PALAVRA DO TEJON
Quando a situação ficou difícil, na pandemia, parte dos motoristas da tradicional cooperativa de Taxi “vermelho e branco“de São Paulo, pegaram o recurso que tinham e salvaram a cooperativa. Assim o cooperado Valmir, taxista, me contava orgulhoso me levando ao aeroporto de Congonhas.
O cooperativismo é um estado humano de consciência elevada de cidadania. Sempre tem início com alguns que tomam a frente e lideram sua fundação.
Dias atrás estava com uma cooperativa com apenas 3 anos de idade, a Cooperoeste, reunindo produtores rurais do centro oeste brasileiro. No início, 6 heróis, agora já mais de uma centena. Assim nascem e prosperam todas as cooperativas. Começam com os fundadores, líderes heroicos, e depois se perpetuam quando preservam os valores de suas origens.
Dou aulas num mestrado internacional na França, na cidade de Nantes, num programa com dupla diplomação envolvendo a Audencia Business School francesa com a FECAP, brasileira. São jovens internacionais no FAM food & Agribusiness Management, e ao longo de 1 ano e meio, cerca de 2 meses, visitam o Brasil.
Neste ano, esses 30 jovens visitaram presencialmente duas extraordinárias cooperativas brasileiras, a Holambra e a Coopercitrus. Uma juventude africana, indiana, europeia, latino americana, oriente médio, vietnamita, saiu destes dois encontros simplesmente transformada ao constatarem o quão decisivo, digno e próspero as cooperativas conseguem representar num país em desenvolvimento como o Brasil.
Declarações como de uma brilhante aluna vietnamita, Bao Ngoc BUI, “estou impressionada com o que aprendi sobre a Amazônia, Embrapa e o modelo cooperativista como Coopercitrus, seria maravilhoso ter essas experiências no Vietnam“, refletem exatamente esse poder de dignidade e cidadania do cooperativismo. E, também, dos fundamentos da cooperação, como no caso da ciência, da Embrapa e no exemplo trazido por Marcello Brito sobre o chocolate De Mendes na Amazônia. É necessário investimento criativo para transformarmos essas realidades em percepções inspiracionais de toda humanidade para o quanto esse modelo pode trazer de prosperidade em todos os países e regiões do mundo.
O Brasil tem uma considerável necessidade de elevar a sua percepção de imagem perante o mundo. Principalmente, no aspecto do agronegócio onde somos os maiores produtores de diversas cadeias produtivas e com potencial para dobrar de tamanho nos próximos 10 anos.
Um dos caminhos de fortíssima empatia, amizade e aderência foi criado num anúncio pela agência biomarketing, em inglês, para ser veiculado no mundo inteiro. (incluir imagem do anúncio)
Mais de 1 milhão de cooperados na base do agronegócio do país revelados para o planeta tem efeitos imediatos na estima positiva para a marca Brasil. São famílias agrícolas que amam o que fazem, como fazem e cooperando para que todas façam com qualidade, sustentabilidade e saudabilidade os alimentos da vida.
Os alunos também reunidos numa visita técnica na indústria de motores e geradores MWM estudaram um case sensacional envolvendo a cooperativa Primato de Toledo (Paraná), que irá transformar os dejetos dos suínos em Biogás, gerando bioeletricidade, biofertilizantes e biometano. E trouxeram uma proposta para que no próximo salão de agricultura de Paris 2024 tenhamos um stand brasileiro promovendo o país, o cooperativismo brasileiro e a sustentabilidade com Biogás na matriz energética.
O agronegócio é um negócio de pessoas para pessoas, no caso do cooperativismo significa uma atividade de cidadania para cidadania e gente que faz junto e não quer que ninguém fique para trás. Poderíamos dizer que o cooperativismo é uma ação de “love to love“, amor para o amor, pois a evolução humana na terra exige aperfeiçoamento das imperfeições e pede a vitória de todos nos desafios das superações. Quem ama aperfeiçoa seu entorno, o próximo e a si mesmo.
Cooperativa, uma casa de amor, dignidade e cidadania ….para todos. E como Roberto Rodrigues, sábio do agro e cooperativismo brasileiro e mundial afirma: líderes de cooperativas merecem um Nobel da paz.
As cooperativas brasileiras têm autoridade para representar o melhor do Brasil no mundo e conquistar mentes e corações.
Por José Luiz Tejon, palestrante especialista em agronegócio e membro editorial da Revista MundoCoop
Coluna exclusiva publicada na Revista MundoCoop edição 112