, fez uma retrospectiva das entregas do banco este ano que melhoraram a economia, o sistema financeiro e a vida do brasileiro.
Além disso, respondeu a perguntas de quem participou ao vivo da live. Confira abaixo alguns dos destaques do programa, que pode ser conferido na íntegra aqui.
Autonomia
O diretor afirmou que a “autonomia do BC foi duplamente testada”: “Em 2022, permitiu atravessar o período eleitoral sem sobressaltos e, em 2023, mostrou sua solidez nas primeiras mudanças na diretoria colegiada”.
Para o diretor, a autonomia institucional do BC está consolidada e deve ser ampliada. “Depois de alguns ruídos iniciais no começo do ano, chegamos aqui com total tranquilidade institucional quanto à autonomia do BC. O país já consolidou a autonomia e começamos a estabelecer bases para avançar ainda mais nessa autonomia. 2023 termina muito melhor em termos de autonomia do BC do que começou o ano, o que é muito bom para o Brasil”.
Pix
O Pix, sistema de pagamento instantâneo que completou três anos em novembro, recentemente bateu um novo recorde: “168 milhões de transações em um único dia”. Como o banco avalia esse desempenho? Na avaliação de Mauricio, “o desempenho tem sido superior ao que esperávamos”. Ao todo, o Pix já conta com mais de 157 milhões de usuários cadastrados.
Ele destacou que a ferramenta é simples e útil e que os próprios usuários acharam suas maneiras particulares para usar o meio de pagamento. “Entre outubro de 2022 e outubro deste ano, as transações cresceram quase 70%. Já os valores transacionados avançaram quase 60%. No início deste mês, batemos recorde de 168 milhões de operações por dia. Estamos caminhando para ter quase uma transação por brasileiro por dia. E o Pix está longe de entregar todo o seu potencial”, enfatizou.
E qual deve ser a próxima novidade do Pix? Ao afirmar que a ferramenta continuará a evoluir, Mauricio falou sobre o Pix Automático, que está previsto para ser lançado em outubro de 2024 e que vai permitir que você automatize pagamentos: “Vamos continuar evoluindo nos próximos anos com o Pix Internacional, que vem despertando grande interesse de outros países, mas isso deixamos para a retrospectiva de 2024”, brincou.
Open Finance
O uso do Open Finance no Brasil, segundo Mauricio, está numa fase de “intensificação e consolidação”. E citou que hoje, ao todo, são mais de 42 milhões de consentimentos ativos (pessoas que deram autorização para o compartilhamento de dados), com uma média de 1,2 bilhão de dados sendo transferidos por semana no ecossistema. Além disso, mais de 800 instituições fornecem soluções de Open Finance a seus clientes.
Ele destacou que, em 2023, passou a ser possível também compartilhar dados de investimentos com o Open Investment. “O Open Finance está plenamente operacional. E temos expectativa de que surjam cada vez mais soluções de mercado para fazer melhor uso de seus dados”, comentou.
O diretor do BC falou também sobre os “super apps”, destacando que serão soluções desenvolvidas pelo mercado, e não pelo Banco Central: “Não vai ter um ‘super app’, mas possivelmente haverá ‘super apps’ concorrentes que tentarão consolidar sua vida financeira num só lugar”, apontou.
Drex
A primeira fase de testes do Drex, a versão digital do real, só termina no ano que vem. Como estão sendo esses testes? “Os testes estão evoluindo muito bem e vão continuar por todo o ano que vem”. Especialmente em duas áreas: “Primeiro, os participantes dos testes têm verificado a adequação e a aplicabilidade dos testes de uso. Segundo, estão avançando muito bem os esforços para desenvolvermos soluções tecnológicas complexas e inovadoras para suportar o Drex”, explicou Mauricio.
Ele afirmou que “não se trata apenas de montar o quebra-cabeças tecnológico do Drex com peças que já existem. Estamos desenvolvendo novas peças que estão na fronteira do conhecimento. É um desafio e tanto, que está sendo vencido pelo BC e seus parceiros de desenvolvimento”. “O Drex vai trazer uma nova rodada de eficiência para a relação entre pessoas e empresas, e também empresas entre si”, emendou.
Regulação cambial
O BC avançou, em 2023, na modernização da regulação cambial, o que vai representar uma melhoria para a economia e o ambiente de negócios. “Operações cambiais são naturalmente complexas por envolverem moedas, idiomas e legislações diferentes”, explicou o diretor. “Até recentemente, no Brasil, elas eram ainda muito mais complexas por conta de uma legislação antiga e ultrapassada”, continuou.
“Felizmente, contamos com o apoio decisivo do Congresso que, em 2021, aprovou um novo marco para operações cambiais no Brasil. Trabalhamos muito durante o ano de 2022 para regulamentar essa lei, de modo que as principais normas entraram em vigor no último dia do ano”, apontou.
“Então, 2023 foi um ano de muitos avanços por parte do mercado financeiro e das empresas da economia real para já colherem os frutos dessa mudança com transações mais rápidas e competitivas, tornando o mercado de câmbio mais acessível.”
Ele citou alguns exemplos muito simples desse avanço: “Antes, você não podia vender para um amigo os dólares que sobravam de uma viagem ao exterior, pois a regulação permitia apenas negociação de moedas internacionais por bancos ou casas de câmbio. Desde o início de 2023, as pessoas físicas podem negociar até US$500 por operação”.
Outra mudança foi o limite que cada passageiro podia portar ao entrar ou sair do Brasil, antes era de até R$10 mil e passou a ser de até US$10 mil ou equivalente em outras moedas no exterior para viajantes.
G20
O diretor Mauricio também falou da atuação internacional do BC, e lembrou que, na última semana, aconteceu em Brasília a primeira reunião do G20 sob a presidência brasileira. “Em 2024, o Brasil será o presidente do grupo e isso tem uma enorme importância, pois o presidente tem a responsabilidade de direcionar as discussões e de inserir temas que considera importantes”.
Ele afirmou que o lema do G20 em 2024, escolhido pelo Brasil, “já diz muito sobre nossas prioridades: ‘Construindo um mundo justo e um planeta sustentável’”. “O Brasil vai direcionar as discussões para questões sociais e ambientais, sem descuidar das questões financeiras, tão importantes para o G20. Mas, mesmo na Trilha Financeira do G20, vamos ter esse olhar”.
Por exemplo, no grupo que trata da inclusão financeira, o diretor explicou que o BC vai dar grande atenção à questão da qualidade da inclusão financeira. “Não basta ter cada vez mais gente usando os sistemas financeiros nos países, mas que esse uso seja saudável para cada cidadão incluído”.
O BC participa ativamente de vários grupos do G20 e “trabalharemos muito, em 2023 e 2024, para fazer com que a presidência brasileira no G20 seja muito produtiva para todos”, prometeu.
Política monetária
Ao falar um pouco sobre política monetária, o diretor disse que “manter a inflação na meta é talvez a maior responsabilidade de um BC”. “Já que estamos falando em retrospectiva, o que posso dizer é que 2023 foi um ano em que a política monetária apresentou ótimos resultados”.
“O BC conseguiu fazer o que chamamos de ‘pouso suave’, quando ocorre um conjunto muito bem-sucedido de resultados, combinando redução da inflação corrente, redução das expectativas de inflação, redução da taxa básica de juros, crescimento da atividade econômica e manutenção do emprego”, elencou. “Isso é uma combinação muito rara, o que faz de 2023 um ano especial para a política monetária”, finalizou.
Fonte: Banco Central