Não é novidade que o cooperativismo tem a capacidade de melhorar, alterar, tornar as atividades mais sustentáveis e até incluir as pessoas no mundo das finanças.
No entanto pela primeira vez essa premissa foi comprovada em uma tese de doutorado apresentada no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás (UFG), regional Jataí, em 2021.
Os resultados positivos do cooperativismo e como as cooperativas agem nas regiões foram os temas que o geógrafo Divino José Lemes de Oliveira, atual professor e coordenador do curso de geografia na Universidade Estadual de Goiás (EEG), unidade de Iporá, escolheu para a sua pesquisa.
Por meio dos dados obtidos em campo e relacionados às reflexões teóricas, Divino constatou que as organizações foram responsáveis pelas mudanças ocorridas nas últimas décadas, no município de Iporá
Para o pesquisador as cooperativas têm um papel importante na sustentabilidade, colaborando inclusive com a elevação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nos municípios.
“As cooperativas contribuem para a distribuição de renda, pois são organizações mais democrática. Elas promovem a melhoria da vida de seus membros. Na região de Iporá observei que as cooperativas colaboram de forma evidente na redução das desigualdades sociais, pois oferecem trabalhos e auxílio aos pequenos produtores. Elas também criam programas para incluir as mulheres e os jovens, que tiram dessas oportunidades as suas rendas”, exemplifica.
Motivação pessoal
Essa percepção benéfica do cooperativismo na vida das pessoas foi vivenciada pelo próprio Divino durante a sua vida. Ele conta que essa foi uma das motivações da sua pesquisa.
Lemes relata, que desde criança acompanhou seus pais em movimentos associativos e cooperativos. Nessa fase teve contatos com as cooperativas do município de Iporá e as outras do estado de Goiás, e assim passou a acompanhar as suas rotinas.
Durante essas observações Divino pode observar o quanto elas contribuíam e mexiam com as vidas da comunidade, promovendo o desenvolvimento econômico de uma forma mais solidária.
“Elas atendem às necessidades e interesses de seus membros por meio de um modelo de organização participativa. Além ainda de contribuir como instrumento de desenvolvimento econômico da região atingida, bem como das comunidades mais vulneráveis, como é o caso da região do Oeste Goiano, e da zona rural”, lembra.
Outros elementos percebidos pelo professor, foi o de que as cooperativas têm uma importância social, por oferecerem benefícios sociais, acessos aos serviços financeiros, educação e até treinamentos de cooperados e da comunidade.
Isso ocorre porque elas são formadas por pequenos produtores, que muitas vezes não sabe organizar e potencializar as suas produções. Quando se unem com outras pessoas com as mesmas necessidades, ganham força para negociar com preços e condições melhores.
“Não menos importante, são a assistência e a qualificação profissional oferecida pelas cooperativas. Além de abrir novos horizontes, como no caso das mulheres, antes excluídas totalmente do processo produtivo comercial. Desta maneira verificamos que por meio das organizações é possível incluir trabalhadores na economia formal”, diz.
Além dos aspectos econômicos, e sociais Divino deu uma grande atenção as questões sustentáveis. Ele constatou que muitos dos valores cooperativistas tem ligação com a preservação do meio ambiente por meio a implementação de práticas mais conscientes.
O cooperativismo diversificado
O estudo também detectou que o cooperativismo é adaptável a qualquer área, desde agricultura, serviços financeiros, saúde, educação habitação e consumo.
Essa versatilidade do setor promove o desenvolvimento humano, as relações familiares e econômicas.
Lemes conta que nas cooperativas pesquisadas observou que as suas atuações são amplas, conseguem reunir gerações dentro de uma família e apoiar os pequenos produtores rurais, que passam a ter acesso a compra de insumos e demais produtos a preços mais acessíveis.
Elas vão além disso, promovendo cursos, aperfeiçoamentos, oferecendo acesso às tecnologias e inovações para facilitar o dia a dia dos associados e cooperados.
“As cooperativas pesquisadas também possibilitaram a diversificação de atividades econômicas na zona rural, como a produção de doces, hortas, artesanato, criação de animais exóticos e de pequeno porte, entre outros. Com isso, as atividades possibilitaram a ampliação de renda, contribuindo para fixação de moradores na zona rural e em algumas situações até freando o acelerado e descontrolado êxodo rural”, ressalta.
Do ponto de vista sociocultural, o movimento cooperativo atua de maneira combinada com as outras ações culturais, religiosas, entretenimentos e confraternizações.
“O cooperativismo é sem dúvida uma importante ferramenta para fortalecer os elos mais fracos da cadeia comercial, especialmente por promover a inclusão social e econômica de pequenos produtores”, finaliza Divino.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop