Uma pesquisa da Agência Bloomberg estima que a agenda ESG deve atrair US$ 53 trilhões em investimentos até 2025. Investir na agenda ESG não apenas melhora as suas imagens, mas também as torna mais resilientes, competitivas no mercado, alinhadas com as crescentes expectativas da sociedade em relação à sustentabilidade e à responsabilidade corporativa.
“Ao adotar práticas ESG e incentivar as inovações, as cooperativas atraem investimentos e prosperam, contando com mais talentos, clientes e parceiros de negócios. Essa attitude contribui positivamente para as comunidades e o meio ambiente em que atuam,” comenta Débora Ingrisano, gerente de desenvolvimento de Cooperativas do Sistema OCB.
Os especialistas exemplificam que o cooperativismo, desde a sua criação, se apresenta como alternativa consciente e humanizada ao capitalismo. Emanuelle Moraes, gerente de Cidadania e Sustentabilidade do Sicoob lembra que a natureza das cooperativas tem uma relação muito intima com o ESG, já que se fundamentada no equilíbrio, cuja perspectiva da coletividade é tratada como o modelo de negócios. Ela se concretiza na cooperação para a distribuição de recursos de forma equitativa e a promoção da justiça financeira e da prosperidade.
“A adoção de boas práticas de gestão, sobretudo no que diz respeito a planejamento, implementação de políticas, metas e indicadores intencionalmente atrelados às diretrizes ESG é fator determinante para que as cooperativas de crédito possam se posicionar no mercado financeiro como instituições sustentáveis, fortalecendo a sua natureza de negócios”, lembra Moraes.
Motivos não faltam
Existem vários motivos para as cooperativas investirem no ESG e em suas inovações. Entre eles estão o dele ser interessante na captura de uma porção do mercado consumidor, que se identifica com determinadas pautas.
Carol Pimentel, CEO da Geração Social, empresa do Ecossistema Great People & Great Place To Work destaca que a agenda ESG em sintonia com o negócio da empresa, aponta quais estratégias são mais eficazes e produtivas com, por exemplo, um melhor uso de energia e recursos, contribuindo para uma geração de valor compartilhada, transparência e crescimento mútuo dos cooperados.
Os especialistas ressaltam, que as boas práticas de governança são vitais para que as cooperativas operem com responsabilidade. Portanto, elas são cada vez mais cobradas a se posicionarem sobre temas diversos.
Por toda a importância várias cooperativas têm se mobilizado por meio de fóruns, projetos, programas e atitudes a trazer o ESG e as inovações para o seu cotidiano. “Os princípios e valores do cooperativismo quando ligados ao ESG, ganham um excelente potencializador porque obtém diretrizes para a formulação de políticas, a promoção da educação, a formação e informação e apoio a comunidade, focando no que é importante para a sociedade e seus públicos, como clientes, colaboradores, fornecedores, cooperados”, indica Carol.
Para incorporar a inovação alinhada ao ESG, as cooperativas devem primeiro compreender os principais desafios e oportunidades da sociedade. Isso envolve estar ciente dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, dos riscos identificados pelo Fórum Econômico Mundial e manter ativamente os seus públicos. Em seguida, podem desenvolver novos produtos, projetos e processos que abordem esses desafios e oportunidades. Não se esquecer de avaliar o desempenho e o impacto das novas ações, com foco na melhoria contínua.
“A inovação contribui para a melhoria da performance da empresa, podendo ser em relação a questões operacionais, mas também em quesitos sociais e ambientais. Assim como para o desenvolvimento de novos produtos que atendam a demanda e, se possível, ajudem a resolver problemas da sociedade”, indica Carol. Investir em inovação é essencial para a cooperativa enxergar novas oportunidades e se manterem relevante no longo prazo, ampliando seu impacto positivo.
Fora todos esses benefícios, investir no ESG contribui para que as cooperativas possam atuar como protagonistas nas transformações necessárias do Brasil. Essa é uma forma delas aproveitarem oportunidades, assumir compromissos públicos e reportar os seus desempenhos neles.
Débora Ingrisano, gerente de desenvolvimento de Cooperativas do Sistema OCB conta que para que o ESG e suas inovações sejam internalizadas pelas cooperativas é fundamental trazer os assuntos para os seus ambientes internos. Eles precisam encorajar novas ideias, sugestões, fomentar uma cultura de inovação entre os cooperados e os colaboradores.
“Além disso, deve-se investir em treinamento e capacitação dos associados e colaboradores para acompanhar as últimas tendências e tecnologias, destinando-se recursos para pesquisa de novas soluções. Neste sentido, vale ressaltar que existem no país diversas fontes de fomento para o desenvolvimento de projetos de inovação,” lembra Débora.
Investir em inovação e na agenda ESG pode contribuir e muito para aumentar a visibilidade e reputação das cooperativas. As cooperativas comprometidas com práticas sustentáveis e responsabilidade social tendem a ser mais atraentes para investidores, parceiros de negócios e o poder público.
Ingrisano lembra que isso pode levar a novas oportunidades de parcerias estratégicas, apoio governamental e acesso a recursos adicionais, ajudando as cooperativas a expandirem suas operações nacionalmente e internacionalmente.
Projetos e campanhas
Em novembro, o assunto será tema do Fórum em Cascavel, no Paraná e contou com a parceria do Sicoob Credicapital, que trouxe entre um dos temas a discussão sobre o ESG na visão do mercado financeiro.
A palestrante Eliane Jaqueline Metzner, diretora de mercado da Sicoob Credicapital explicou que os stakeholders, de consumidores a investidores, e demais participantes do mercado, avaliam as empresas de várias formas, o que impacta na perenidade dos negócios. “Os números do indicador de sustentabilidade medido pela B3, Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e outros similares, demonstram que ao longo do tempo as empresas que adotam práticas ESG são mais rentáveis, diminuem riscos e possuem melhor aceitação no mercado”, lembra. Fora isso, a tendência do mercado é beneficiar cada vez mais as cooperativas que tenham em sua pauta diária os temas do ESG.
Em razão disso, Luciana Benteo, coordenadora de Responsabilidade Social da COOP foi convidada pelo Instituto Embraer de São José dos Campos para conversar com os alunos do Ensino Médio sobre a temática ESG. O encontro reuniu cerca de 50 alunos da segunda e da terceira séries.
Ao final da palestra, Luciana Benteo apresentou algumas iniciativas e ações estruturadas da Coop, como as estações de reciclagem em parceria com a Molécoola para descarte correto de metais, plásticos, eletro, pilhas, baterias, papeis e embalagens; coletores de medicamentos, de óleo de cozinha usado e de lâmpadas, além de seus programas de saúde e qualidade de vida e de benefícios às entidades, dentre outros.
O Sistema Ocemg promove campanhas feitas pelas cooperativas em Minas, que atendem aos 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Eles incluem saúde e bem-estar, erradicação da pobreza e redução das desigualdades, além de energia limpa e acessível, por exemplo.
As ações estão também atentas ao ESG, que reúne propostas relacionadas ao meio-ambiente, responsabilidade social e governança, cada vez mais em evidência no mundo dos negócios.
Ao longo do ano, as cooperativas desenvolvem várias campanhas, que envolvem, por exemplo, a arrecadação e doação de alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade e entidades filantrópicas; recolhimento de fraldas para asilos; projetos voltados para a preservação ambiental, como palestras nas escolas sobre coleta seletiva e reciclagem, e até estímulo à doação de sangue para abastecer os bancos dos hospitais.
Ronaldo Scucato, presidente do Sistema Ocemg destacou a importância das campanhas para melhorar a vida das pessoas que vivem no entorno das cooperativas e para a preservação do meio ambiente. Ele lembrou que o projeto se tornou uma referência para as cooperativas de todo o Brasil, impactando positivamente a vida de 26 milhões de pessoas no país.
A Sicoob Credcooper de Caratinga desenvolve também o Projeto Nascente Viva, que já recuperou 41 nascentes na região, colaborando para a melhoria da terra, cultivo do café e consequentemente para a economia da região.
“Investir em ESG é investir em uma cooperativa, sociedade e planeta melhor. Para isso não é o suficiente praticar ações isoladas, realizadas apenas por uma pessoa ou grupo dentro da empresa, é necessário criar uma estratégia integrada e engajar os seus públicos, contemplando e priorizando o que realmente é importante, assumindo compromissos públicos, definido objetivos e metas, divulgando avanços e oportunidades de melhoria, para assim criar uma base robusta para que as práticas ESG sejam realmente impactantes”, finaliza Pimentel.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop