Ao mesmo tempo que ela fornece novas formas de mercados no ambiente das plataformas digitais, a economia de plataforma é um fenômeno crescente que reverbera na sociedade com seus impactos. Englobando aplicativos de transporte de passageiros, delivery, compras e transações on-line, elas apresentam um funcionamento pautado em sistemas de classificação e avaliação.
Os professores Roberto Marx, do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica (Poli) da USP e Adriana Marotti de Mello, do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP comentam as reflexões e impactos do fenômeno na sociedade, que encontra na facilidade com que os aplicativos são disponibilizados maiores repercussões e lucros.
Adriana Marotti de Mello explica que a incorporação da economia de plataforma na sociedade ocorre em função de uma “demanda latente” pelos serviços disponibilizados pelas plataformas, principalmente no que se refere à mobilidade urbana. “Há uma lacuna na prestação de serviço de transporte público ou mesmo transporte individual. Aí aparece a solução de mercado, que é o uso do Uber.”
Para os docentes, com a economia de plataforma, a expectativa é a de que a área de mobilidade ganhe força. Justamente por isso, o professor Roberto Marx, do Departamento de Engenharia da Produção da Escola Politécnica (Poli) da USP, comenta que as pesquisas nesse campo se concentram no desenvolvimento de uma indústria de mobilidade urbana sustentável. Aplicativos nesta área são aliados no transporte público e de passageiros individuais, ao interferirem no desenvolvimento de uma mobilidade sustentável.
Impactos da economia de plataforma
O crescimento da demanda pelos serviços ocasiona a pressão pela “legitimação institucional”, a fim de regulamentar o setor, mesmo com a existência de regimentos internos desenvolvidos pelas próprias plataformas, a partir de normas institucionais. A ausência dessa regulamentação é vista a partir dos impactos sociais da economia de plataforma.
Ainda que, por um lado, as inovações em tecnologia e benefícios para a sociedade trazidas por esse tipo de economia sejam inegáveis, há o contraponto do colaborador, como motoristas, alvo da precarização do trabalho. O professor Roberto Marx explica que as inovações são importantes, mas que as plataformas vão além das próprias empresas e da relação entre empresas e usuários.
Aqui surge a necessidade de uma legislação do ponto de vista da sociedade e de que forma as pessoas operam a ferramentas para que a economia de plataforma ocorra, a fim de amparar a questão da precarização do trabalho, também colocada por ele como “uberização”. Marx expõe: “Avanço tecnológico é importante, mas é preciso lidar com as consequências e as necessidades da sociedade e dos trabalhadores”.
Fonte: Jornal da USP