Quais os próximos passos do agronegócio brasileiro e das cooperativas agro? Foi para responder a estas e outras perguntas que a MundoCoop promoveu a 4ª edição do CoopTalks Agro, o maior congresso digital do cooperativismo agro. Transmitido de forma totalmente online e gratuita, o evento reuniu diversos especialistas e pioneiros do setor para discutir os grandes temas que permeiam o mercado atual.
Em mais de 4 horas de transmissão, o evento contou com a participação de 17 convidados que – através de palestras e painéis – compartilharam as suas perspectivas sobre o que o agro conquistou até aqui, e o que pode ser feito a partir de agora. Ao todo, foram mais de 6.569 inscritos e 502 cooperativas presentes, que acompanharam o CoopTalks Agro através da plataforma oficial, LinkedIn e Youtube. Além disso, o evento registrou um pico de 3.229 inscritos ao vivo.
Durante toda a transmissão, o público participou dos debates através de comentários e perguntas, que reverberaram os temas apresentados. Do cultivo à conectividade, da tecnologia ao agro do futuro, o CoopTalks Agro voltou com a proposta de analisar os sucessos e buscar novos aprendizados no agro brasileiro. A seguir, confira alguns dos destaques desta edição
O futuro do agro no Brasil e a influência das cooperativas
Com apresentação de Douglas Ferreira, diretor da MundoCoop, o CoopTalks Agro 4ª edição iniciou os trabalhos destacando um importante tema: a digitalização. O painel “Agrotech, inovação e conectividade: digitalização do agro brasileiro”, recebeu Ana Helena Andrade, Presidente da Associação CoonectarAgro; Leandro Carvalho, CEO da Supercampo e Kleberson Angelossi, Gerente de Inovação na Coopavel. Destacando diversos temas, a conectividade no campo foi um dos grandes destaques, uma vez que garante a inserção do produtor no atual mercado mundial. “Hoje a conectividade é um gargalo que impacta em todos os aspectos da produção agrícola”, destacou Ana. Além disso, o equilibro entre custos e produtividade foi outro tópico, sendo essencial para que o produtor esteja alinhado com a demanda necessária na sociedade atual, enquanto mantém custos sustentáveis e que garantem a continuidade da atividade. Somado a isso, Carvalho lembrou que apesar de o produtor rural brasileiro não ser altamente tecnológico, este é um grupo que explora e usufrui constantemente das facilidades destas ferramentas. Neste contexto, Angelossi ressalta que é importante olhar para todos os produtores, não deixando de lado aqueles que demorem mais para se adequarem ao contexto digital. “Apesar da conectividade, é preciso manter os processos offline funcionando para o produtor”, completou.
Trazendo “Análises e propostas: para o Brasil alimentar o mundo”, o professor emérito da FGV e Ministro da Agricultura (de 2003 a 2006), Roberto Rodrigues, apresentou um panorama sobre o atual momento do agro brasileiro. Para ele, o agro é um importante instrumento de promoção da paz mundial. “Não haverá paz, enquanto houver fome no mundo”, afirmou. Além disso, destacou a importância da agricultura tropical, responsável por trabalhar o tema da sustentabilidade, seja na produção no campo ou através da energia sustentável, da qual o Brasil é destaque. Não apenas neste contexto, o Brasil pode aumentar o seu protagonismo, desde que transforme alguns de seus aspectos, como a logística, que deve se expandir para além da costa brasileira. Segundo Rodrigues, para o fortalecimento do produtor brasileiro, é necessário unir políticas públicas e privadas, incluindo ainda, as cooperativas, essenciais para o pequeno produtor. “Através da cooperativa, o produtor recebe tecnologia, instruções de gestão, assistência técnica e mais legitimidade para o seu produto”, afirmou.
Em seguida, o painel “Os caminhos para a produção agro eficiente” recebeu José Alexandre Loyola, Fundador e CEO da Consultoria R2M; e Francisco Pereira, Gerente da Logística da Cooperativa Veiling Holambra. No bate papo, os convidados lembraram dos desafios da logística no mercado atual, levantando diversos pontos que são fundamentais para o setor. Francisco destacou o trabalho da Veiling Holambra, cooperativa de flores e plantas que possui um vasto trabalho em logística, de maneira que as perdas ao longo do transporte sejam mínimas. Por sua vez, Loyola reforçou o uso de dados na logística, lembrando da importância da rastreabilidade e da transparência nos processos. Além disso, frisou que o contexto atual inclui diversas ferramentas e soluções para o produtor, mas que tal variedade deve ser olhada e utilizada com cautela. “É preciso ter discernimento para ajudar o produtor a escolher a melhor ferramenta para o seu negócio”, afirmou. Para Francisco, nos próximos anos a busca por tecnologias que permitam uma eficiência operacional estará em alta, com a logística sendo uma área estratégica, através da adoção da internet das coisas, máquinas inteligentes e outras ferramentas.
Recebendo Joaquim Neto, Superintendente de Produtos Agro da Tokio Marine Seguradora; José Ângelo Mazzillo Junior, Assessor Especial do Ministro da Agricultura e Dilmar Antonio Peri, Diretor de Negócios na Credicoamo Crédito Rural Cooperativa, o painel “Crédito e Seguro Rural: Desafios e oportunidades” buscou jogar luz sobre um dos temas que mais se encontram no foco dos produtores rurais no Brasil. Entre os tópicos destacados, a necessidade de mais recursos disponíveis, uma vez que a demanda cresce a cada ano, ultrapassando o volume oferecido atualmente, cenário que torna urgente que os recursos também aumentem na mesma proporção. Além disso, oferecer crédito acessível foi um dos pontos principais do bate papo. “As soluções precisam ser asseguradas, de forma que o recurso público siga disponível e acessível ao produtor rural menos assistido”, frisou. Segundo Dilmar, o seguro agro é o principal produto que traz uma tranquilidade para o produtor rural e deve ser um tema de preocupação coletiva, essencial para o futuro do agro brasileiro em todos os aspectos. Além disso, considerando os últimos anos e as incertezas internas e externas, ter o recurso à disposição do cooperado deve ser um ponto de atenção. “É preciso garantir que o recurso chegue e esteja disponível para o produtor no momento certo”, afirmou.
Com a palestra “Construindo valor no agronegócio”, o professor da USP e FGV e criador do DoutorAgro.com, Marcos Fava Neves, trouxe para o palco virtual um importante panorama sobre as atuais mudanças no mercado como um todo. Para ele, o cooperativismo deve ter atenção em alguns pontos, como a variação econômico, climática, o câmbio e a escassez da mão de obra no campo. Além disso, as cooperativas devem aumentar seu olhar para a gestão financeira, observando os melhores momentos para comprar e vender seus produtos. Fava ainda destacou que elas devem observar suas decisões de forma minuciosa, traçando planos que elevem o trabalho já realizado, antes do próximo passo ser dado. “É preciso ficar melhor, para só depois ficar maior. Primeiro se constrói margem, e depois tamanho”.
Concluindo o ciclo de palestras e painéis, o painel “Biotecnologia no campo: insumos e defensivos” trouxe um bate papo com Renato Seraphim, Diretor de Marketing da UPL e Ademar De Geroni Junior, VP regional de Marketing na Divisão de Soluções para Agricultura da BASF. Entre os temas em destaque, a produção nacional de insumos e defensivos, a tecnologia e sustentabilidade, a inserção das cooperativas na revenda e ainda, o diálogo e incentivo à produção nacional. Segundo Renato, é fundamental que o Brasil continue com suas pesquisas sobre a tecnologia nos insumos. “O país é o principal mercado para as empresas de insumos, sendo laboratório de pesquisa e aplicação para o agro”, frisou. Além disso, destacou as cooperativas neste mercado, citando-as como essenciais para que os cooperados conheçam suas necessidades e apliquem os melhores produtores para a sua lavoura. Por sua vez, Ademar defendeu a ampliação do mercado de insumos para as cooperativas, dando mais campo para que elas se desenvolvam e apoiem esse ecossistema. Para ele, “a cooperativa é essencial na busca pela sustentabilidade no mercado de insumos”, e o cooperado deve ser sempre colocado no centro de todas as decisões e iniciativas.
Top Coopers
Qual o futuro das cooperativas agro? Com mediação do especialista em agronegócio e membro editorial da Revista MundoCoop, José Luiz Tejon, o painel TOP COOPERS reuniu Antonio Chavaglia, Presidente da Comigo; Neivor Canton, Diretor Presidente da Aurora Coop; Fernando Degobbi, CEO da Coopercitrus e Dilvo Grolli, Diretor Presidente da Coopavel. Em destaque, importantes temas para o cooperativismo agro: crescimento, tecnologia e inovação, intercooperação, comunicação, ESG e mercado futuro.
Chavaglia (Comigo), em uma de suas falas, lembrou da expansão do cooperativismo, possível graças a investimentos em logística, soluções, tecnologia e principalmente, pessoas. Para ele, é preciso criar uma cadeia de valor, considerando todos os pontos que podem ajudar a conduzir a cooperativa em sua trajetória. Ainda neste tema, Degobbi destacou mudanças recentes na Coopercitrus, lembrando que processos devem ser revistos e reformulados de forma a manter a vantagem competitiva das cooperativas. “É preciso ter bem claro o modelo de negócio cooperativo, considerando as variáveis externas e como as cooperativas podem navegar neste cenário”, destacou.
Para Dilvo Grolli (Coopavel), as cooperativas agro tem um compromisso com o Brasil, sendo essenciais para o crescimento econômico do país. Para isso, olhar para o cooperado é fundamental, criando valor e aumentando a renda das famílias. “É de responsabilidade da cooperativa a criação de oportunidades para o produtor rural e para o cooperado”, lembrou. Por sua vez, Neivor (Aurora Coop) lembrou da importância da intercooperação para o desenvolvimento do setor, uma vez que tal processo auxilia na maximização dos resultados e impactos do setor na vida dos cooperados e suas famílias.
Trazendo para o palco o assunto liderança, Chavaglia fez uma provocação: é necessário formar mais líderes, dar o próximo passo. Segundo ele, é indispensável buscar líderes que estejam no dia a dia da cooperativa, buscando vozes que conheçam a realidade do movimento. Para Degobbi, as lideranças cooperativistas são essenciais para o desenvolvimento de regiões como o norte e nordeste, explorando as possibilidades de cada região e incentivando a agricultura familiar. Neste contexto, Canton reforçou que as cooperativas “devem ser família”, atuando para ensinar os agricultores a serem gestores, resgatando a autoestima desses indivíduos e assim, trazendo desenvolvimento e crescimento para todas as regiões do país.
Já concluindo o painel, a comunicação foi apontada como um dos gargalos do setor. Para Chavaglia, as cooperativas devem investir mais no diálogo com o cooperado, comunicando os seus produtos e mostrando que o cooperativismo é, de fato, a opção ideal. Degobbi frisou que o cooperativismo deve ser mais bem explicado, com mais objetividade e levando o movimento para dentro das escolas, realizando um trabalho de base. Segundo Grolli, para que as cooperativas ganhem mais projeção, é necessário mostrar o seu impacto em todos os setores, reforçando diante da sociedade, o valor social do movimento.
Agradecimentos
A MundoCoop gostaria de agradecer aos convidados, parceiros, patrocinadores e equipe técnica e editorial do CoopTalks Agro 4ª edição.
Para conferir o evento na íntegra, acesse a transmissão no canal oficial da MundoCoop no YouTube.
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Por Leonardo César – Conteúdo exclusivo publicado da Revista MundoCoop edição 111