Evaldo Matos é Coordenador Nacional do Ramo Transporte do Sistema OCB e Presidente da CNTCoop

Com mais de duas décadas de existência, o Ramo Transporte tem se firmado como um dos mais essenciais da sociedade. Abrigando não apenas profissionais do transporte de cargas, mas também dos serviços de entrega, transporte individual e outros, o setor hoje soma 982 cooperativas e mais de 99 mil cooperados, segundo o AnuárioCoop – Dados do Cooperativismo Brasileiro, lançado pelo Sistema OCB neste ano. Apenas em 2021, foram mais de 5,8 mil empregos gerados, número que impulsionou o crescimento e desenvolvimento em diversas áreas do país. 

Assim como em outros ramos, diversas tecnologias e novidades transforam a forma como lidamos com o setor de transporte. Hoje, novos players brigam por um mercado mais humanizado, que leve trabalho digno e impacto positivo para todos. 

Para compreendermos melhor sobre como o Ramo Transporte funciona e o seu trabalho atualmente, a MundoCoop conversou com exclusividade com o Coordenador Nacional do Ramo Transporte do Sistema OCB e Presidente da CNTCoop, Evaldo Matos. Na conversa que você confere a seguir, Matos destaca alguns pontos sobre o trabalho do setor e faz um panorama sobre o presente e o futuro do setor. 

Confira! 

PENETRAÇÃO NO MERCADO BRASILEIRO 

“Criado em 2002, o ramo Transporte soma quase 1 mil cooperativas registradas no Sistema OCB, todas em franco crescimento. Reúne cooperativas destinadas a organizar a prestação de serviços para cargas e passageiros. Seja caminhões, carros pequenos, táxi, moto, van, ônibus, transfer turístico, bugues para passeios, dentre outros.    

A malha rodoviária do Brasil é a 4ª mais extensa do mundo, responsável por 70% do transporte de cargas produzidas no país. Só na produção de grãos, são mais de 270 milhões de toneladas ano. O Brasil é o terceiro maior produtor de leite do mundo, com mais de 34 bilhões de litros/ano. O e-commerce movimenta hoje quase 200 bilhões de reais ao ano. A indústria e o Agronegócio brasileiro crescem a todo vapor. O Brasil é o grande celeiro do mundo”. 

NÚMEROS EM ALTA 

“Os números das cooperativas de transporte não param de crescer. Algumas das causas do crescimento têm sido os incentivos governamentais, por meio de políticas públicas, que se iniciaram de maneira mais expressiva em 2019. O advento da pandemia, crescimento expressivo do agronegócio, aumento das tecnologias, são fatores que também contribuíram com o aumento da demanda no transporte e crescimento do número de cooperativas. 

Quando se trata de transporte de passageiros, estima-se que são mais de 2 bilhões de passageiros transportados no sistema de ônibus por ano, além dos outros modais de transporte de passageiros existentes. A frota de veículos no Brasil ultrapassa 100 milhões de veículos. Existem 74,7 milhões de condutores habilitados, segundo dados do anuário 2020 da CNT.  

Com a expansão da tecnologia e o crescimento da produção, os desafios e oportunidades para o transporte se tornam cada dia maiores. Mas uma coisa é certa, transportar é preciso.   

TRANSFORMAÇÃO E OPORTUNIDADE 

“Podemos extrapolar para um número muito maior desses transportadores quando observado aqueles que atuam nos moldes da informalidade, tais como: Delivery e entregas de encomendas. Destacando uma das grandes novidades e tendências no setor de transporte que foi a revolução do transporte individual de pessoas, com o surgimento dos aplicativos no mercado que rapidamente ganharam espaço.   

Diante de tudo isso as cooperativas de transporte aliadas ao Sistema OCB, se deparam com uma extraordinária oportunidade, e devem assumir o protagonismo desse cenário caótico, onde pessoas clamam por melhores condições e renda, e sonham por serem livres dos atravessadores de mercado, em busca de uma vida mais digna”. 

TECNOLOGIA E INTERCOOPERAÇÃO 

“As plataformas digitais cooperativas, unindo a tecnologia e fortalecendo os princípios do cooperativismo podem ser instrumentos estratégicos para esse avanço. As cooperativas se norteiam por princípios fundamentais que preconizam o respeito nas relações, nas leis e no mercado. É também a oportunidade de praticar a Intercooperação”. 

ATUAÇÃO NACIONAL 

O sistema OCB tem sido forte aliado do ramo Transporte preparando para esses desafios e atuando nas esferas de representação político/Institucional. E, durante esses últimos anos, foram várias ações para potencializar o setor, tais como: reestruturação e reorganização do Conselho Consultivo Nacional do Ramo Transportes; acordo de cooperação técnica entre o Sistema OCB e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT); atuações nas discussões de Resoluções com destaque da 5.982/2022, que regulamentou os procedimentos para inscrição e manutenção no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas, e 4.777/2015, que regulamentou a prestação do serviço de transporte rodoviário coletivo interestadual e internacional de passageiros em regime de fretamento, entre outras ações. 

Tudo para melhorar continuamente os resultados das nossas cooperativas, para o fiel cumprimento da missão de entender e atender seus cooperados transportadores com sustentabilidade. 

INVESTIMENTO E DESENVOLVIMENTO 

O Transporte é uma questão mais que econômica, é também social. A sociedade brasileira reconhece a importância do transporte, e agora é momento de nos mobilizarmos para encontrarmos soluções que garantam logística de escoamento eficiente para atender as demandas de produção para as próximas décadas de forma sustentável. Um ganha-ganha.  

Potencializado pelas crises globais, o custo do combustível passou a ser ainda mais elevado para os negócios, não só no transporte, mas no agro e na indústria. E o transporte é parte fundamental da logística e representa hoje uma das maiores despesas dessa cadeia de custos.   

Precisamos investir na melhoria das estradas, diversificação da matriz energética, renovação da frota por meios de linhas de créditos específicas, estratégias de integração de tomadores de serviço, plataformas digitais cooperativas, tudo para reduzir km rodado vazio, maximizar os resultados dos transportadores e minimizar os custos de transporte para os clientes.