Com o fenômeno da longevidade, surgiu a expressão “novos velhos” que também ressignifica os idosos e os aposentados. Os chamados novos velhos são economicamente ativos e desfrutam de saúde para aproveitar os anos que ainda os aguardam. Hoje, são responsáveis por uma nova evolução de costumes e vêm mudando a forma de encarar a vida. Estão longe da ideia de aposentados que encaram a fase como o fim das atividades úteis e muitos até se preparam para encerrar o ciclo do trabalho formal, mas nem pensam ainda em descansar.
Mantêm-se participativos e desempenham papéis protagonistas na família e na sociedade. São também consumidores desejados nos mais diversos setores de produtos e serviços, movimentando a economia por onde passam. Muitos também têm o desejo e a possibilidade de aproveitar o momento para realizar sonhos que ficaram esperando no decorrer dos anos em que o trabalho, a produção e a criação dos filhos estavam no topo da lista de preocupações.
De acordo com o médico geriatra José Elias Soares Pinheiro, membro do Conselho Consultivo Pleno da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, a nova denominação relaciona-se ao aumento da expectativa de vida, que aconteceu mundialmente no último século, graças a conquistas sociais e avanços na prevenção e controle de doenças. “Há 50 anos, um indivíduo de 60 anos era considerado ‘velho’ e já estava em casa aposentado, de pijama. Hoje em dia, no entanto, ao chegar aos 60 anos, o indivíduo geralmente refuta essa identidade. São os novos velhos: avós que não aceitam só cuidar dos netos em casa, enquanto os filhos exercem suas profissões, porque têm compromissos próprios, desde trabalhar a ir à academia ou fazer uma viagem. Assim, a imagem do idoso mudou radicalmente, o que se reflete na forma como é divulgada e entendida”.
Quanto mais cedo melhor
Outra ideia que precisa ser renovada é que a preocupação com a aposentadoria deve ser apenas dos mais velhos. Nada disso. Os jovens precisam se preocupar com o futuro e devem poupar recursos para os anos que estão por vir. Quanto mais cedo melhor. Acostumado a lidar com o público dessa faixa etária, Felipe Chanes, controller da Pravaler, maior plataforma de soluções para o ecossistema de educação do País, reuniu oito valiosas lições para a educação financeira de jovens.
FAÇA UMA AUTOAVALIAÇÃO
Saber qual é a situação financeira atual antes de partir para a estratégia é fundamental. Entenda todo seu contexto de vida, o que inclui o valor do seu salário e quanto desse dinheiro é destinado para despesas fixas, quanto você gasta com compras não essenciais etc. A partir disso, você passará a ter como determinar seu perfil de consumo e, assim, conseguir se controlar financeiramente”.
SAIBA FAZER O SEU PLANEJAMENTO
Defina objetivos de curto, médio e longo prazo. Assim é possível estabelecer um foco e começar a caminhar em relação ao sucesso, ainda que no começo do processo os resultados não sejam tão relevantes. Por exemplo, pense que no curto prazo você pode formar uma reserva de emergência, no médio prazo, pagar uma viagem e, no longo prazo, comprar uma casa própria, realizar sonhos.
SEJA REALISTA
O que você quer para o próximo mês? E para o próximo ano? Passe a estabelecer metas racionais e se esforce para progredir. Além disso, tenha em mente que para um futuro próximo, os objetivos devem ser menos ousados, pois você ainda estará no processo de adaptação e formação da sua disciplina em relação a seus gastos.
COMECE A INVESTIR
Comece criando a sua reserva de emergência, observando qual o tipo de investimento que atende melhor suas expectativas. Cabe lembrar que hoje, a poupança não é a melhor opção para fazer seu dinheiro render, existem outras opções seguras de investimento que podem trazer retornos maiores. Leve em consideração o tempo que você pretende deixar seu dinheiro investido e fique atento às taxas e encargos que podem impactar a sua rentabilidade. Investir é uma solução que permite com que o dinheiro depositado a cada mês renda mais e, assim, você tenha mais recursos no futuro.
NÃO SUBESTIME PEQUENOS GASTOS
Dê importância para pequenos gastos diários que podem somar uma quantia relevante no final do mês, como aplicativos de transporte, entrega de refeições e streamings. Avalie quais são suas prioridades e tenha em mente que pequenos sacrifícios hoje podem contribuir muito para a realização de algum sonho que você tenha ou até trazer conforto em um momento de necessidade.
EXPLORE SUAS POSSIBILIDADES
Estudantes podem contar com uma série de benefícios para dar continuidade a seus estudos sem que isso afete o lado financeiro. Pode ter acesso a vantagens como descontos na compra de livros de empresas parceiras e outras soluções criadas pelas próprias faculdades. Procure se informar a respeito disso e aproveite as oportunidades.
EVITE SE ENDIVIDAR
É imprescindível rever o estilo de vida e evitar comprometer o seu futuro em função de prestações que podem ser evitadas. Tome cuidado com compras que parecem interessantes, mas que levam muito tempo para serem pagas, uma vez que no preço delas podem estar inseridos juros altos.
SEJA DISCIPLINADO
Coloque as dicas em prática e seja disciplinado. Isso te auxiliará na construção de uma trajetória próspera financeiramente, além de contribuir para a realização dos seus sonhos. A condição de estudante permite a você algumas vantagens que outras pessoas não têm, como o tempo maior para que os projetos deem resultado. Por isso, comece o quanto antes.
Educação para evitar o imediatismo
Levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mostra que 75% dos jovens até 25 anos de idade não se preocupa com o futuro ou com a aposentadora. Ao mesmo tempo, segundo o Serasa, dos 62 milhões de brasileiros inadimplentes contabilizados em 2021, 12% são jovens de até 25 anos.
O economista Flávio Vasques Júnior é um dos profissionais preocupados com essa realidade, que demonstra de forma irrefutável a necessária educação financeira dos brasileiros mais jovens. Ele destaca que o fato de a juventude não pensar na aposentadoria está muito associado à questão familiar e cultural, assim como a ausência do debate, seja na sala de aula ou no ambiente familiar, sobre as formas adequadas e responsáveis de lidar com o dinheiro. “Entre as características dos jovens da Geração Z (nascida depois de 1995) está o imediatismo, comportamento que joga contra as boas práticas financeiras e de investimento no futuro. Esse tipo de pensamento resulta na falta de planejamento econômico e pode ser um problema que o país enfrentará nas próximas décadas”. Ele explica ainda que investir desde cedo permite ao jovem maximizar o efeito dos juros compostos no longo prazo. “Com isso, os aportes mensais podem ser menores e o capital acumulado para custear a aposentadoria pode ser maior”.
Quanto custa preparar o futuro?
Quando você pensa no seu futuro, qual a imagem que lhe vem à mente? Se a resposta inclui momentos de tranquilidade, descanso, lazer com sua família e qualidade de vida, é preciso acordar do sonho para tornar realidade os anseios que envolvem a merecida aposentadoria, aproveitando os novos anos conquistados com a longevidade. Assim, planejar o dia de amanhã exige a importante decisão de guardar recursos a longo prazo, investindo de forma rentável e segura, independente das instabilidades econômicas no movimentado mercado financeiro.
Para que você possa alcançar seus projetos, alguns indispensáveis fatores devem fazer parte do seu plano de ação rumo ao dia de amanhã. De acordo com a gerente de Previdência da Quanta Previdência, Janaina Mocelin, mais do que saber o valor mínimo para começar a contribuir no plano de previdência, é essencial definir qual renda acredita ser necessária para complementar o valor projetado a ser recebido do INSS na época da aposentadoria. “Outras perguntas também indispensáveis envolvem quando você pode começar a poupar e quanto é possível reservar de seu orçamento mensal para esse fim. A partir daí, tem-se os elementos centrais para traçar um plano ideal, mostrando qual a contribuição mensal e quanto vai precisar de cobertura de risco, para estar definitivamente protegido no presente e em busca do futuro”.
Desses dados também depende a quantidade de esforço que será necessária no caminho da aposentadoria com qualidade e com a manutenção do padrão de vida na idade ativa. Assim, quanto mais tempo eu tenho recursos aplicados, mais o dinheiro trabalhará para mim. Sem esquecer que o contrário também é verdadeiro, ou seja, quanto menos tempo, menos juros, menos rentabilidade e mais esforço. O mais importante de tudo, porém, é a decisão de começar. “Quando não é possível iniciar investindo o valor que gostaria, você deve iniciar com o que pode. É preciso, antes de tudo, dar o passo inicial, que já vai rentabilizando os recursos e rendendo juros para ajudar a alcançar o objetivo mais adiante”, orienta a gerente de Previdência da Quanta.
Conteúdo exclusivo publicado na Revista MundoCoop edição 104