Com o avanço da tecnologia, a capacidade de processamento e análise de informações aumentou exponencialmente, revolucionando a maneira como as pessoas vivem, se relacionam e fazem negócios. Foi pensando nessas mudanças que o Banco Central do Brasil deu início, em 2019, a iniciativa do Open Banking.
À medida que o processo foi sendo implantado, novas possibilidades de expansão surgiram. O universo das finanças passou a ser descentralizado, e o segmento de seguros e previdência tratado pela Susep no Open Insurance, foi incorporado à inciativa que passou a ser chamada de Open Finance pela sua abrangência.
No início de fevereiro, o Open Finance completou dois anos com 17, 3 milhões de consentimentos ativos para o compartilhamento de dados financeiros, de acordo com o levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Até o próximo ano, a novidade é que tanto o Open Finance quanto o PIX serão unidos ao Real Digital, nova moeda emitida pelo Banco Central e repassada aos usuários via instituições financeiras.
“Os principais objetivos desse novo ecossistema são a inovação do sistema financeiro, o aumento da concorrência e da inclusão, e a melhora na oferta de produtos e serviços financeiros”, afirma a representante da Fundación MAPFRE no Brasil, Fátima Lima. Nele, o cliente é o ponto central e principal beneficiário dos novos modelos de negócio e serviços que prometem revolucionar o mercado.
Isso porque esse ambiente ajuda a reduzir uma das principais falhas de mercado: a assimetria informacional. Esse desequilíbrio surge quando uma das partes envolvidas não tem conhecimento de informações relevantes e fundamentais para o bom andamento do relacionamento.
O cliente, por exemplo, pode não estar ciente de todas as alternativas disponíveis e ignorar as soluções mais adequadas ao seu perfil, o que pode levá-lo a contratar a primeira opção que lhe é oferecida, seja pela comodidade ou pela dificuldade de buscar soluções alternativas.
Já o provedor de produtos e serviços pode desconhecer as circunstâncias de vida e as intenções do cliente, especialmente a sua propensão em honrar os compromissos assumidos. Essa insegurança afeta, principalmente, o preço, as condições de pagamento e as garantias necessárias para o fechamento do negócio.
Com o compartilhamento de dados padronizados, ambas as partes passam a ter uma visão mais completa e abrangente do negócio. Afinal, quanto mais acesso às informações essenciais, maiores as chances de avaliar os riscos e as oportunidades corretamente, encontrando, assim, a melhor solução para o objetivo de cada um.
As empresas financeiras e as seguradoras passam a conhecer melhor o cliente e acessar seu histórico de relacionamento no mercado, os produtos de crédito, investimentos, seguros e previdência contratados. Isso permite customizar a experiência e direcionar a oferta, mudando significativamente a forma de prospecção, atração e retenção.
Para os clientes, é possível personalizar a sua vida financeira. Com acesso a uma gama maior de produtos e serviços, torna-se muito mais fácil comparar preços, custos, rentabilidades, coberturas e condições para escolher a opção e o fornecedor que melhor atendam às suas necessidades e objetivos.
Desta forma, é possível descentralizar a vida financeira. O usuário pode, por exemplo, contratar um crédito imobiliário com o banco X que oferece a melhor taxa; ter conta corrente no banco Y que não cobra tarifa; ter o cartão de crédito sem anuidade e com melhor programa de recompensas da fintech Z; a proteção do carro com a seguradora W e a cobertura de responsabilidade civil com a seguradora Q; e assim sucessivamente.
Para controlar e gerenciar tudo isso, já estão disponíveis aplicativos que centralizam todas essas informações de maneira simples e intuitiva. Muitos deles permitem iniciar e executar transações e pagamentos dentro da própria ferramenta, evitando que o usuário tenha que acessar cada conta individualmente.
Como explica Lima, um grande avanço do Open Finance é justamente a inclusão das Fintechs e Insurtechs no ambiente de negócios, o que possibilita, de forma saudável, a competitividade entre os participantes. Com isso, espera-se que novos produtos e serviços sejam criados, preços e taxas sejam reduzidos e a jornada e experiência do cliente tenham cada vez mais valor para dinamizar, expandir e aumentar a eficiência do mercado financeiro nacional.
Tudo isso acontece mediante o consentimento do cliente. É ele quem escolhe quais dados podem ser utilizados pelas instituições e por qual período. A revogação dessa autorização pode ser feita a qualquer momento e ser direcionada a uma, algumas ou todas as empresas com as quais se relaciona. “Cuidado e sabedoria são fundamentais na hora de escolher com quem compartilhar os dados, afinal, informação vale ouro”, atenta Lima.
Fonte: Fundación MAPFRE