Que a cultura de startups está revolucionando o mercado, todos já sabem. Todos os anos, dezenas de startups transformam a maneira como as pessoas consomem e se relacionam com marcas. Mas o que você talvez ainda não saiba é que o cooperativismo pode – e deve – aprender muito com a jornada delas!
Apesar dos contextos tão diferentes, a cultura de startups não é contraditória aos princípios do cooperativismo. Afinal, ambos compartilham o mesmo objetivo: apresentar soluções para melhorar a vida das pessoas.
O que as cooperativas podem aprender com a cultura de startup?
Uma das principais características da cultura de startup é a objetividade. Portanto, já entrando no clima, vamos direto ao ponto: a seguir estão alguns dos aprendizados que elas podem oferecer ao cooperativismo!
Aproxime as lideranças e os times
Como é a gestão da sua cooperativa atualmente? E como funciona o fluxo de trabalho? Seus colaboradores se sentem confortáveis para entrar na sala dos líderes e dar sugestões, feedbacks e análises? Existem regras de comportamento, vestimenta e horários para diferenciar os diferentes níveis da sua gestão?
São muitas perguntas para responder, mas não se preocupe. Tudo isso está aqui apenas para mostrar a importância de pensar em sistemas que rompem fronteiras desnecessárias e evitar a separação entre líderes e colaboradores.
Se você entrar em uma startup, é possível que note um espaço amplo, aberto, com poucas paredes e vários ambientes de interação. Também vai perceber que as pessoas se vestem mais confortavelmente. Nada disso acontece por acaso: essas técnicas são usadas na cultura de startups para aproximar indivíduos e promover a inovação.
Não há motivos para deixar colaboradores distantes dos líderes ou dos colegas. Se alguém tem uma ideia, é muito mais provável que ele compartilhe com seu chefe se ele estiver disponível (em todos os sentidos) do que se ele estiver em uma “redoma” separada.
Isso é interessante para cooperativas, pois permite que as pessoas se comuniquem mais facilmente e consigam criar um fluxo de compartilhamento prático, aumentando as chances de bons resultados.
O erro faz parte da evolução
Pouca gente sabe, mas o X, antigo Twitter, surgiu inicialmente com o nome de Odeo. A ideia era criar uma plataforma de podcasting e, apesar disso parecer muito promissor hoje em dia, o conceito fracassou na época.
Afinal, a Apple estava lançando o iTunes e o Odeo se tornou obsoleto. No entanto, esse erro não foi o fim. Depois de alguns ajustes, o sistema foi adaptado para um microblogging chamado de Twitter.
Esse é um exemplo perfeito de como a cultura de startups acolhe as falhas. Mais do que isso, elas não interpretam essas estratégias como “erros”, e sim como aprendizados para uma próxima jogada. No cooperativismo, isso permitiria atitudes mais ousadas e promoveria hábitos de reconstrução de planejamento.
Proporcione um ambiente criativo e aberto a novas ideias
Hoje em dia, a Pixar é vista como uma das maiores empresas de entretenimento do mundo. Mas nem sempre foi assim: na obra “Criatividade S.A.: Superando as forças invisíveis que ficam no caminho da verdadeira inspiração”, um dos fundadores da empresa (Edwin Catmull), fala sobre toda a jornada de construção da marca.
Um dos principais desafios da produtora foi a criação de um espaço aberto e que permitisse a troca de ideias sem julgamentos e sem medo do erro. A cultura de startups foi essencial nesse projeto e ajudou a criar o que foi chamado de “Banco de Cérebros”, uma espécie de “local seguro” para que todos joguem opiniões, conceitos e insights sem preocupações com reputação ou ego: apenas com a criatividade.
Vale refletir: como a sua cooperativa pode ter seu próprio Banco de Cérebros?
Tomar riscos calculados é necessário
Dizem que “quanto mais alto se sobe, maior é a queda”. No caso das startups, a lógica é um pouco diferente. Assumir riscos é uma atividade que faz parte da natureza da cultura de startups, que consiste na ideia de um crescimento – ou declínio – rápido.
Isso não significa que uma instituição deve sair tomando qualquer decisão apenas porque quer. Muito pelo contrário: ao estudar a história de muitas dessas marcas, observamos que até as atitudes mais ousadas foram previamente calculadas.
Se as coisas não acontecem como o esperado, a ideia é não voltar para a estaca zero. Assim como no exemplo anterior em que o Twitter se moldou para uma nova realidade, é preciso entender que a meta dessas instituições é seguir em frente e não se acomodar com o que é acessível e fácil.
Aprendizado contínuo é o caminho para o futuro
O comodismo em relação ao conhecimento é um grande risco. Novas ideias, conceitos e tendências não param de surgir, então por que parar de aprender?
Por estarem em um mercado volátil e que está sendo reconstruído, as startups exigem atualizações constantes. Se para uma companhia tradicional a atualização a termos e conceitos inovadores é essencial, para as startups isso precisa ser ainda mais imediato.
É comum encontrar colaboradores de startups que estejam fazendo cursos de especialização ou até mesmo participando de oficinas oferecidas pelos líderes. O aprendizado contínuo simplesmente faz parte dos pilares desse sistema, sendo uma prioridade de muitos empreendedores.
Portanto, é preciso aprender com a cultura de startups e adotar técnicas que estão sendo usadas para manter a equipe sempre engajada e interessada.
Para uma startup, perder um talento para um concorrente é uma prática que deve ser evitada a qualquer custo. Por estarem em constante construção, essas marcas tendem a ver seus profissionais evoluindo junto delas. Por isso, o crescimento e a fidelização de times é uma grande prioridade dessa comunidade.
Isso acontece através do fornecimento de boas condições de trabalho, benefícios, bons salários e, principalmente, oportunidades de melhorias no cargo e promoções.
Como o cooperativismo e a cultura de startups se unem
O mais interessante da relação entre a cultura de startups e o cooperativismo é o fato de que ambas podem se complementar gerando negócios inovadores, dinâmicos e cheios de impacto!
O conceito de startup cooperativa (ou cooptechs) já é uma realidade. Ao redor do mundo todo, milhares de companhias já se enquadram nessa categoria, que alinha os valores e princípios cooperativistas ao modo ágil e eficiente da cultura de startups.
Em 2020, o marco legal das startups foi aprovado pelo governo brasileiro. Além de regulamentar o setor, ele abriu caminho para que cooperativas pudessem se enquadrar nesse perfil sem precisar abrir mão de suas características originais.
Todos os dias, muitas iniciativas de inovação aberta surgem para renovar as práticas do mercado. A parceria entre cooperativas e startups é capaz de gerar benefícios mútuos, o que fortalece o ecossistema de inovação cooperativista com apoio da cultura de startups.
O Programa InovaCoop Conexão com Startups é um exemplo, uma vez que promove condições de compartilhamento e aprendizado mútuo entre esses dois segmentos. A iniciativa já contou com duas edições, dando início a relações proveitosas entre cooperativas e startups.
A primeira edição do programa atendeu cooperativas de crédito, saúde e transporte, além do próprio Sistema OCB. Já a segunda edição se dedicou a encontrar soluções propostas por cooperativas agropecuárias.
É verdade que as cooperativas podem aprender muito com startups. Ainda assim, é preciso encontrar um ponto de equilíbrio que preserve as singularidades e o modelo sólido e competitivo do movimento coop.
Fonte: Negócios Coop