Nos últimos anos os criptoativos ganharam mais espaço na sociedade. Antes renegados a um pequeno grupo disposto em um ativo novo e de alto risco, hoje as critptomoedas estão à distância de um toque, em aplicativos de fintechs e bancos digitais populares.
Diante do crescimento do setor, o Brasil deu um importante passo, criando uma regulamentação que irá fortalecer esse mercado, trazendo mais segurança para os clientes e novas diretrizes para os agentes financeiros.
Mas afinal, como a nova Lei irá impactar esse mercado na prática? As criptomoedas irão se tornar parte do dia a dia financeiro do brasileiro? Para responder a esta e outras questões, a MundoCoop conversou com exclusividade com Rocelo Lopes, CEO da Smartpay.
Confira na íntegra!
MundoCoop: Nos últimos anos o mercado de criptoativos se desenvolveu e ganhou mais destaque. Como está a sua configuração atualmente? Podemos afirmar que este ativo já está consolidado na economia global?
Vemos que grandes bancos estão oferecendo serviços na área de criptoativos, e se preparando para fazer a oferta de carteira ou oferecer o serviço de custódia. Outros, virando exchange e outros criando produtos em cima de criptoativos. Grandes corretoras ao redor do mundo, fundos de investimento e empresas estão colocando no balanço que tem criptoativos. Tal cenário está mostrando consolidação. Ele vai ser um ativo de reserva para o futuro. Outra coisa é o fato de as stablecoins ganhando cada vez mais nome no mercado, sendo usados em oportunidades até onde não era possível. Veremos uma velocidade de expansão muito maior dos criptoativos no mundo. E claro, a regulamentação vai ajudar.
MundoCoop: Recentemente o Brasil realizou um movimento histórico ao aprovar a regulamentação dos criptoativos. Na prática, como isso impacta as operações do setor?
A regulamentação tem um impacto muito grande, pois dá um pouco mais de tranquilidade aos investidores e ao mercado. Apesar de a regulamentação brasileira não ser a que eu considero ideal, ela ajudará o setor. Principalmente o fato de o Banco Central ser o principal órgão do governo a realizar esse processo, uma vez que ele já possui credibilidade com ferramentas recentes como o PIX. Outra coisa importante é o fato de a Lei abrir novas possibilidades para esse mercado, com as stable coins trazendo oportunidades na importação e exportação, algo que irá acelerar o desenvolvimento de diversos setores, reduzindo custos e processos.
MundoCoop: Com o crescimento dos bancos digitais e fintechs, as criptomoedas tornaram-se mais acessíveis ao público. Como o cenário brasileiro deste ativo se compara com o mercado internacional? Que oportunidades ainda podem ser exploradas, sobretudo entre os clientes pessoa física?
No Brasil temos uma expertise muito grande com o sistema financeiro, seja com os novos bancos digitais e fintechs. A nova lei irá trazer um novo player para essa dinâmica, com empresas de criptoativos que criarão um modelo de negócio novo, não com agências e contas, mas com carteiras digitais, onde dentro do aplicativo poderemos ter a moeda fiduciária ou, por que não, a moeda digital do Banco Central e outros criptoativos; acelerando e facilitando.
Neste contexto, já vimos que o serviço de carteira descentralizado com código aberto, onde o usuário é dono da chave privada, torna a competição muito maior, algo que irá posicionar o Brasil no mercado internacional, competindo em pé de igualdade com outros mercados. Acredito que as fintechs e bancos digitais do futuro vão competir com as carteiras digitais, cada vez mais comuns no mercado e interno.
MundoCoop: As criptomoedas são ativos com alta volatilidade, característica que ainda afasta alguns investidores. Trazendo um panorama para 2023 e além, quais são as grandes tendências desse mercado? Com a regulamentação, as criptomoedas irão ganhar espaço na economia brasileira?
A volatilidade sempre foi um problema, mas ao mesmo tempo é sempre o que traz investidores com apetite. Para alguém ganhar, alguém teve que perder, então ela vai espantar alguns e vai trazer outros investidores. Isso faz parte do ecossistema. Porém, essa volatilidade com certeza vai se reduzir atrair mais usuários. Contudo, é importante ressaltar que a regulamentação ainda não possibilitará que o usuário adquira criptoativos fora do Brasil, uma vez que há moedas operando em dólar e outras na moeda interna.
O usuário vai aumentar suas novas aplicações, com mais pessoas tendo uma fração individual, já que será mais fácil comprar uma criptomoeda. Tal movimento irá ainda se desenvolver com a chegada da tokenização. Diante disso tudo, não acho que a regulamentação vai ser o ponto principal do mercado, mas vai ajudar ao dar mais tranquilidade. Os pontos principais serão as boas interfaces e bons aplicativos, desenvolvidos para que o usuário possa ter um acesso mais rápido.
Por Leonardo César – Redação MundoCoop