A presença feminina em cargos de liderança aumentou bastante nos últimos anos no Brasil foi o que apontou o estudo Panorama Mulheres 2023, realizado pelo Talenses Grupos e o Insper. Conforme o levantamento, o número de mulheres que ocupam o cargo de CEO nas empresas passou de 13% para 17% entre 2019 e 2022. Contudo, tendo em vista que as mulheres representam 51,5% da população brasileira, ainda é possível notar quão pequena ainda é a participação feminina nas empresas.
Para mudar esse cenário, trazendo mais igualdade de gênero às corporações, a mentora, consultora em desenvolvimento e liderança feminina, fundadora do Instituto Bert e autora do livro “Mulheres que lideram jogam juntas”, Daniela Bertoldo, afirma ser necessário que as antigas e novas líderes tenham consciência de suas escolhas e de seu papel transformador.
Conforme Daniela, ao reconhecerem as próprias forças e aprenderem a usá-las ao seu favor e de outras, as líderes contribuem para construir uma cultura de sororidade que faz com que todas as mulheres cresçam juntas. “De maneira colaborativa, fica mais fácil superar obstáculos e a discriminação que ainda enfrentamos no mundo empresarial – e fora dele também”, diz.
Para incentivar a sororidade em fronteiras corporativas, gerando as transformações necessárias que mitiguem as desigualdades de gênero, algumas medidas podem ser facilmente tomadas pelas lideranças, segundo a consultora. Praticar a empatia diariamente, por exemplo, é essencial, afirma Daniela, ressaltando que, quanto mais diverso for o ambiente de trabalho, mais importante é demonstrar empatia, com o objetivo de contribuir para gerar um clima acolhedor.
Do mesmo modo, é essencial compartilhar vulnerabilidades. De acordo a mentora, quando líderes mulheres demonstram suas fragilidades, humanizam a si próprias, mostrando que mesmo pessoas de sucesso enfrentam dificuldades e desafios, o que costuma ser motivador e encorajador para outras mulheres. “Além disso, ajudam a quebrar a cultura do silêncio em torno de problemas como discriminação de gênero, assédio e desequilíbrio entre trabalho e vida pessoal”, afirma.
Estar aberta à escuta e ao diálogo é outra medida simples que uma líder pode tomar e que costuma gerar excelentes resultados para incentivar uma cultura de sororidade na empresa. A mentora comenta que, ao oferecer apoio a outras mulheres, a líder mobiliza a ajuda das outras mulheres quando precisar. “Se uma mulher tem força sozinha, em grupos de três ou quatro, terá ainda mais, fazendo crescer o protagonismo feminino na companhia”, ressalta.
Dar voz aos problemas causados por um ambiente machista é imprescindível para que a cultura da sororidade floresça. “Infelizmente, muitas de nós já foram vítimas de alguma prática preconceituosa por parte de colegas de trabalho, como, por exemplo, assédio moral e sexual, silenciamento, interrupção de falas em reuniões. Para mudar essa realidade, é preciso que não fiquemos caladas”, diz Daniela, apontando queixas no RH, documentação das violências sofridas e a criação de canais de denúncias como boas maneiras de evitar a incidência de tais problemas.
Líderes conscientes devem investir também em mais líderes conscientes, que atuem para promover a diversidade real, caracterizada por uma cultura de inclusão. De acordo com a consultora, uma liderança consciente e inclusiva favorece a criação de um ambiente de trabalho mais harmonioso e produtivo, no qual todos se sentem valorizados e ouvidos. “Contudo, somente com a participação do alto escalão nas políticas de equidade é que as mudanças de fato ocorrerão. Ao servirem de modelo, essas altas lideranças ajudam a internalizar as práticas, propagando a importância da diversidade e da inclusão na organização”, declara.
Contratar mulheres, de preferência para desempenharem funções de chefia, é mais uma medida essencial. “A presença feminina em posições de liderança faz com que as mulheres se sintam representadas e vejam que é possível atingir posições de alto-comando”, afirma Daniela. Para tanto, segundo ela, é fundamental, revisar os processos de RH, relacionados à atração e retenção de colaboradores, alguns com vieses machistas, adaptando-os para o contexto atual, que garanta um número equilibrado de profissionais qualificados, de ambos os gêneros, em todos os níveis hierárquicos.
Participar e incentivar a participação de mulheres em grupos femininos também pode ser uma medida de empoderamento feminino nas empresas. Isto porque, explica Daniela, os chamados grupos de afinidade no trabalho ou na comunidade funcionam como um lugar seguro para compartilhamento de experiência e obtenção de apoio. “Além disso, tais grupos podem oferecer oportunidades de networking e aprendizado”, diz.
Se o objetivo é unir esforços para tornar a vida das profissionais menos árdua e mais justa no ambiente de trabalho, nada melhor do que promover alianças, que podem se manifestar através de apoio em reuniões, discussões e ações ou por meio de uma escuta ativa e um ombro abrigo em momentos difíceis. “Tais ações contribuem para o fortalecimento do grupo e também para inspiração, aprendizado e crescimento de todos os seus integrantes”, garante a consultora.
As líderes não podem se esquecer também de reconhecer as conquistas do time, pois, segundo Daniela, apoiar e comemorar as realizações de outras mulheres ajuda a cultivar um ambiente de trabalho mais inclusivo e colaborativo. “Esse reconhecimento pode incluir elogiar publicamente as conquistas das colegas, promover o trabalho delas ou oferecer ajuda e conselhos quando necessário”, cita.
Por fim, as líderes devem incentivar práticas de orientação e coaching às colaboradoras, servindo, elas mesmas, sempre que puderem, de mestres e fontes inspiração para suas colegas profissionais. “Ao compartilhar desafios que elas próprias enfrentaram, as líderes servem de guias para as próximas gerações e ajudam executivas mentorandas a se sentirem mais confiantes e seguras para impulsionar suas carreiras e seus objetivos pessoais”, finaliza.
Fonte: Assessoria Jimenes Comunicação