COLUNA ECONOMIA & COOPERATIVISMO
O cooperativismo brasileiro é uma fábrica de números e resultados incríveis. Um estudo recente da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) aponta que o setor já responde por 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, o equivalente a meio bilhão de reais. E o principal: gera um efeito multiplicador sobre a economia.
Para cada R$ 1 investido no cooperativismo, R$ 2,92 retornam à economia na forma de produção, impostos e salários. Esse desempenho econômico do cooperativismo se dá em diversas áreas: agronegócio, crédito, consumo, infraestrutura, saúde, trabalho e produção de bens e serviços. Juntos, os segmentos geram cerca de 10 milhões de empregos formais e informais e, pela primeira vez na história, totalizam R$ 1 trilhão em ativos.
Dados do Sistema OCB (Organização das Cooperativas do Brasil) mostram que, nos últimos anos, vem ocorrendo um movimento de consolidação no setor por meio de fusões que buscam ganhos de escala, produtividade e redução de custos. Tudo em nome de um crescimento sustentável e perene.
Apesar da queda do número de cooperativas – de 5.314 em 2019 para 4.693 em 2022 –, a quantidade de cooperados não para de crescer. São 20,5 milhões de pessoas (ou de sorrisos, conforme destaquei no título deste artigo), quase um terço a mais do que no período pré-pandemia. Os associados já equivalem a quase 10% da população brasileira.
Motor do PIB brasileiro, o agronegócio ainda é o que tem maior número de cooperativas associadas ao Sistema OCB, mas o segmento de crédito vem crescendo em ritmo acelerado. O Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC), divulgado recentemente pelo Banco Central, mostra que o quadro de associados do cooperativismo de crédito aumentou 14,5% no ano passado, totalizando 15,6 milhões de CPFs ou CNPJs distintos (cooperados associados em mais de uma cooperativa foram contados uma única vez).
O segmento está presente em 55,3% dos municípios com pelo menos uma unidade de atendimento. Pode parecer um detalhe, mas a existência de agências físicas nessas localidades ajuda a dar credibilidade ao sistema cooperativo, além de fortalecer e divulgar suas marcas. Isso não significa, é claro, que o cooperativismo financeiro não esteja investindo em novas tecnologias como APPs e inteligência artificial. Porém, é um grande diferencial ter a possibilidade de um atendimento físico ao associado, que não é tratado como um cliente bancário. Afinal de contas, ele é sócio da cooperativa e recebe participação nas sobras (lucros).
Aos poucos, vamos superando a barreira do desconhecimento que ainda prevalece na sociedade brasileira. A batalha a ser travada diariamente é a batalha da comunicação. Quanto mais pessoas entenderem o que é o cooperativismo, maior será o número de associados – e de sorrisos – em todas as áreas.
Por Luís Artur Nogueira, economista, jornalista e palestrante
Coluna exclusiva publicada na edição 113 da Revista MundoCoop