COLUNA ECONOMIA & COOPERATIVISMO
O crescimento econômico do Brasil no primeiro trimestre superou todas as expectativas. O Produto Interno Bruto (PIB) registrou alta de 1,9% em relação ao trimestre imediatamente anterior, o que levou os analistas a revisarem para cima suas projeções para o ano. O Brasil tem condições de crescer perto de 2% mesmo num cenário de juros elevados.
A expansão econômica entre janeiro e março foi turbinada pelo agronegócio, que cresceu incríveis 21,6%. A safra recorde de grãos, com destaque especial para a soja, impulsionou o PIB. Esse desempenho expressivo foi registrado num contexto em que o setor e o Governo Lula viviam uma “crise de relacionamento”.
Durante a campanha eleitoral, o então candidato Lula chamou o agronegócio de fascista, e repetiu a agressão verbal nos primeiros meses de mandato. Os agricultores, por outro lado, nunca esconderam a preferência pela reeleição de Bolsonaro. Com a vitória de Lula, se criou um impasse que precisa ser superado para o bem do País.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD-MT), vem tentando criar pontes entre o setor e o governo. Fávaro tenta, inclusive, se posicionar contra as absurdas invasões de terras promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), sem romper laços com o movimento, que é aplaudido por grupos ideológicos dentro do governo.
Depois de rusgas com os organizadores da principal feira do País, a Agrishow, em Ribeirão Preto, o governo buscou uma reaproximação com o setor na Bahia Farm Show, em Luis Eduardo Magalhães. O presidente Lula foi pessoalmente na maior feira agrícola das regiões Norte e Nordeste. Lá, o mandatário prometeu financiamento farto ao setor com juros baixos. Recebeu apenas tímidos aplausos.
Independentemente das divergências políticas, é dever do governo apoiar o motor da economia brasileira. O agronegócio garante não apenas o crescimento do PIB, mas o superávit comercial, que pode alcançar a marca histórica de US$ 70 bilhões neste ano.
Sabemos que o agronegócio não é formado apenas por grandes produtores. O cooperativismo no setor vem crescendo há décadas, num modelo bem-sucedido de produção, venda e escoamento de volumes cada vez maiores. Unidos, os cooperados obtêm custos menores ao realizarem compras coletivas, além de conseguirem preços melhores ao negociarem grandes volumes.
Não podemos esquecer de também enaltecer o cooperativismo financeiro, que fornece crédito barato aos seus associados para a compra de máquinas e insumos. São milhares de operações todos os dias para financiar os pequenos produtores, que se sentem excluídos das linhas bancárias oficiais e de seus respectivos subsídios.
O agronegócio brasileiro não pode parar. Espera-se que o Governo Lula finalize o acordo entre Mercosul e União Europeia, ampliando nossos mercados potenciais. O principal entrave, como se sabe, são os produtores franceses, que morrem de medo da eficiência brasileira. É claro que a preocupação com o meio ambiente não deve ser ignorada nestas negociações, mas jamais pode ser tolerada como desculpa europeia para impor barreiras ao agronegócio brasileiro. Ideologias à parte, precisamos estar unidos em apoio aos agricultores. Afinal de contas, é o agro que está carregando o Brasil nas costas.
Por Luís Artur Nogueira, economista, jornalista e palestrante. Atualmente, é comentarista econômico e apresentador da Jovem Pan News e colunista da ISTOÉ Dinheiro
Coluna exclusiva publicada na Revista MundoCoop edição 112