PALAVRA DO TEJON
Existe uma terra prometida de prosperidade para a humanidade e existe um caminho, o cooperativismo.
Sem terra, com terra. Sem emprego, com emprego. Sem empreendedorismo com empreendedorismo!?
A cooperação cooperativista integra as forças criadoras do coração, da alma e da educação, e com isso forjam o bom cérebro. Esse quarteto resume em sua síntese o único caminho para o desenvolvimento humano hoje sob a sigla ESG (governança da sustentabilidade com responsabilidade social), onde maestrinas e maestros são as lideranças cooperativistas.
Relembro uma frase do psiquiatra Viktor Frankl criador da Logoterapia: “só existem duas raças humanas na terra , as pessoas decentes e as pessoas torpes“.
E, neste artigo, quero tratar exatamente da legião humana das pessoas decentes, aquelas que ao invés de perguntarem: “o que a vida tem para mim?“, dizem: “o que eu tenho para a vida?“, como nos continua a provocar Frankl.
Desta forma e nascido exatamente das forças humanas criadoras a partir do enfrentamento do sofrimento, temos a cooperação, e melhor, o movimento cooperativista planetário e crescente no Brasil.
Marcio Lopes, presidente da OCB aponta para uma meta, objetivo este que carrega consigo a prosperidade para atingir 30 milhões de cooperados no Brasil, com impactos indiretos sobre cerca de outros 100 milhões, e obter R$ 1 trilhão no movimento financeiro de todas as cooperativas brasileiras, hoje na casa de R$ 600 bilhões.
Escrevo este artigo ao terminar um encontro: “Cooperação, liderança e protagonismo feminino“, de elevado propósito do Sistema OCB Paraiba, com seu presidente André Pacelli.
A educação como uma das 4 pernas do cérebro, alma e coração cooperativista foi reunida em Campina Grande no mês de março de 2023, onde Sescoop, Sebrae e Senar, também ao lado do Senai, atuarão numa convergência da prosperidade.
Ainda, o movimento das mulheres cooperativistas: “Elas pelo Coop PB” ganhou realce e dessa força da diversidade acreditamos que coração e alma poderão se expandir em acelerada velocidade na consciência cooperativista, impactando os cérebros e a racionalidade não só da Paraíba, mas como exemplo nordestino e quem sabe, almejando uma intercooperação com o continente africano e asiático. Há uma fortíssima empatia da nossa essência brasileira com os povos de todo cinturão tropical do planeta e o Nordeste pode ser ponto de forte atração nesse magnetismo.
Ao olharmos os resultados oferecidos por cooperativas que são governadas dentro dos seus fundamentos de gestão e filosofia de liderança, constatamos a elevação da dignidade de vida, a geração de riqueza e de valor, a educação ascensional e a prosperidade da performance média dos seres humanos ali envolvidos.
Onde não temos cooperativismo encontramos milhões de agricultores com terra, mas famintos. Verificamos boas intenções de assentamentos da reforma agrária sem o êxito que poderiam obter e serem muito mais percebidos, onde termina por prevalecer e obter sucesso não mais do que 10% de seus membros.
Sem cooperativismo, planos filantrópicos bem-intencionados não superam o longo prazo e não libertam, pois, o empreendedorismo fica para poucos, não ocorre geração de empregos e terminamos por obter concentração da riqueza e suas consequências nos índices de desenvolvimento humano com ambiente propício ao crime e ilegalidade.
Um dos meus alunos Benjamin Omotomiye, no MBA Internacional da Audiência Business School de Nantes, França, com FECAP Brasil registrou: “em Zâmbia, África, pude observar que as pessoas que participam de cooperativas agrícolas apresentam um nível muito melhor de vida comparados aos demais“.
Outra aluna, Sônia Radhe escreveu sobre a importância do cooperativismo na própria França, com 40% do faturamento do agribusiness francês são 230 coops com 1,3 milhões de empregos e um movimento financeiro superior a Eur 329 bilhões.
Da Índia recebi essa analise do aluno Shubhanshu Uniyal: “existem muitas cooperativas na Índia bem sucedidas como a Indian Farmers Fertilizer, AMUL, com mais de 2 milhões de cooperados no setor lácteo e atuando nas práticas ESG“. Assim, obtenho de uma juventude de todos os continentes do mundo um olhar que causa admiração na luta contra a miséria, pobreza e fome, colocando o cooperativismo no foco das atenções como modelo de desenvolvimento.
E fica aqui outra provocação, vamos criar em todas as escolas de todas as ciências uma educação cooperativista para a juventude mundial?
O que me causa ainda uma indagação é por não ver retratado de forma clara, estratégica e percebida na sociedade a formulação cooperativista como fundamento vital para o desenvolvimento de um povo. Planejamento estratégico da nação precisaria ser construído com base no modelo cooperativista. Planos de um governo, associados a metas de crescimento do PIB incluindo responsabilidade social e sustentabilidade ambiental precisariam considerar a governança cooperativista.
As grandes corporações empresariais irão promover o cooperativismo como solução das suas práticas ESG, pois nas suas redes de fornecedores, no “suply chain“ precisarão engajar milhares e milhões de unidades nas suas relações business to business.
Interessante uma iniciativa da Cargill e IFC na Costa do Marfim e Camarões na África, como minha aluna Steffanie Leffler do programa Food & Agribusiness Management detectou na sua dissertação, onde essa centenária e gigantesca corporação do agribusiness apoia e mantém um programa educacional e de formação para líderes cooperativistas, conectados ao cacau.
Idem da porta de suas indústrias, comércios e serviços pra frente, as corporações privadas precisarão atuar na multiplicação do pequeno e médio empreendedorismo, onde os princípios cooperativistas e associativistas significam não deixar gente pra trás e criar dignidade para muitos, não apenas para poucos.
Ressalto meu ex aluno Alexandre Costa fundador da Cacau Show que tem hoje a maior franquia de chocolates do mundo. Não se trata de uma cooperativa, porém guarda boa parte de seus fundamentos educacionais e da promoção do sucesso para milhares de pequenos empreendedores, o capitalismo consciente, onde a boa mistura Sescoop, Sebrae e Senar criam um poderoso híbrido.
Os desafios dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU são 17 e dentro deles, todos eles, são tomados pela luta das forças decentes, criadoras, sintrópicas; versus as forças torpes e entrópicas, onde dignidade da vida humana na terra para todos ressalta e reluz como o único e gigantesco compromisso dos líderes.
Portanto, a questão não está mais em ter terras ou não as ter; em ter empreendedorismo ou não o fazer; em criar empregos ou os reduzir; em abrir programas assistencialistas ou não; em ampliar a filantropia ou não. Sim, políticas públicas de base serão muito bem-vindas, porém para a transformação delas em resultados dignos com prosperidade e sustentabilidade para todos, só existe um caminho: o cooperativismo.
Parcerias Cooperativas & Empresas privadas como o exemplo da Primato de Toledo PR com a MWM numa iniciativa agro energética de biogás são exemplos para olharmos com atenção.
Cooperativismo representa a capilaridade da dignidade humana no planeta terra. Presidente Lula, se inspire no melhor do cooperativismo do país e nos seus líderes que superam o tempo e estabelecem metas quantificáveis como estas da OCB. Governo precisa ser um cooperativismo de estado. Parabéns OCB Paraíba, presenciei um verdadeiro ato, de fato. E, vamos ao R$ trilhão de reais.
Por José Luiz Tejon, palestrante especialista em agronegócio e membro editorial da Revista MundoCoop
Coluna Exclusiva publicada na Revista MundoCoop edição 111