Não é novidade saber que pensarmos positivo nos torna mais saudáveis, e consequentemente mais produtivos no trabalho. Vários estudos já comprovaram isso, inclusive um desenvolvido pelo Centro Médico da Universidade de Duke, nos Estados Unidos.
O estudo monitorou 2618 pessoas que passariam por um exame de angiografia e responderam a uma pesquisa sobre o que esperavam do futuro. Passados 15 anos, o estudo constatou que, os voluntários com as melhores expectativas possuíam 24% de chances de morrer de complicações cardíacas.
Outro estudo realizado em Boston apenas com homens durante 12 anos analisou a capacidade dos voluntários controlarem as suas emoções e pensamentos negativos. De acordo com os resultados, apenas 6% sofreram um ataque cardíaco ou por doença cardiovascular, contra os 14% incapazes de controlarem as suas emoções.
Sem dúvida alguma, o nosso humor pode alterar a maneira com que vemos o mundo e até mesmo modificar as funções do córtex visual, segundo uma pesquisa da Universidade de Toronto.
O chefe da pesquisa Taylor Schmitz explicou que o bom humor e a positividade podem aumentar o tamanho da janela pela qual enxergamos o mundo, nos ajudando a ver as coisas de uma maneira mais global e integrativa. Não só isso, pensar positivo pode ser a mola ativadora para alcançarmos os nossos objetivos.
Pensamento positivo com responsabilidade
Eduardo Rodrigues, especialista em comportamento e desenvolvimento pessoal, autor de Chega de Andar em Círculos,explica que é fundamental que os colaboradores entrem o ano com pensamentos positivos, mas de maneira responsável. Ele exemplifica que ser um otimista patológico, sem analisar o que precisa ajustar é tolice. “Um outro lado do pêndulo não saudável, é quando as pessoas tendem a focar apenas no que deu errado, destruindo a motivação. Em meu novo livro Chega de andar em círculos, proponho o desenvolvimento de uma habilidade chamada revisão continua. Ela é composta de duas perguntas: O que estou fazendo bem? O que devo melhorar? Observe que aqui o indivíduo começa celebrando e tendo clareza de suas forças para assim atacar as fraquezas. Se em algum momento perceber que não tem um recurso, perceberá que tem o telefone de alguém que tem. Considero essa prática um pensar positivo de maneira responsável, pois não ignora os desafios, mas começa atacá-los com as ferramentas que tem em mãos,” ensina Rodrigues.
Outra pessoa que fala com muito conhecimento sobre o assunto é a Marcela Bezerra Dias, psicóloga, especialista em Psicopedagogia, Psicologia Positiva e Coaching, autora do livro “Receita emocional”. Ela ensina como lidar com ocasiões de extrema carga de estresse. Também possui MBA em Gestão de Comportamento Organizacional e é mestranda no Programa de Ciências da Saúde. Bezerra conta que,“Feliz ano novo!” já é uma saudação muito positiva onde se deseja que a pessoa percorra um novo ano de forma plena. “Os recomeços devem ser acolhidos como novas possibilidades de quem está mais experiente com as vivências, inclusive as negativas. Mas é importante que ele seja pautado no autoconhecimento para que as mesmas dificuldades não apareçam, repetições de comportamentos desadaptativos”, lembra Marcela.
Antes de trabalhar os pensamentos positivos no trabalho para 2023 é preciso pensar quais são as dificuldades encontradas no universo profissional e os pensamentos que surgem com essas experiências.
Marcela explica que o trabalho deve ser considerado como algo positivo, uma parceria onde o seu trabalho é remunerado garantindo o seu autossustento. “Sermos éticos e gratos é uma base que nos fará ser bem-sucedidos independentemente do aparente resultado, pois te ajudará a entrar e sair de qualquer ambiente, se relacionar além da sensação de dever cumprido e a manutenção de sua saúde emocional. As possíveis adversidades devem ser tratadas dentro da normalidade funcional de um trabalho”, lembra Dias.
10 passos para mandar os pensamentos negativos embora
Para entrar o ano de 2023 com os pensamentos positivos, a especialista Marcela Bezerra Dias, psicóloga especialista em Psicopedagogia, Psicologia Positiva e Coaching, autora do livro “Receita emocional”, que ensina como lidar com ocasiões de extrema carga de estresse. Também possui MBA em Gestão de Comportamento Organizacional e é mestranda no Programa de Ciências da Saúde, ensina 10 passos simples:
- Pensamento de insuficiência: a sensação de não ser suficientemente bom de não que não dará conta das atribuições referente a sua função. Dica: Busque um feedback de alguém de sua chefia ou alguém que você pode confiar, procure verificar como eles avaliam os seus serviços tanto na parte boa quanto as que necessitam de melhorias. Assim, os seus pensamentos poderão ter informações mais concretas que poderão aliviar esse sentimento. No caso de constatar as reais dificuldades verifique junto a eles se elas se esses apontamentos são impeditivos na realização da tarefa ou são toleráveis dentro do que se espera. e em caso de não ser permitido busque a ajuda de quem tem maior expertise com essa dificuldade.
- Pensamento de auto suficiência: as vezes achar-se ou comportar-se como uma pessoa autossuficiente que não depende de ninguém no compartilhar da resolução das demandas pode ser um mecanismo de defesa para tentar esconder o sentimento de insuficiência a insegurança ou medo de apresentar as formas não tão acertadas de resolver as coisas neste caso a abertura para um feedback de mudanças pode ficar comprometido ou ainda pessoas que de fato podem ter altas habilidades cognitivas e facilidade nas tarefas e os pensamentos em alguns casos podem levar a ignorar os novos formatos de trabalho que se adequam melhor ao grupo. Dica avaliar o seu perfil, pedir ajuda ou praticar ações que gerem mais conforto para todos na realização das tarefas.
- Pensamento de infelicidade: este pensamento precisa ser avaliado se é fruto realmente de um desconforto profissional causado pelo o ambiente do trabalho ou se está associado com as suas escolhas ou um estado mais melancólico pontual ou permanente da sua personalidade. Você gosta do que faz? Dica: Se a sua atividade atual não for exatamente o que gosta de fazer mais tem necessidade deste serviço utilize os recursos para aprimorar a sua qualificação e galgar novas oportunidades dentro do que você realmente deseja, mas, enquanto não conquista tente trabalhar a gratidão e reconhecer que este processo é importante e necessário para essa fase de vida que se encontra. No caso da melancolia um tratamento psicológico é indicado para avaliar o histórico pessoal e comportamental bem como os possíveis gatilhos emocionais e sugerir ações que promovam o acolhimento do seu estado.
- Pensamentos de desvalor: Por vezes, o sentimento de não sentir-se valorizado dentro do seu esforço profissional pode trazer desânimo e pensamentos negativos. Dica: A motivação interna cultivada onde sabemos quem somos e o nosso valor independente do reconhecimento externo nos dar combustível para continuarmos dando o nosso melhor nesta oportunidade e somando no repertório de experiência para em um futuro breve galgarmos novas oportunidades com melhores reconhecimentos.
- Pensamento de culpa: as vezes os resultados dos processos podem não sair como o planejado resultando em sentimento de culpa. Dica: Avalie os resultados de forma mais racional considerando as adversidades ao longo do processo da tentativa do resultado busque trabalhar essas adversidades e tente novamente e mesmo assim se os resultados não aparecerem peça a ajuda para uma avaliação mais minuciosa e pense em utilizar estratégias diferentes mais pontuais.
- Pensamento de insegurança este pensamento precisa ser verificado dentro do contexto de uma insegurança real, ou seja, existem evidências que geram resultados ruins ou instáveis ou através da imaginação que não dará conta por se tratar de demandas desafiadoras. Dica: Avalie as motivações reais e imaginárias de sua insegurança, procure verificar se é factível minimizar as demandas desconhecidas. Outra dica é procurar fazer um bom planejamento de tomadas de decisões frente às possíveis adversidades que podem dar mais segurança para enfrentar as situações.
- Pensamento de medo: avaliar se o medo em está por ser uma atividade de risco, e caso seja, quais as políticas de segurança que a empresa possui? Ou se o medo não condizer com as situações externas e sim um estado interno seu. Neste caso pode estar associado por exemplo com algum trauma vivenciado anteriormente ou ainda uma auto cobrança excessiva. Dica: Procure viver com naturalidade os desafios entendendo que ele faz parte do processo de aprendizado e a cada superação trará mais segurança.
- Pensamento impulsivo: Pode estar associado ao ímpeto de querer agir sem considerar a necessidade de avaliar o todo e o momento mais oportuno. Dica: Avalia se o ambiente influencia neste pensamento e ação, por exemplo em locais de muita competitividade ou com exigência de respostas rápidas. Em outro exemplo, pode estar associado a uma ação entusiasmada por necessidade interna de realizar, responder rápido a situação, porém, neste caso a dica é verificar se as ações estão sendo colaborativas ou inoportunas os resultados são compreensivos, positivos e pacíficos? Causam em você algum desconforto físico ou emocional? Caso sim, pode estar associado a algum transtorno de ansiedade, síndrome do pensamento acelerado nesses casos um psicólogo e psiquiatra podem ajudar.
- Pensamento questionador: A democracia é sempre bem vinda pois abre a possibilidade para novos pontos de vistas e novas formas de solucionar as situações, porém se o pensamento questionador for negativo e constante pode gerar um desconforto emocional por sempre achar que a situação requer um questionamento e se perder a naturalidade dos acertos e erros e dos pontos de vista diferentes. O excesso pode colocar em situações inconvenientes na avaliação alheia. Dica: O pensamento questionador pode te ajudar na visão de novas frentes de solução, porém, se estiver gerando conflitos avalie em quais situações, momentos e contextos vale a pena uma exposição. Utilizar em momentos importantes de forma pacífica os questionamentos podem ser melhor acolhidos ou acatados.
- Pensamento desafiador: Esses pensamentos podem gerar comportamentos insubordinação de agressividade podendo gerar conflitos pessoais e sociais. Dica: Verifique se este pensamento é pontual ou contínuo? Ou seja, faz parte de um contexto por exemplo profissional específico ou acompanham em diversos ambientes? Se é um traço de personalidade ou uma patologia como por exemplo, o transtorno opositivo desafiador? Dica: Em caso de ser pensamento pontual pode ser por incompatibilidade com alguém e neste caso reconhecer as diferenças e buscar respeitá-las. Cada um tem uma construção, umas coincidem com as nossas e outras não, isso não significa que nós o outro está certo ou errado. No caso de ser algo contínuo uma ajuda profissional será bem-vinda para trabalhar estratégias de ações que não o mantenha em situações de conflito.
Por Priscila Paula/ Redação MundoCoop
Fontes: Eduardo Rodrigues, especialista em comportamento e desenvolvimento pessoal, e Marcela Bezerra Dias, psicóloga especialista em Psicopedagogia, Psicologia Positiva e Coaching