Desde sua criação, as cooperativas de crédito têm desempenhado um papel essencial na busca por avanços sociais e mercadológicos. E em um momento em que o mercado precisa reaprender todos os dias, o cooperativismo tem sido protagonista em diversas pautas, algumas delas em destaque no segundo dia do CoopTalks Crédito, o maior congresso digital do cooperativismo de crédito, realizado hoje (26) pela MundoCoop.
Dando sequência a um primeiro dia cheio de trocas, a 4ª edição do CoopTalks Crédito retornou para uma maratona de conteúdo e de conhecimento. Com painéis e palestras reunindo 13 especialistas e nomes do mercado, o encontro virtual buscou destacar os temas que formam os pilares do novo mercado, trazendo luz sobre trilhas que as cooperativas devem ficar atentas para serem relevantes e competitivas. Com apresentação do sócio-fundador e diretor da MundoCoop, Douglas Ferreira, a jornada de conteúdo que durou 5 horas e reuniu mais de 3 mil inscrições e 1200 pessoas simultaneamente, iniciou seus trabalhos com o objetivo de ser o ponto inicial de uma longa conversa para o setor.
Trazendo o “Mercado Financeiro e o Cooperativismo”, o economista e colunista da MundoCoop, Luis Artur Nogueira, falou sobre o atual cenário da economia mundial. Segundo ele, o contexto de guerra que se estende na Europa e Oriente Médio deve elevar a inflação e impactar diretamente no crescimento mundial. No Brasil, “O agronegócio continuará como grande impulsionador da economia, apoiado pelo mercado como um todo e principalmente pelas cooperativas”, e o setor tem a capacidade de continuar sendo um importante player da economia brasileira, não somente em resultados efetivos, mas também na busca por uma agenda econômica mais equilibrada.
Continuando os trabalhos, o painel “Tendência: sistema financeiro cooperativo no Real Digital” buscou explicar melhor o papel das cooperativas de crédito na implementação do Real Digital, o Drex. Em fase de testes, a moeda digital brasileira tem chamado atenção mercado e as cooperativas – através do consórcio SFCoop, que reúne Sicoob, Sicredi, Ailos, Cresol e Unicred – já se mostraram fundamentais para a aplicação da ferramenta.
No painel, que contou com a participação de Marco Aurelio Fernandes, Analista de arquitetura de TI do Sicoob; Solange Parisoto, consultora digital do Sicredi e Marcio André Falcão, diretor de tecnologia da Cresol Confederação, os representantes explicaram como o Drex tem sido desenvolvido e suas reais aplicações. “O Drex é muito mais do que uma moeda ou meio de pagamento, é uma plataforma para contratos inteligentes e seguros”, reforçou Solange, destacando que a moeda digital deve trazer mais segurança e legitimidade para as transações. Marco Aurelio, do Sicoob, reforçou que o formato digital do Real não será a única opção dentro do Drex, com a inserção de outros ativos financeiros. “Hoje o Drex é a moeda digital usada no varejo e outros processos, mas também será uma plataforma que adicionará outros ativos financeiros essenciais para o brasileiro”. Para Marcio Falcão, é importante se atentar ao fato de que as cooperativas desempenham, mais uma vez, um papel importante na agenda de inovação financeira. “O cooperativismo será mais uma vez inovador e disruptivo, ao colocar no mercado uma novidade que irá inaugurar um novo momento na agenda da inclusão financeira, que é o principal papel das cooperativas de crédito”, concluiu, destacando que o setor será o canal para que a usabilidade do Drex seja de fato, mostrado para a sociedade.
Destacando “O papel da liderança na era da inovação”, a palestra de Volmar Machado, Mentor Executivo e Professor, buscou consolidar a importância de olhar para a inovação como um processo estratégico, capaz de alavancar negócios e impactar positivamente as pessoas. Para Volmar, no contexto cooperativista, o maior desafio é a criação de um ecossistema que realmente desempenhe tarefas que coloquem a inovação em prática, observando-a como um pilar vital para a longevidade da cooperativa. Neste processo, incentivar lideranças e colaboradores a buscar pela inovação deve ser uma tarefa constante, sem ser negligenciada.
“A Inteligência Artificial para Decisões de Crédito” foi o foco do segundo painel do dia, mediado pelo consultor e especialista Sergio Constantini, e que recebeu o Consultor Senior de Soluções para América Latina na Provenir, Ricardo Wodianer; e Rafael Soares, Diretor de Risco (CRO) da Jeitto. Com foco no papel da IA no cooperativismo e como essa ferramenta pode alavancar o setor, Ricardo começou lembrando que “É preciso ter ferramentas que permitam que o processo de inovação ocorra. Ter essas ferramentas aproximam usuários não-tech de um ambiente tecnológico mais abrangente”. No ecossistema cooperativo, a aplicação da IA possui diversas frentes, principalmente na construção de uma maior proximidade com o cooperado, esse que é – segundo Constantini – o principal ativo das cooperativas. Para Rafael, a IA desempenhará um importante papel na personalização dos produtos, tornando todo o processo mais próximo do cooperado. “A IA pode ajudar a detectar e ajudar na jornada do usuário dentro do ecossistema da cooperativa, criando soluções mais personalizadas”, destacou. Ricardo por sua vez salientou que “É no ponto da personalização e jornada do cliente que a utilização da Inteligência Artificial pode agregar ainda mais para o ecossistema cooperativo”.
Com o tema “Experiência do cliente: relacionamento com os cooperados”, o Sócio da consultoria Zxperience e Professor de Transformação Digital da FIA, Rafael Caetano, trouxe luz para o atual mercado onde as cooperativas estão inseridas, lembrando que há uma maior competitividade, com players que não faziam parte do ambiente de crédito e que agora, criam soluções voltadas para esse ecossistema. Para ele, é necessário que as cooperativas entendam o perfil do novo consumidor, acostumado com hábitos criados pela própria configuração de mercado vista na atualidade. “O consumidor determina por onde quer ser atendido, e ele não tolera precisar repetir para múltiplas empresas quais as suas demandas e vontades. Quem conseguir transformar valor em oportunidades, conseguirá avançar e abraçar esse novo consumidor, já alinhado com um ambiente de negócios mais sofisticado e com acesso a mais informações”, afirmou. Para Caetano, as cooperativas precisam repensar processos, criando uma gestão mais dinâmica e integrada, que acompanhe a jornada do cliente do ponto A ao B.
Caminhando para a hora final do CoopTalks Crédito, o painel “Os negócios estão mudando, as cooperativas estão preparadas?” recebeu Elisa Simão, Sócia da PWC Brasil e Líder do Centro de Excelência para Cooperativas de Crédito; e Ademar Schardong, Conselheiro de administração e Consultor empresarial. Destacando como a gestão cooperativa deve se comportar, Elisa lembrou que um dos maiores desafios da atualidade é o crescimento, que desafia o propósito da cooperativa. “Entre os principais desafios está a manutenção sustentável do crescimento e o acompanhamento das tendências de mercado”, ressaltou. Mesmo em meio à crescimento constante e frutífero, o setor não pode deixar de lado aquilo que é sua característica original, sempre alinhando práticas novas do mercado com a expertise cooperativista. “O propósito da cooperativa, que é a agregação de renda e do empreendedorismo, está no cerne da cooperativa. Quando o objetivo e o propósito não estão em sintonia, estamos negligenciando o associado”, alertou Schardong, lembrando que para garantir a longevidade do setor, é vital que se criem programas e práticas que formem as próximas lideranças do setor.
Olhando para o futuro, o painel “2024, cenários e impactos do cooperativismo” buscou desvendar o que as cooperativas podem esperar para o próximo ano. Com participação do Economista Comportamental, Marcio Nami; e Diogo Angioleti, especialista em finanças e comportamento do Sistema Ailos, o bate papo lembrou que as instituições financeiras cooperativas devem sempre estar atentas às tendências de mercado. Para Diogo, o cooperativismo seguirá firme enquanto haja pessoas engajadas com sua filosofia. “O cooperativismo acontece quando acreditamos que o sistema pode mudar realidades e impactar ainda mais pessoas”, pontuou. Para Nami, é importante que o setor busque aquilo que o destacará diante do mercado. “O cooperativismo gasta tempo e energia se preocupando com a sua diferenciação de bancos tradicionais, quando deveria buscar aplicar tecnologia para criar tendências que definirão o futuro do mercado”, reforçou. Para completar, os painelistas lembraram que o movimento deve investir mais em comunicação e intercooperação, apoiando seu crescimento naquilo que sempre definiu o setor: sua identidade.
Para finalizar a programação, o sócio fundador da Yassaka Educação Comercial, Kasuo Yassaka, deu uma aula de vendas falando sobre “Como vender serviços financeiros”. Kasuo lembrou que a estratégia de vendas deve envolver todos os níveis da liderança que estejam diretamente ligados com o processo de penetração do negócio, e que velhas práticas de formação de colaboradores devem ser repensadas. Para ele, no momento do negócio é necessário criar condições para que sejam despertadas sensações no possível cliente, de forma que ele transmita quais são suas demandas e objetivos. O gestor é um tutor do processo de vendas da empresa, e ter sua participação é fundamental para o sucesso nos negócios. Para bons negócios é necessário entender o produto não apenas como um simples serviço, mas como uma ferramenta de tranquilidade e prosperidade para o cliente e cooperado.
CoopTalks Crédito – 4ª edição
A 4ª edição do CoopTalks Crédito é uma realização da MundoCoop e com apoio de seus parceitos e colaboradores. Para conferir a transmissão completa do primeiro dia, acesse o canal oficial no Youtube.
O segundo dia, uma maratona de conteúdo com especialistas do mercado, pode ser conferido na íntegra no YouTube da MundoCoop.
Por Leonardo César – Redação MundoCoop