Pesquisas recentes apontam que os profissionais com mais de 50 anos têm se tornado cada vez mais presentes no mercado de trabalho. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que a população de pessoas com 60 anos ou mais represente cerca de 14% da população total.
Com o envelhecimento da população, novas questões começam a envolver tal população, entre elas o etarismo contra a Geração X (nascidos entre 1965 e 1980). Representando uma força de trabalho cada vez maior no Brasil e no mundo, olhar para essa população tem sido cada vez mais importante para todo o mercado e para a sociedade.
“Dar oportunidades aos profissionais com mais de 50 anos traz inúmeros benefícios para a cooperativa, como a obtenção de conhecimento, estabilidade, mentoria, diversidade e imagem positiva. Valorizar o potencial desses profissionais e reconhecer sua contribuição para a organização é uma estratégia inteligente e ética”, ressalta Carina Melo, gerente de pessoas do Sistema OCB.
Por todos esses aspectos positivos, uma pesquisa do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), ligado à Confederação Nacional da Indústria (CNI), publicada no fim de maio, constatou que o número de trabalhadores acima de 50 anos dobrou no Brasil em 15 anos. Em 2006, eram 4,4 milhões de pessoas e, em 2021, passaram para 9,3 milhões, um aumento de 110,6%. Segundo o Senai esses profissionais representavam 12,6% das ocupações há uma década e meia, percentual que subiu para 19,1%.
Essa geração possui características e competências valiosas que contribuem de maneira importante para o mercado de trabalho. No entanto, para entrar no mercado há uma necessidade de se requalificar esse profissional. Esse tem sido um dos maiores desafios, tanto das cooperativas, quanto dos colaboradores com mais de 50 anos.
Melo, explica que a importância da qualificação para essa geração está relacionada à competitividade do mercado de trabalho. “Os cursos, diplomas, certificações e programas de atualização ampliam as oportunidades e mantém o profissional atento às demandas do mercado. Além disso, ela demonstra um comprometimento com o aprimoramento contínuo e a vontade de se manter relevante no mundo profissional”, lembra.
As empresas do futuro serão diferentes
Um dos estudos realizados pelo “O Futuro do Trabalho”, do Fórum Econômico Mundial, publicado em 30 de abril, revelou que 23% dos empregos atuais, em âmbito global, devem ser modificados, ou até mesmo desaparecerem, até 2027.
Nesse contexto, o avanço das tecnologias causará rotatividade significativa no mercado de trabalho, aumentando a relevância de atividades como especialistas em inteligência artificial e análise de dados. Por isso dificultando a empregabilidade de profissões mais tradicionais.
Para Sandro Magaldi, mentor em liderança, cultura organizacional e coacoautor dos best sellers “Liderança Disruptiva” e “Gestão do Amanhã”, os dados das pesquisas mostram uma realidade preocupante, tanto para as empresas quanto para os profissionais.
“As empresas terão à sua disposição um contingente de profissionais de uma faixa etária maior, que no passado eram vistos com preconceito, como inaptas a continuarem com seu trabalho. Isso não é verdade e as organizações têm de se preparar para reconhecer a importância de sua experiência e de suas habilidades. Ao mesmo tempo, devem ajudá-los, efetivamente, a se requalificarem para que tenha também a qualificação técnica exigida pelo mercado. Falamos muito de diversidade de raça e de gênero, e temos de falar cada vez mais de diversidade etária no ambiente de trabalho, que hoje tem, com cada vez mais frequência, quatro, cinco gerações coabitando o mesmo espaço”, alerta Magaldi.
O especialista explica que são as cooperativas e empresas precisam se comprometer com a reciclagem desse profissional, por meio de cursos, e estímulos constantes de aprendizagem. Os profissionais com mais de 50 precisam estudar continuamente e entender as características do seu ofício.
“A educação continuada deve ser uma realidade para qualquer indivíduo, independentemente da sua idade, e a boa notícia é que cada vez mais existem conteúdos disponíveis e acessíveis, inclusive gratuitos, que facilitam esse processo”, completa Sandro.
Além isso, esses profissionais precisam compreender que o estudo vai além do aprender clássico, mas ele é contínuo e para o resto da vida. “A aprendizagem contínua traz autoconfiança, motivação e satisfação pessoal, o que se reflete em uma maior produtividade e eficiência no ambiente de trabalho”, diz Carina.
Daniela Diniz, Diretora de Conteúdo e Relações Institucionais do Ecossistema Great People & Great Place To Work (GPTW) conta que o profissional com mais de 50 precisa estar constantemente atualizado, conhecer as novas ferramentas de trabalho do século XXI, que são apoiadas em novas tecnologias; estar aberto ao novo; ser curioso e fazer perguntas. Ele deve agregar o lifelong learning a sua rotina.
“É importante também conhecer o setor em que se pretende trabalhar e a dinâmica do trabalho. Mas se estamos falando mais de profissionais da área técnica, operacional ou administrativa as qualificações variam um pouco. O que não varia, e é fundamental a todo profissional que quer se manter ativo e relevante no mercado de trabalho, são as características citadas acima. Muitas vezes a geração mais sênior acredita que não precisa mais aprender, que já passou do tempo, que não tem capacidade de aprender. E aí é que está equívoco. Isso significa que não tem uma receita simples para esse profissional se manter no mercado de trabalho, faça um curso x e isso vai garantir sua empregabilidade. Não é por aí. É preciso mudar a postura, o comportamento e ter o pensamento mais aberto e receptivos às transformações do mundo”, exemplifica Diniz.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop