O agro se faz com pessoas. E nos últimos anos, o Brasil tem apresentado para o mundo um vasto e potente mercado, produzindo mais e com menos impacto no meio ambiente. Na missão de garantir a segurança alimentar de milhões de pessoas ao redor do globo, as cooperativas desempenham um papel fundamental. E através de um trabalho humano e conectado com a terra, tem ressignificado a forma de produzir.
Sendo um dos maiores ramos do cooperativismo no Brasil, o Agro reúne hoje 1.170 cooperativas e mais de 1 milhão de cooperados, segundo levantamento do AnuarioCoop – Dados do Cooperativismo Brasileiro 2022. Forte motor da economia e garantindo resultados mesmo durante a pandemia, o setor em 2021 gerou 239 mil empregos diretos, levando qualidade de vida e novo propósito para milhares de brasileiros. Aliado a isso, das 100 maiores empresas do agronegócio brasileiro em 2021, 27 foram cooperativas; segundo levantamento da Forbes Brasil.
Para João José Prieto, Coordenador do Ramo Agro no Sistema OCB, o modelo de negócio do setor é um dos principais fatores que corroboraram para o seu sucesso atual. “O modelo societário e de negócios diferenciado é o grande fator de crescimento e consolidação dessas cooperativas e consequentemente de seus cooperados, que agrupados por meio desses empreendimentos conseguem escala, poder de comercialização, assistência técnica e infraestrutura, além de participação democrática nas decisões, retorno econômico e prosperidade social”, explica.
Hoje, as cooperativas são responsáveis por 50% da produção de grãos nacional, com participação massiva em culturas como o trigo (75%), soja (52%), café (55%), leite (46%), milho (53%), algodão (48%), feijão (43%) e suínos (50%). Presentes em diversos segmentos, destaca-se no setor as cooperativas agro voltadas aos segmentos de insumos e bens de fornecimento. Contudo, a penetração do setor é ampla, com atividades que vão além da especialidade no qual cada uma se destaca. “A informação que o anuário do cooperativismo 2022 apresenta é que além de possuírem fatia representativa em insumos e bens de fornecimento, pelo menos 58% das cooperativas atuam com produtos não industrializados de origem vegetal, 34% com produtos não industrializados de origem animal, 33% com serviços, 25% com produtos industrializados de origem vegetal e 17% com produtos industrializados de origem animal”, reforça Prieto.
Mesmo com uma presença significativa, o setor trabalha diariamente para ganhar ainda mais espaço na produção nacional, criando ações e iniciativas para impulsionar o alcance das cooperativas do setor. Para Prieto, tal movimento não parte apenas do ramo em si, e tem profunda conexão com o cenário macro do país. “Além de também já possuírem negócios em outros segmentos importantes, as cooperativas têm buscado se movimentar para garantir ainda mais presença nas cadeias do agronegócio a partir do aprimoramento de processos de gestão, governança e profissionalização. Movimentação essa que pode ser potencializada pelo desempenho do país no que tange as políticas públicas para o setor e para o cooperativismo, assim como a capacidade que o estado tem de criar um ambiente de negócios favorável a esses empreendimentos, promovendo dessa maneira o crescimento dos cooperados e cooperativas agropecuárias”, frisa.
De pessoas para pessoas
Reunindo um grande número de cooperados em todo o Brasil, o ramo agro assim como outros, possui grandes, médias e pequenas cooperativas. E em seus três graus de magnitude, um elemento se destaca no setor: a agricultura familiar. Dos mais de 5 milhões de estabelecimentos rurais do país, 76,8% foram definidos como do perfil de agricultura familiar, segundo o Censo Agropecuário 2017 do IBGE. Em valor de produção, o estudo apontou que essa categoria gerou faturamento de R$106,5 bilhões, respondendo por 23% do total nacional.
Segundo Pietro, os agricultores familiares são um dos pilares do agro brasileiro, mesmo com desafios a serem enfrentados diariamente. “Apesar dessa representatividade e essencialidade desse perfil de produção para o Brasil, é sempre um desafio indicar uma medida que possa agrupar a contribuição da agricultura familiar para a produção nacional de forma ampla devido a toda diversidade que temos em nível de país”, explica. Mesmo neste cenário, o futuro é promissor, esse grupo deve ganhar ainda mais espaço, sobretudo nas cooperativas agropecuários, onde o agro familiar representa 71,2% dos quadros societários. “Para o futuro do Brasil, o papel da agricultura como um todo será essencial para a economia, sociedade e meio ambiente, principalmente no que diz respeito aos produtores da agricultura familiar que, assim como o segmento, tem o poder de distribuir renda, produzir alimentos e fortalecer as regiões e os meios sociais em que estão inseridos”, completa.
Tendências para um novo agro
Assim como em outros setores da economia, o agronegócio passa por um momento de transformação. Com a demanda alimentar cada vez mais alta e a composição sociopolítica do mundo mudando as relações de negócios entre velhos países aliados, tornar o Brasil uma potência ainda maior é essencial. Aliado a este cenário, velhos processos cabem neste novo status quo, onde a busca por um agro sustentável, que agregue valor de produção e responsabilidade social e ambiental, é uma demanda urgente e necessária.
Mesmo em um cenário adverso, o setor prospera. E as cooperativas, baseadas em pilares centenários, conquistam um novo status, se mostrando mais uma vez como o modelo mais adequado ao momento atual. “A expectativa é que o cooperativismo siga crescendo e navegando independentemente de toda volatilidade, por meio do que faz de melhor: trabalho conjunto, orientado e organizado”, explica Pietro.
Além disso, em um cenário cada vez mais competitivo, as cooperativas agropecuárias devem estar atentas em sua estratégia diante do mercado, de forma a reforçar seu propósito, em busca de uma maior conexão e proximidade com o público, que tornará o modelo ainda mais presente no dia a dia do brasileiro. “As cooperativas agropecuárias devem explorar o momento atual mostrando ao mundo que em seu DNA a presença de métodos sustentáveis de produção e negócios se faz presente, principalmente diante dos princípios do movimento cooperativista que nascem alinhados com as diretrizes ESG. Dessa forma, os produtores rurais associados ao cooperativismo podem se colocar na vanguarda da produção sustentável nacional, assim como no papel de difusores de tecnologia e métodos de produção que vêm revolucionando o Brasil e a produção global de alimentos”, finaliza.
Por Leonardo César – Redação MundoCoop