A diversidade está em alta não só nas empresas, mas na essência das cooperativas, que desejam evoluir e ganhar mais espaço no mercado. Na atualidade investir nela se tornou o ponto chave para os cooperados que desejam ampliar os seus negócios, horizontes, encontrar soluções criativas para os problemas e até entender melhor como pensa o seu público-alvo.
Carlos André Santos de Oliveira, diretor executivo do Sistema OCB/ES, conta que as cooperativas já praticam a cultura da diversidade em seus quadros sociais desde as suas origens. “Isso é garantido pela Lei 5.764, que assegura a adesão voluntária em seu primeiro princípio do corporativismo. O movimento sempre teve uma postura de vanguarda e assim como tudo na sociedade, ao longo da história o corporativismo evoluiu a sua visão de diversidade. Entendemos que abrir espaço para a diversidade é fundamental, não só para mantermos o nosso caráter humano, mas nos diferenciar dos demais modelos no mercado e garantir a nossa perenidade”, lembra.
Um estudo feito pela Harvard Business, apontou que empresas nas quais o ambiente de diversidade é reconhecido, engajam em 17% os seus colaboradores. Já o estudo A diversidade como alavanca de performance, publicado em 2021 pela McKinsen, destaca que organizações com maior diversidade de gênero em cargos executivos têm 21% mais chance de ter resultados acima da média.
Fabíola Nader Motta, Gerente Geral do Sistema OCB, conta que quando a cultura da diversidade é absorvida pelas cooperativas vários dos seus aspectos são melhorados. “Quanto mais diversidade, maior as possibilidades de a cooperativa ampliar os seus negócios. Então, ignorar essa premissa é também perder inúmeras chances de inovação que podem surgir, a partir da pluralidade de ideias, da preocupação com o outro e do entendimento das reais necessidades do seu público-alvo”, conta Motta.
Fora isso uma das essências do corporativismo é atrair talentos e de formar uma equipe mais plural, que realmente se importe com o coletivo. “O cooperativismo é um modelo de negócios que estimula a cooperação. Estimula o foco nas pessoas, independentemente de etnia, raça, sexo, religião e posição social. Então, é um modelo ideal para estimular a participação de todas as pessoas por um objetivo em comum. Ele consegue estimular a participação de diferentes, convidando todos a se unirem para melhorar a vida não apenas do grupo, mas de toda a comunidade. Praticar a diversidade é uma maneira de expandir o olhar e as possibilidades de novos produtos que sejam inclusivos, inclusive no campo da tecnologia”, exemplifica a Gerente Geral do Sistema OCB.
Os benefícios da diversidade
Para desenvolver a diversidade dentro das cooperativas é importante ter vontade e planejamento. Cooperativas de diferentes segmentos e portes, terão estratégias diferentes nesse sentido. Fabiola explica que o mais importante no processo é ter uma decisão consciente da liderança da cooperativa e que ela tome a decisão de fazer ações efetivas para atrair esses públicos. “Não adianta fazer apenas um discurso bonito sem realizar mudanças efetivas. O que não faltam são opções de como fazer. A questão é colocar isso como prioridade, dedicando recursos e pessoas para esse objetivo”, indica.
Ela dá exemplos de ações desenvolvidas nas Cooperativas. Entre elas, a criação dos comitês Elas Pelo Coop e Geração C. “Por meio do concurso cultural Embaixadores Coop, que premiou 20 mulheres e 20 jovens, as vozes deles e delas reverberaram e os comitês se transformaram em realidade. Hoje, os esforços destes comitês consultivos são para garantir que cada cooperativa tenha essa representatividade para que jovens e mulheres estejam cada vez mais presentes e ocupem, também, cargos estratégicos e de liderança dentro de suas cooperativas”, exemplifica a especialista da OCB.
Além desse projeto, a OCB tem alinhado os temas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS’s), previstos na Agenda 2030 da ONU. “São iniciativas que transformam vidas e negócios. Queremos seguir demonstrando nossa capacidade de nos diferenciar e liderar mudanças que são anseios da sociedade mundial, mantendo o propósito cooperativista de atuar em prol de um mundo mais justo, equilibrado e feliz”, lembra Motta.
O trabalho vale muito à pena, pois não são poucos os benefícios que a diversidade traz para as cooperativas. Fabíola levanta vários deles. Um dos primeiros é o de que um ambiente mais diverso permite uma melhor compreensão do mundo e do público-alvo da cooperativa. “Se nos conectamos apenas com pessoas que são iguais ou pensam como nós, será mais difícil entender a necessidade do outro. Um time diverso tem menos pontos cegos. e isso faz sim com que a competividade nos negócios aumente,” lembra ela. Em segundo lugar, um ambiente diverso ajuda a atrair talentos empáticos e engajados. “Ele também contribui para o aumento da criatividade e da inovação. O que por sua vez, ajuda a oferecer melhores produtos e serviços, ampliando a capacidade de atingir a necessidade real dos clientes”, exemplifica Motta.
Cooperativas investem em diversidade
Por esses e outros motivos, Drayze Rigo Teodoro Piske, Presidente da Coopesg, uma cooperativa educacional com 30 anos de atuação, iniciou os seus trabalhos com o objetivo de oferecer um melhor ensino os filhos dos cooperados, e colocou a diversidade como um dos fundamentos da cooperativa. Rigo aplica o tema tanto nas contratações, quanto nos relacionamentos com os cooperados e colaboradores. “Respeitar a diversidade e planejar ações que valorizem o ser humano como ele se identifica quanto ao gênero, cultura, opções de vida, não apenas amplia a cartela de cooperados, mas ao mesmo tempo, promove entre seus quadros, um sentimento de “pertencimento”. É importante que todos se sintam aceitos e percebam que possuem as mesmas oportunidades de crescimento”, lembra Teodoro.
Segundo Piske, a maneira mais eficaz de fazer isso é em primeiro lugar, formar entre os colaboradores uma cultura de respeitar e olhar para o próximo. “Planejar com a equipe, ações em que as pessoas possam livremente expor suas ideias, participar da tomada de decisões e até mesmo no planejamento de outros projetos e produtos”, conta Rigo. No caso da Coopesg, que é uma cooperativa educacional, a diversidade se tornou um tema essencial, já que o objetivo é a formação de indivíduos. “Não ter em seus quadros, espaço para a diversidade, demonstra o despreparo para formar crianças e jovens. Não promover o respeito à diversidade, é incompatível com a função de educar”, lembra Teodoro.
Drayze recorda que antigamente as pessoas acreditavam no modelo de pessoa, família ou sociedade ideal. “Era um modelo rígido e fechado às diferenças e principalmente ao diálogo. Esse sentimento foi se modificando ao longo do desenvolvimento da própria sociedade e das cooperativas. Elas sempre valorizaram a união das pessoas em seus desejos e esforços para um resultado de sucesso para todos. O cooperativismo traz em sua essência a união entre as pessoas e o respeito”, finaliza.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop