PALAVRA DO TEJON
Recebi do Márcio Port, que atua há mais de 30 anos no cooperativismo financeiro e hoje é presidente do conselho de Administração da central Sicredi Sul/Sudeste, um livro.
Ao ler esse livro fiquei inspirado mais ainda do que sempre fui a respeito da obra humana criadora, que é o cooperativismo. Além e muito além de uma aula profunda sobre o desenvolvimento do cooperativismo de crédito no Brasil – sua retomada, o apoio da OCB, os avanços normativos, integração e padronização sistêmica, a criação de um banco próprio, e todos os avanços normativos recentes, além desses alicerces essenciais – Marcio Port nos ilumina com um texto de alto valor literário, praticamente um doutorado histórico da saga cooperativista no mundo, chegando ao Brasil, onde pioneiros e jesuítas são relembrados, vindo até o momento presente, e abre o seu primeiro capítulo com uma pergunta: “qual o maior concorrente do cooperativismo? O desconhecimento“. (extraído de um trabalho feito por Jonas Queruz sobre gestão de marca feito para o Sicredi Rio Grande do Sul).
Líderes cooperativistas, como o Padre Amstad na origem e Roberto Rodrigues contemporâneo, são trazidos como fontes marcantes e inspiradoras eternas. Os fundamentos filosóficos das leis, regras e do caráter das cooperativas ficam assinalados numa sequência de valores que jamais mudarão, por serem as forças imutáveis que gera tudo o que muda ao seu redor, e como uma raiz profunda assegura a confiança para toda outra e qualquer mudança: solidariedade, liberdade, democracia, equidade, igualdade, honestidade, transparência e responsabilidade socioambiental.
Esses valores ao lado dos princípios universais do cooperativismo: a) adesão voluntária; B) controle democrático pelos membros; C) participação econômica dos membros; D) autonomia e independência; E) educação, formação, informação; F) cooperação entre cooperativas; G) preocupação/interesse pela comunidade. É deste conjunto de princípios e valores que o cooperativismo é reconhecido como uma doutrina que pode ser ensinada e replicada, e é “por meio deles que as cooperativas atuam para construir um mundo melhor“.
As crises e as superações das crises são da mesma forma pontuadas por Márcio Port, no capítulo dos momentos de dificuldade. E como tudo na história humana na terra precisamos relembrar da frase de Winston Churchill na 2ª Guerra Mundial quando afirmou: “nunca tantos deveram tanto a tão poucos“.
Sim, as legítimas e corajosas lideranças cooperativistas. Roberto Rodrigues que já presidiu a Aliança Internacional das Cooperativas afirma: “líderes cooperativistas merecem um prêmio Nobel da paz“.
E sobre o cooperativismo financeiro, desde o primeiro, o Padre Theodor Amstad, e o segundo Mário Kruel Guimaraes, Márcio Port registra ter o cooperativismo gaúcho sucumbido, ressurgido, se estruturado e se desenvolvido para hoje ser um protagonista virtuoso do ambiente econômico e social contemporâneo.
Essa história de mais de 100 anos é uma lição de vida, de propósito e de sentido de vida. Amor real a uma causa. E ao finalizar esse livro com 377 páginas lá esta novamente a lembrança que nos remete ao seu início: “o que precisamos é nos apropriar mais de tudo o que o cooperativismo e as cooperativas já fazem e do impacto positivo que geram, permitindo que cada vez mais pessoas percebam esses diferenciais e adotem o cooperativismo como modelo de negócios, como filosofia de vida. Lembrando que a tarefa de reduzir o desconhecimento sobre o cooperativismo começa dentro de casa, para após chegar aos associados e à sociedade em geral“.
Li e recomendo com ênfase Um livro que nos remete ao estágio superior de evolução da vida humana na terra. A capilaridade da dignidade para todos.
Parabéns Márcio Port!
(Editora Confebras – Portal HTTPS://cooperativismodecredito.coop.br/livros/product/livro-cooperativismo-financeiro-uma-historia-com-proposito-por-marcio-port/ todos exemplares vendidos são entregues autografados )
*José Luiz Tejon é palestrante especialista em agronegócio e membro editorial da Revista MundoCoop
Coluna exclusiva publicada na edição 114 da Revista MundoCoop