As epizootias e zoonoses atemorizam muitos paises e afetam drasticamente as cadeias produtivas da proteína animal, ameaçando proeminentes setores da agroindústria mundial como a avicultura industrial e a suinocultura industrial. Neste cenário de apreensão que atinge todos os continentes, o Brasil figura com relativa tranquilidade porque, em território nacional, muitas doenças não chegaram ou foram controladas e erradicadas com rapidez.
Uma zoonose que colocou em alerta todos os países que detêm uma moderna avicultura é o vírus da influenza aviária de alta patogenicidade. No Brasil, graças ao comprometimento de todos os elos da cadeia produtiva – produtores rurais, agroindústrias e governo – as ocorrências dessa patologia ficaram restritas às aves silvestres ou de criação de subsistência, cujos focos foram identificados e eliminados de acordo com os protocolos da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), antigamente denominada Organização Internacional de Epizootias (OIE).
Em Santa Catarina o campo conta com o apoio de instituições que dão assistência aos produtores em importantes segmentos dedicados à pecuária intensiva como a avicultura, a suinocultura, a ovinocultura e a bovinocultura de corte e leite. Entre eles situam-se os Sindicatos de Produtores Rurais, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC) e o Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Icasa). Eles são grandes parceiros do Estado porque atuam como agentes econômicos que organizam e qualificam a produção a campo e, simultaneamente, promovem intensa, metódica e didática difusão das boas práticas na execução das atividades agropastoris.
Seminários, treinamentos, cursos, palestras, dias de campo e campos demonstrativos são as estratégias adotadas para capacitação dos associados em um imenso esforço de profissionalização que tem o valioso concurso do Sistema S. Esse esforço de capacitação e transmissão de conhecimento tem como fulcro a ciência e a tecnologia, nas quais a defesa e a vigilância sanitária são o alicerce.
Essas entidades atuam fortemente na atualização e preparação dos produtores rurais – hoje, verdadeiros empresários rurais – e isso ganhou uma importância mais fundamental ainda em face da terrível ameaça que as zoonoses e epizootias representam para a economia do País e do planeta. A ocorrência de influenza aviária em planteis comerciais, por exemplo, causaria prejuízos bilionários para a economia brasileira, com capacidade destrutiva para aniquilar cadeias produtivas inteiras.
O papel dos sindicatos e seus parceiros nas mais relevantes cadeias de valor, sempre atuando em sincronia com os organismos governamentais, os centros de pesquisa e as empresas precisa ser reconhecido e elogiado, pois são protagonistas de uma história vitoriosa de proteção da sanidade como uma conquista e um patrimônio de Santa Catarina.
Convênio de cooperação técnica firmado em 2016 entre a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) com o Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Icasa) revelou-se uma parceria inédita em favor do valioso status sanitário catarinense, pois institui no território barriga-verde o programa de apoio ao produtor para sanidade agropecuária. A iniciativa consiste em disponibilizar nas regiões indicadas pela Faesc, por parte do Icasa, estrutura e mão de obra treinada para auxílio ao produtor no cumprimento das obrigações legais, especialmente aquelas relacionadas com a política de defesa sanitária animal.
A atuação do Instituto é de reconhecida importância para a manutenção e melhoria do status Zoosanitário catarinense – até recentemente, única área livre de aftosa sem vacinação no Brasil. Essa cooperação é essencial na manutenção do status Zoosanitário do Estado com o fim de garantir a qualidade dos produtos de origem animal e assegurar a saúde pública, colaborando, também, para a proteção da economia catarinense, buscando ampliar a competitividade dos mercados internos e externos.
A capilaridade da presença dos sindicatos é um fator decisivo na prevenção das zoonoses (como a influenza aviária), essas doenças infecciosas ou parasitárias que podem ser transmitidas entre animais vertebrados e seres humanos, causadas por agentes patogênicos como vírus, bactérias, parasitas e fungos. Mesmo papel pode desempenhar no combate às epizootias, quando uma doença acomete um grande número de animais em uma determinada área geográfica – o que pode ser chamado de equivalente animal a uma epidemia humana.
Essa disposição para contribuir com ações de interesse público e amplo alcance social os sindicatos brasileiros já demonstraram, recentemente, nos tenebrosos anos da pandemia do novo coronavírus, quando a estrutura de assistência à saúde de muitas regiões entrou em colapso frente a uma terrível taxa de mortalidade que vergastava a sociedade. Preservar a sanidade agropecuária é um compromisso de todos.
*José Zeferino Pedrozo é Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR/SC)