Para sobreviver ao mercado de trabalho das cooperativas, não basta que o profissional domine apenas as habilidades técnicas. O cenário atual tem provado que, cada vez mais, colaboradores de sucesso possuem em seu portfólio as soft skills, habilidades socioemocionais.
Para se ter uma ideia da sua relevância, de acordo com o relatório Global Trends Report, feito pelo LinkedIn, 92% dos recrutadores consideram as soft skills tão ou mais importantes do que as demais habilidades. Segundo dados da mesma pesquisa, 89% das contratações que não deram certo são atribuídas a falta das soft skills.
Elas são características pessoais e habilidades comportamentais, que englobam aspectos como a empatia, a comunicação, a liderança, o pensamento crítico, o trabalho em equipe, a flexibilidade, entre outros. “Elas desempenham um papel fundamental no fortalecimento da colaboração, coesão e sucesso das cooperativas”, conta Cátia Benevenuto, professora de gestão e administração de negócios.
Alice Salvo Sosnowski, especialista em habilidades interpessoais e relações de trabalho, explica que as soft skills se referem ao modo como cada indivíduo lida consigo mesmo, se relaciona e interage com as pessoas e com o mundo ao seu redor. “Em um momento de transformações disruptivas, em que inteligências artificiais estão assumindo funções no mercado de trabalho, nunca foi tão crucial apelar para o nosso lado mais humano. Ao investir no desenvolvimento das soft skills em todos os níveis, as instituições fortalecem sua capacidade de adaptação, colaboração e excelência interpessoal”, destaca Alice.
Essas qualificações são importantes tanto aos colaboradores das empresas, quanto aos das cooperativas. E por isso, devem ser incorporadas em suas culturas organizacionais.
Nas cooperativas
O desenvolvimento de soft skills tem se tornado cada vez mais necessário para o sucesso das cooperativas. Elas possibilitam vários impactos positivos em diferentes aspectos, como por exemplo na melhoria das relações entre os cooperados, fortalece a confiança e a cooperação, potencializa as atividades e resultados, aumenta a capacidade de solucionar conflitos internos de forma pacífica e construtiva, evitando desgastes e rupturas na organização. “Bem como na facilitação do compartilhamento de conhecimento e boas práticas, levando a uma aprendizagem contínua e ao aprimoramento dos processos cooperativistas. Além disso, promove um maior envolvimento dos cooperados nas decisões estratégicas, favorecendo a construção coletiva de metas, a busca por soluções sustentáveis e na promoção de uma cultura de cooperação e suporte mútuo, que contribui para a realização dos princípios cooperativistas e valores de solidariedade”, lembra Cátia.
Sandra Almeida, CEO da Good Jobs Consultoria, conta que para despertar essas habilidades é preciso fazer uma jornada contínua que requer consciência, autodescoberta e prática deliberada. No entanto, existem várias maneiras de estimulá-las nos colaboradores, como incentivar a participação em treinamentos e capacitações que abordem temas relacionados às soft skills, como comunicação não-violenta, gestão de conflitos e liderança colaborativa.
Outras formas são estimular a troca de experiências e boas práticas entre os membros da cooperativa; promover a criação de grupos de trabalho interdisciplinares para fortalecer a colaboração e o trabalho em equipe; investir em programas de mentoria, nos quais membros mais experientes possam compartilhar conhecimento com os novos membros; criar um ambiente aberto ao diálogo, em que os membros se sintam à vontade para expressar as suas ideias e preocupações.
Benevenuto explica que as soft skills desempenham um papel crucial no contexto cooperativista, trazendo diversos benefícios como, o de desenvolver relações cooperativas sólidas, fomento à diversidade e inclusão, fortalecimento da governança participativa, resolução de conflitos de forma construtiva, o estímulo à cooperação e sinergia, o engajamento e satisfação dos cooperados, a resiliência e adaptação a mudanças, o desenvolvimento de líderes autênticos, o impacto positivo na comunidade e a valorização da identidade cooperativa.
Em termos de negócios, Almeida conta que as soft skills são essenciais para impulsionar o crescimento e o sucesso das cooperativas. “Quando os colaboradores possuem habilidades interpessoais bem desenvolvidas, há diversos impactos positivos, como a melhoria nas interações com clientes, parceiros e fornecedores, resultando em relacionamentos mais fortes e duradouros; aumento da satisfação dos funcionários, o que leva a uma maior motivação e engajamento, redução do estresse no ambiente de trabalho e, consequentemente, menor índice de absenteísmo, fomento à inovação e ao pensamento criativo, pois ambientes colaborativos favorecem a troca de ideias, aumento da resolução de problemas de forma ágil e eficaz, uma vez que a comunicação e a cooperação são aprimoradas”, enumera Sandra.
8 dicas essenciais para um Soft Skills eficiente na cooperativa
- Escuta ativa: ouvir com atenção e demonstrar interesse genuíno pelas perspectivas dos outros.
- Cultivar a empatia: Coloque-se no lugar dos colegas e clientes para compreender suas necessidades e emoções.
- Buscar feedback: Peça feedback regularmente e esteja aberto a críticas construtivas.
- Desenvolver habilidades de comunicação: Aprenda a comunicar suas ideias de forma clara e concisa, adaptando seu discurso ao público.
- Ser proativo: Assuma responsabilidades adicionais e esteja disposto a ajudar os outros.
- Praticar o trabalho em equipe: Colabore efetivamente, compartilhando conhecimento e reconhecendo a contribuição dos colegas.
- Aprender com os erros: Encare os desafios como oportunidades de aprendizado e crescimento.
- Manter-se aberto a mudanças: Desenvolva a capacidade de se adaptar a novos cenários e circunstâncias.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop