O cooperativismo brasileiro é uma força nacional, e em diversas regiões do país responde por grande parte dos resultados econômicos. No Sul, onde grandes cooperativas estão presentes, o setor é reconhecido principalmente por suas cooperativas agropecuárias, que exportam cada vez mais a cada ano. Contudo, assim como em outras regiões, outros ramos também atuam fortemente na região, criando um dos maiores polos cooperativistas do país.
Diante dos bons resultados vistos em 2022, as cooperativas gaúchas agora olham para os próximos anos com o objetivo de maximizar os números excepcionais já vistos até então. Tal plano, está presente no RSCOOP150, que lista ações e estratégias para que a região atinja os R$150 bilhões em faturamento nos próximos cinco anos.
Para entendermos melhor sobre como a região sul se tornou um berço cooperativista e como elas pretendem alcançar essa meta ambiciosa, a MundoCoop conversou com o Darci Hartmann, Presidente do Sistema Ocergs.
Confira na íntegra!
MundoCoop: Nos últimos anos a região sul do país tornou-se um grande polo cooperativista. Que panorama você faz sobre a atuação do setor na região, com destaque para o Rio Grande do Sul? Quais fatores contribuíram para o atual status da região?
O cooperativismo tem se desenvolvido com muita intensidade na região sul do Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul. Vejo isso como um movimento ligado às origens da região, que abriga muitos imigrantes. O cooperativismo foi fundamental para essas pessoas, que se uniram para formar cooperativas agrícolas, possibilitando que elas conquistassem espaço e terra para produzir.
Após esse primeiro momento, o movimento se expandiu gradativamente, para novas áreas como o crédito, a infraestrutura e outros, sempre voltadas às necessidades do produtor. Nos anos seguintes, as cooperativas levaram energia para o meio rural, além de saúde, transporte, educação e outros elementos fundamentais, que solidificaram o setor no estado.
MundoCoop: Recentemente foi lançado o plano ‘RSCOOP 150BI’, que busca impulsionar os resultados da região gaúcha. Como essa iniciativa foi desenvolvida? Que resultados e impactos o Sistema Ocergs espera identificar nos próximos anos?
O plano foi lançado dentro de um planejamento estratégico, que busca em cinco anos um crescimento em torno de 12 a 14%, sempre acima de dois dígitos, para que cheguemos à meta de R$150 bilhões em cinco anos. Acreditamos que para isso, um dos fatores essenciais são os investimentos, que ficam em torno de R$1 bilhão ao ano. Neste plano, consideramos ainda um cenário ideal onde tenhamos uma margem líquida de 5% anualmente, para que o sistema como um todo cresça de forma sustentável. Nas áreas de capacitação, treinamento, formação e inovação tecnologíca, nosso plano é investir R$300 milhões nos próximos anos.
MundoCoop: O Relatório de Resultados e Perspectivas do Sistema Ocergs traz em sua composição algumas ações prioritárias para as cooperativas da região neste ano. Como foram definidas as linhas de atuação do sistema na região? De que forma o relatório auxilia as cooperativas a caminharem juntas em busca dos resultados esperados para o próximo ano?
O Relatório reúne dados do ano passado, que ainda não estão totalmente fechados, com dois meses pela frente até a conclusão propriamente dita. Porém, acreditamos em um crescimento bom no sistema como um todo, principalmente no que diz respeito ao faturamento e no crescimento do número de associados. Tais resultados positivos se mostram mesmo em um ano onde ocorreu uma grande dificuldade na safra.
Nossos indicadores mostram crescimento com rentabilidade, principalmente na co-produção de trigo, algo que traz boas perspectivas para o início de 2023, onde devemos ter um crescimento vasto e sustentável.
Porém, algumas variáveis ditarão os rumos nos próximos meses, como o clima e os investimentos no setor produtivo, vindos do governo. Contudo, temos convicção de que o cooperativismo continuará crescendo neste ano.
MundoCoop: Olhando para o futuro próximo, quais as perspectivas e expectativas em relação ao crescimento das cooperativas gaúchas? Como o cooperativismo irá se desenvolver na região ao longo dos próximos anos?
Esperamos um crescimento bastante acelerado nos próximos anos, principalmente por ser um setor de pessoas para pessoas. Com esse formato, o cooperativismo tem sido um sistema que ganha mais adeptos a cada dia, com o crescente número de associados comprovando essa realidade. Com isso, esperamos uma profissionalização das nossas cooperativas, em todos os níveis hierárquicos. Investimentos do Sescoop tem dado grandes resultados na formação e capacitação. A visão de que o cooperado é dono do negócio se fortalece, criando uma percepção de que ele pode aumentar seus resultados e ser competitivo no mercado.
Temos boas expectativas, todas elas bem fundamentadas por dados e números que comprovam nossos resultados. Evidentemente, alguns setores têm mais dificuldades. Mas acreditamos que num futuro próximo nós possamos reverter as questões que existem e assim, construirmos um cooperativismo gaúcho ainda mais forte.
Por Leonardo César – Redação MundoCoop