Toda sociedade possui serviços essenciais, que fazem parte do dia a dia. Muitos desses serviços, são conectados com direitos básicos, e atuam como verdadeiras engrenagens que fazem essa “máquina” funcionar. Nesse contexto, no cooperativismo, cada ramo atua como uma peça essencial.
Entre esses ramos fundamentais, um atua há mais de 80 anos levando serviços de diversos tipos aos seus associados, garantindo qualidade de vida e desenvolvimento de atividades produtivas vitais para o funcionamento da economia. Com 263 cooperativas em todo o Brasil, segundo o AnuárioCoop – Dados do Cooperativismo Brasileiro, o ramo Infraestrutura reúne mais de 1,2 milhão de cooperados, e em 2021 registrou um crescimento de 7% em relação ao ano anterior.
Gerando mais de 7 mil empregos diretos, o cooperativismo de infraestrutura atua em diversas frentes. Das 263 cooperativas registradas no Sistema OCB, 39% são do segmento de Construção Civil habitacional, um dos principais dentro do ramo. Outras vertentes que se destacam são a Distribuição de energia (14%), Geração de energia para consumação (4%), Desenvolvimento (4%), Construção civil comercial (3%), Água e Saneamento (2%) e Irrigação (2%).
O ramo infraestrutura tem uma longa trajetória, e seu crescimento ao longo das décadas reflete as principais transformações vistas no mercado. Entre as tantas áreas onde as cooperativas se destacam, a distribuição de energia tem sido uma delas, em um momento em que o Brasil reformula seu sistema convencional, para que novas fontes sejam adotadas.
Com tamanho êxito visto no setor, diversas cooperativas de infraestrutura já são premiadas pelo seu trabalho, recebendo nomeações de destaque na categoria. Para Jânio Stefanello, presidente da Confederação Nacional das Cooperativas de Infraestrutura (Infracoop), o papel do setor e o reconhecimento vindo da própria sociedade, são fruto de um trabalho comprometido com a qualidade e a entrega aos associados. “A sobrevivência e o desenvolvimento das cooperativas de infraestrutura, está enraizada na elevada qualidade dos serviços prestados aos associados, comprovados pelos prêmios concedidos às cooperativas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), nos últimos anos”, destaca.
Comprometidas com o desenvolvimento do país, as cooperativas do setor têm ainda atuado em outro aspecto. Hoje, elas são uma das principais parceiras da modernização, agindo junto a diversos órgãos para o melhoramento das estruturas de conexão que o país adota. Além da distribuição de energia, as cooperativas de infraestrutura têm ido para a linha de frente em outro campo: a tecnologia; e presentemente investem na ampliação da conectividade em áreas rurais, garantindo um futuro mais produtivo para a atividade no campo.
“As cooperativas de energia e de infraestrutura, sabendo das dificuldades e demandas de seus associados em estarem inseridos no mundo digital, estão promovendo a implantação de internet no campo. Por isso, cooperativas que já são pioneiras em levar energia ao campo, hoje estão à frente de projetos para disponibilizar internet para os associados. Para viabilizar os investimentos, são realizados projetos em parceria com o poder público nos municípios, sindicatos, cooperativas e com a participação dos próprios cooperados”, explica Stefanello.
Tal investimento no setor vem sendo implementado em várias partes do país, e cooperativas como a Coprel tem atuado para destinar recursos para a implementação das estruturas necessárias para que a internet de boa qualidade chegue às áreas mais remotas.
Um setor em crescimento
Destacando-se no oferecimento de serviços ligados à energia e telecomunicações, as cooperativas de infraestrutura registraram recordes em 2021. Segundo o AnuárioCoop, o setor já ultrapassa mais de R$6 bilhões em ativos totais, um aumento de 20% em relação ao ano anterior. Somente em 2021, foram mais de R$731 milhões em retorno financeiro à sociedade, além de mais de R$312 milhões em investimentos nos próprios associados.
Ganhando mais espaço a cada dia, a intercooperação também está presente em peso no ramo infraestrutura, com o setor atuando diretamente junto aos outros ramos, realizando negócios diretos e indiretos. Com cooperativas de crédito apoiando diretamente a instalação de um novo sistema de conexão no país e investindo em novos sistemas de distribuição de energia, o ramo crédito lidera os negócios junto ao Infraestrutura, representando 44% dos processos realizados em 2021.
Desafios para o futuro
A infraestrutura é um dos campos de mais importância do mercado como um todo, representando elementos que formam um verdadeiro pilar para a vida em sociedade. E nos últimos anos, o cooperativismo tem sido visto como uma grande alternativa para esse setor, remodelando e reformulando a forma de distribuir energia, gerar emprego e renda, levar conexão aos associados, além de atuar na habitação, trazendo novas alternativas para que um dos direitos básicos, a moradia, sejam garantidos.
Para o futuro, as cooperativas do tipo enfrentam diversos desafios. E junto a isso, possuem diversas oportunidades à sua frente. Com diversos exemplos de atuação já em andamento, o próximo passo requer um olhar mais focado em grandes tendências, como o mercado de biogás, a implementação de processos produtivos mais sustentáveis e o aumento de produtividade, sem causar maiores impactos ao meio ambiente. Se por um lado essa visão ainda está em seus primeiros passos, do outro cooperativas como o Sicoob-ES já exploram o que chamamos de ‘infraestrutura de plataforma’, onde diferentes players buscam propostas que geram valor tanto para quem produz como para quem consome. Contudo, esse movimento está apenas no começo, e novos desdobramentos devem ser vistos em 2023 e além.
Como então, alcançar o protagonismo no curto prazo? Abraçando processos no dia a dia, onde as cooperativas de infraestrutura encontram as suas bases. Somado a isso, buscar parcerias com o poder público pode ser a chave para alavancar o setor, uma vez que o Brasil carece de uma atuação mais forte voltada ao aprimoramento de sua infraestrutura como um todo. Pautadas no propósito de entregar melhores resultados, as cooperativas podem atuar diretamente nesse cenário, criando condições favoráveis para que sejam parte da solução para os problemas da atualidade, garantindo assim dias melhores para seus associados e para aqueles impactados direta e indiretamente por eles.
Por Leonardo César/Redação MundoCoop – Matéria publicada na edição 109 da Revista MundoCoop