Após um ano desafiador, sob vários aspectos, inclusive de clima, com o fenômeno El Niño afetando o plantio, as cooperativas do Paraná fortaleceram a estratégia de suas atividades e negócios. Para crescer e expandir horizontes, com sustentabilidade, investiram em tecnologia, infraestrutura, expansão do mercado, e com isso ampliaram a base de associados e abriram novas frentes de trabalho.
O Paraná possui 225 cooperativas registradas no Sistema Ocepar. Elas atuam em sete segmentos econômicos, que na classificação do cooperativismo são chamados de ramos. São eles: agropecuário, crédito, saúde, transporte, consumo, infraestrutura, trabalho e produção de bens e serviços. Relevantes para a economia do estado, as cooperativas movimentam o comércio local, democratizam o acesso ao crédito, facilitam o acesso a serviços de saúde, geram emprego e renda, entre outros aspectos que norteiam a atuação dos empreendimentos constituídos sob o modelo de negócio cooperativo.
Planejando cada passo de suas atividades, com o cuidado de antever tendências e incluir em seus planos demandas de mercado já estabelecidas, como Compliance e ESG (sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa), as cooperativas do estado encerraram 2023 com avanço de 8,5% no faturamento conjunto, totalizando R$ 202 bilhões. Em relação ao quadro social, o índice de crescimento foi 13,8%, com o cooperativismo atingindo a marca de cerca de 3,6 milhões de cooperados, quase 400 mil a mais em relação ao ano anterior.
O ramo agropecuário possui 62 cooperativas de produção no estado. Juntas, elas somam 215 mil cooperados e empregam cerca de 117 mil pessoas. Hoje as cooperativas do ramo são uma força importante no agronegócio nacional. Pelos armazéns das cooperativas, passam o equivalente 64% da produção de grãos e 45% da proteína animal do Paraná.
Não à toa, atualmente aproximadamente, 48% de toda produção recebida pelas cooperativas já passam por algum tipo de agroindustrialização. O portfólio de produtos com marcas de cooperativos, cada vez mais amplo e diversificado, tem como foco o mercado nacional e internacional, sendo que em 2023 as exportações tiveram um aumento de 25% em relação ao ano anterior, totalizando US$ 9,4 bilhões
O ramo crédito foi o destaque do ano em adesão de novos cooperados. Foram 374 mil ingressos nas 54 cooperativas do ramo, uma prova de que a sociedade vem percebendo os diferenciais e os benefícios de aderir a um modelo de negócio em que o cliente é também dono do empreendimento. Importante destacar também a capilaridade do ramo crédito, pois em cerca de 100 municípios do Paraná, as cooperativas são as únicas instituições financeiras presentes. Já as 36 cooperativas de saúde, retornaram a trajetória de crescimento pós-pandemia, e voltaram ao patamar de 16.899 cooperados, entre médicos, odontólogos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais da área.
No ramo transporte, as 32 cooperativas reúnem 4.371 transportadores autônomos. A opção de geração de energia alternativa trouxe novas perspectivas para as 19 cooperativas de infraestrutura, representando a diversificação de atividades além do modelo tradicional. As 15 cooperativas do ramo trabalho especializado e sete no ramo do consumo de produtos e serviços também apresentaram evolução em 2023.
Em mais de 130 municípios do Paraná, as cooperativas são as maiores empresas, respondendo pelo maior número de empregos e impostos recolhidos. De acordo com os dados de acompanhamento do Sistema Ocepar, este ano foram abertos mais de 13 mil novos postos de trabalho, o que significa que as cooperativas estão fechando o período com cerca de 150 mil funcionários, número 10% maior em relação ao ano passado.
As estratégias das cooperativas, principalmente do ramo agropecuário, em investir na modernização e ampliação das estruturas de produção, foi o principal fator para o aumento na demanda por mão de obra não apenas no chão de fábrica, mas em toda a cadeia. Os aportes de recursos seguem a cronologia do planejamento estratégico do cooperativismo paranaense, o PRC200, e somaram esse ano R$ 6,5 bilhões.
São dezenas de novas plantas industriais e de melhoramento ou ampliação das existentes, contemplando várias atividades em que as cooperativas atuam, principalmente, grãos e proteína animal, uma vez que o objetivo é prospectar novos mercados e consolidar a presença nos já conquistados.
A nova esmagadora de soja da C.Vale é um dos investimentos de destaque desse ano. Inaugurada no dia 7 novembro, data de aniversário da cooperativa, a planta tem capacidade de processamento de 3,5 mil toneladas/dia, e recebeu um aporte de mais de R$ 1 bilhão entre 2021 e 2023.
Outra iniciativa é a Maltaria Campos Gerais, projeto de intercooperação entre seis cooperativas do estado: Agrária, Bom Jesus, Capal, Castrolanda, Coopagrícola e Frísia. Com um investimento de R$ 1,6 bilhão, a planta deve produzir, numa primeira etapa, 240 mil toneladas de malte por ano, cerca de 15% do volume do consumo atual do país.
Também nos Campos Gerais, a Indústria de Queijos da Frísia, em Ponta Grossa, recebeu R$ 600 milhões em investimentos. Essa planta é resultado do projeto de intercooperação da marca institucional Unium, das cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal. Assim como a Maltaria, a nova indústria vai gerar novos empregos e aumentar ainda mais a representatividade dos Campos Gerais no agronegócio do estado.
José Roberto Ricken, presidente do Sistema Ocepar, afirma que “se tivermos que resumir o que foi o ano de 2023, diríamos que foi desafiador, sem dúvida”. “Mas conseguimos avançar e isto se explica no fato de que as cooperativas baseiam suas ações em planejamento e buscam se manter sustentáveis, essenciais e relevantes para os seus cooperados”, diz.
O dirigente enfatiza ainda que o balanço do cooperativismo paranaense vai além de números. “São as histórias de transformação que mais importam. Não existe desenvolvimento social sem o econômico. E este é o objetivo do cooperativismo, ou seja, organizar economicamente as pessoas para que elas possam melhorar sua renda e assim conquistar, por conta própria, mais qualidade de vida”, frisa.
Outro diferencial da atuação das cooperativas é que os resultados financeiros das atividades econômicas permanecem nas regiões de origem. Além de não haver transferência de recursos, possibilitando uma melhor remuneração dos cooperados, inclusive, com distribuição de sobras, há uma dinamização da economia local, com os setores de comércio e serviços sendo impactados positivamente.
Ricken expressa otimismo para 2024, enfatizando a importância de seguir as estratégias estabelecidas e manter o foco no planejamento e no fortalecimento da representação técnica, econômica e institucional. Entre os desafios que o setor deve enfrentar, ele cita regulamentação da reforma tributária, recursos para crédito, seguro rural e investimentos, além de questões logísticas para o estado e a expectativa de redução dos juros.
O cooperativismo do Paraná em números
Faturamento: R$ 202 bilhões
Cooperados: 3,6 milhões
Empregos: 150 mil
Investimentos: R$ 6,5 bilhões
Exportações: US$ 9,4 milhões
Fonte: Ocepar