Segundo o relatório de 2023 do World Economic Fórum sobre o futuro do trabalho, os recursos humanos das empresas e das cooperativas pretendem destinar os seus maiores investimentos para a educação e a aprendizagem “on the job” (durante o trabalho) nos próximos cinco anos.
De acordo com o “Future of Jobs Report”, divulgado em maio de 2023 pelo World Economic Fórum, as competências para serem desenvolvidas pelas organizações e indivíduos nos próximos cinco anos incluem o pensamento analítico, criativo, resiliência, flexibilidade, agilidade, motivação, autoconsciência; curiosidade e lifelong learning.
Isso quer dizer que os investimentos nas áreas de treinamentos corporativos estão crescendo gradativamente. Assim como o interesse de novas cooperativas e empresas em implantar uma cultura de aprendizagem com os seus colaboradores.
A especialista Constanza Hummel, CEO e fundadora da Building 8 explica que é preciso saber aproveitar esse novo momento. “Ser ‘insanamente estratégico’, um conceito que gosto de aplicar quando falo a respeito do cenário de treinamento e desenvolvimento, tem a ver com liderar a transformação na organização e não somente responder às demandas estratégicas da companhia”, explica.
Atenção ao ambiente externo
A executiva listou cinco tópicos imprescindíveis que devem ser seguidos, caso a cooperativa queira investir em uma estratégia sólida de treinamento corporativo:
Um deles é a leitura de cenário interno e externo, que a especialista aponta que estar atento ao ambiente externo permite antecipar desafios e oportunidades, que podem influenciar as necessidades de capacitação da equipe.
Hummel conta que ao compreendermos os elementos internos, como resultados atuais, ambição, visão e imperativos estratégicos, é possível identificar pontos fortes e áreas de melhoria. Isso permite um alto alinhamento com o aprimoramento ou aquisição das competências críticas, garantindo que o plano possa suprir lacunas de habilidades e promova o desenvolvimento dos talentos internos. “Apesar de ser meio óbvio que ter essa leitura é relevante para o treinamento corporativo, também se faz necessário compreender o cenário externo. Pois envolve o monitoramento dos fatores externos que impactam as organizações, como o mercado e suas tendências, avanços tecnológicos, riscos e oportunidades, jornada do cliente, concorrência e políticas governamentais”, explica.
Outro pronto importante é ter clareza e fazer um diagnóstico, pois a partir dele é possível gerar insights pós leitura de cenários. “É importante realizar o mapeamento de competências gerais. Considerar o upskilling, processo de aprimoramento de habilidades e conhecimentos dos colaboradores em suas áreas de atuação atuais e reskilling que proporciona aos colaboradores aprimoramento de novas habilidades e competências diferentes de suas funções atuais, evitando sobreposição de soluções”, complementa.
As cooperativas não podem se esquecer de definir o impacto e a identificação de gaps e alavancas. Nesse cenário, elas se definem como o que a cooperativa já tem ou faz bem para auxiliar no impulso para atingir esse impacto definido. É essencial analisar as competências em destaque no mercado, que auxiliaram nessa trajetória. “Seguindo ordem cronológica, nesse momento, ao invés de se atentas aos objetivos de aprendizagem, se mostra mais estratégico definir o impacto que queremos gerar em toda cadeia de valor. A partir disso é possível entender a transformação necessária para atingir os objetivos estratégicos da organização, além de auxiliar na amplitude e força para a conquista de recursos”, elucida a especialista.
Tão importante quanto os tópicos acima, está a confecção de um plano de ação, KPIs e engajamento de sponsors.
Segundo a executiva, um plano de ação bem estruturado que delineia objetivos, atividades, recursos, pessoas e cronograma para implementar iniciativas de treinamento e desenvolvimento.
Já os KPIs são métricas quantificáveis que medem o desempenho e o progresso das iniciativas de treinamento e desenvolvimento e o impacto definido. “Um plano de ação, KPIs (indicadores-chave de desempenho) e o engajamento de sponsors desempenham papéis-chave na eficácia e sucesso das iniciativas de capacitação dentro de uma organização. Eles fornecem dados objetivos que podem ser usados para comunicar o impacto dos programas de treinamento e somam ao planejamento no objetivo de tornar o treinamento mais assertivo. A combinação desses três elementos cria uma sinergia poderosa que impulsiona o sucesso das atividades”, explica.
Por fim, os sponsors, ou patrocinadores, são líderes, tomadores de decisão na organização ou pessoas que podem influenciar positivamente a jornada de aprendizagem definida. O envolvimento desses personagens é fundamental para demonstrar a importância estratégica do treinamento, alocar recursos adequados e criar uma cultura de aprendizado contínuo na empresa.
Por último, Constanza ressalta a importância de as cooperativas desenvolverem uma comunicação estratégica e o engajamento de stakeholders. Eles são todas as partes interessadas envolvidas direta ou indiretamente com a organização, incluindo funcionários, clientes, fornecedores, investidores, entre outros.
“Engajar esses stakeholders no processo de treinamento e desenvolvimento é fundamental, pois garante o apoio financeiro e logístico para a implementação dos programas de capacitação, legitima os programas de treinamento, mostrando que as iniciativas são valorizadas por diferentes segmentos da organização. Além de ser essencial para a sustentabilidade dos programas de treinamento, pois promove a cultura de aprendizado a longo prazo. É importante pensar em ações de engajamento por stakeholder, pois as ações variam muito de um cargo para outro. Isso ajuda a garantir que todos entendam a importância do desenvolvimento pessoal e profissional e como ele contribui para os resultados da cooperativa”, explica a CEO.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop