O cooperativismo teve papel de destaque na COP28, que aconteceu em Dubai de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023. A Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima foi palco de três painéis que consolidaram o modelo como uma solução sustentável para as questões climáticas. Foram eles: “Proteção e Participação Social: construindo resiliência às mudanças climáticas”; “Cooperativas: aliadas da sustentabilidade ambiental e segurança alimentar”; e “As contribuições da Economia Social e Solidária para os ODS: o papel da política comercial”, este último organizado pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
Entre os temas discutidos, estiveram a importância das cooperativas para o crescimento inclusivo das comunidades, o papel da participação social em iniciativas que compensem os impactos das mudanças climáticas e ações voltadas para a baixa emissão de carbono. A presença extensa do cooperativismo na COP demonstra o reconhecimento do modelo para a preservação ambiental.
Roberta Caldas, presidente da Cooperativa de Crédito dos Empresários e Empregados dos Transportes e Correios do Sul do Brasil (Transpocred), destaca o compromisso do cooperativismo com a comunidade e a conscientização ambiental: “Nós trabalhamos em programas de conscientização a importância de cuidarmos do planeta e de fazermos pequenas ações nas comunidades, contribuindo para um mundo melhor”, explica a executiva.
Para isso, as cooperativas de crédito, como a Transpocred, investem em serviços que garantem um maior desenvolvimento sustentável para seus cooperados. Há linhas que beneficiam o crédito de carbono, taxas subsidiadas para o financiamento de veículos elétricos, dentre outras opções.
O modelo cooperativista em si tem muito com o que colaborar para uma economia verde: “Hoje, no Brasil, o cooperativismo está presente em 300 regiões onde o banco não está. Então, viver essas dores junto com o nosso cooperado nos possibilita levar a consciência e realizar ações no dia a dia, na nossa casa, na comunidade, que beneficiam o mundo como um todo”. Além dos custos menores, o investimento dos cooperados que dão resultados voltam a eles proporcionalmente à movimentação. Isso auxilia na criação de empregos e renda local.
A presença do cooperativismo na COP28 é positiva também por disseminar esse tipo de sistema, fazendo com que as pessoas conheçam seus modelos de negócio voltados ao equilíbrio econômico e social, itens abordados na conferência e que precisam ser alcançados.
“As cooperativas precisam se envolver mais nas agendas de discussão e de consciência em âmbito mundial. Já geramos algumas repercussões, como o Papa abordando o cooperativismo e nossos modelos de negócio em um de seus discursos. No entanto, o cooperativismo precisa estar cada vez mais presente, participando e fazendo com que consigamos demonstrar na íntegra o nosso impacto verdadeiro e rotineiro onde estamos inseridos”.
A COP28 se encerrou com um acordo inédito, estabelecendo o compromisso de reduzir gradualmente o uso de combustíveis fósseis ao redor do mundo. O texto final do evento ainda pôs a necessidade de triplicar até 2030 a capacidade de energia renovável e dobrar a taxa média anual de melhorias na eficiência energética. O objetivo da 28ª edição da conferência foi manter o acordo de limitar o aumento de temperatura do planeta em até 1,5 ºC conforme proposto no Acordo de Paris de 2015.
*Roberta Caldas é presidente da Cooperativa de Crédito dos Empresários e Empregados dos Transportes e Correios do Sul do Brasil