A revolução tecnológica no campo está a todo vapor no Ramo Agropecuário do cooperativismo. Um exemplo é o da Cooabriel, Cooperativa Agrária de Cafeicultores de São Gabriel, a maior cooperativa de Café Conilon do Brasil. De olho na segurança e controle nos processos, a coop está implantando um novo sistema de gestão empresarial. Consiste em um conjunto de ‘aplicativos de negócios inteligentes’, que darão, segundo a Cooabriel, “mais controle e segurança” na entrada e no processamento dos dados gerados, “além de padronização entre os setores”.
“Hoje, é extremamente necessário, para produtores que têm grandes produções, bem como para os pequenos [produtores] – se quiser produzir de uma forma mais organizada, tendo um controle total da sua produção -, é importante ter o uso dessas ferramentas tecnológicas”, contextualiza Jerffesson Silveira, engenheiro agrônomo do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado da Bahia – Oceb e representante da Oceb no Fórum Baiano das Cooperativas Agropecuárias.
O fórum auxilia o desenvolvimento das cooperativas do Ramo Agropecuário através de mercados e negócios, com instrutorias, programas e capacitações. Atualmente, segundo Jerffesson Silveira, o fórum está trabalhando para ajudar mais cooperativas da Bahia na implantação de aplicativo de conectividade e monitoramento de produção, desde a colheita até a comercialização.
“A tecnologia e inovação ajudam na aceleração e dinamização, para que o produtor tenha o contato com outros profissionais, através da conectividade, dos aplicativos. Hoje, o produtor pode fazer o mapeamento da sua área, pode ter um maior controle de pragas, saber um momento exato de adubar o solo, fazer correções. Tudo isso são ferramentas que facilitam e trazem praticidade”, analisa Jerffesson Silveira.
Para Jaymilton Gusmão, vice-presidente da Cooperativa Coopmac – Cooperativa Mista Agropecuária Conquistense e conselheiro diretor representante do Ramo Agropecuário na Oceb e, as tecnologias e práticas digitais, como aplicativos, softwares, sensores e monitoramento em tempo real, já se tornaram “essenciais” dentro da cadeia de trabalho das cooperativas.
“As cooperativas usam bastante aplicativos que tem acesso de gerenciamento, seja gerenciamento da lavoura, quanto gerenciamento do clima para aplicar os insumos na época correta, na quantidade correta. O interessante é que temos muitas ferramentas gratuitas que foram criadas, inclusive, pelas nossas instituições de pesquisas, como as universidades e a própria Embrapa”, destaca.
São mais de 1,1 mil cooperativas do Ramo Agropecuário espalhadas pelo país, presentes nas atividades agropecuária, extrativista, agroindustrial, aquícola ou pesqueira, e levam modernização ao campo, abastecendo os brasileiros com alimentos de qualidade e contribuindo para a economia do país.
Por isso, na avaliação de Gusmão, o desenvolvimento tecnológico é indispensável, especialmente no território baiano, que abriga o maior número de cooperativas do Ramo Agropecuário da região Nordeste. “A Bahia é um estado que parece um país, que tem diversos climas, diversos biomas e diversos ambientes adaptados a diversas culturas. Para cada região dessa temos cultivares de plantas específicas, manejo de cultivo diferente, temos aplicação de agroquímicos ou de biológicos distintos, de acordo com a região. Então, é fundamental a gente ter essa tecnologia para conseguirmos produzir cada vez mais alimentos seguros ao consumo, alimentos sem nenhum tipo de resíduo químico e nem genético”, explica.
Atualmente, 34 cooperativas agropecuárias estão ativas na Bahia. E elas mostraram, em 2021, um crescimento financeiro surpreendente. O ingresso – ou faturamento – total foi de R$ 4,8 bilhões, acréscimo de 85% em relação a 2020, já o montante das sobras (lucro) foi de R$ 36,4 milhões, um aumento de 141%, segundo dados do Sistema Oceb.
Visando o potencial de crescimento, as cooperativas baianas se preparam para a chegada do Agro 5.0, que já é realidade em algumas cooperativas no país. A nova tendência une o que há de mais moderno em inteligência artificial, robótica e digitalização de processos, conectando todos os elos da cadeia do começo ao fim da safra. Para um futuro próximo, as previsões são a utilização das máquinas autônomas, o aumento da conectividade, a coleta de dados e a Internet das Coisas (IOT).
Um dos exemplos na implementação do Agro 5.0 no país é o da Coopercitrus Cooperativa de Produtores Rurais, cooperativa agrícola de São Paulo, que possui um time de profissionais dedicados a viabilizar as inovações para os produtores. Recentemente, a cooperativa agregou os serviços de análise de solo georreferenciada, aplicação de insumos agrícolas a taxas variáveis, pulverização localizada com drones, entre outros, em seu portfólio. Através do aplicativo Coopercitrus Campo Digital, os cooperados podem conhecer as soluções disponíveis e solicitar a aplicação em sua propriedade, pelo celular ou computador.
Apesar de já ser realidade em alguns lugares, o Agro 5.0 ainda está nos planos futuros de muitas cooperativas, principalmente as de agricultura familiar. “Essa tecnologia não está ainda totalmente popularizada, principalmente para a agricultura familiar, para os pequenos produtores. Mas é uma tecnologia que já está à disposição e, com certeza, o Brasil hoje é uma grande potência nesse tipo de pesquisa. E isso é o que tem garantido o Brasil como um dos três maiores produtores de alimentos do mundo”, ressalta Jaymilton Gusmão.
As cooperativas agropecuárias baianas também contam com o apoio do Fórum Baiano de Cooperativas Agropecuárias. Instituído em 2015, pelo Sistema Oceb, em parceria com gestores de seis cooperativas (Cooperfams, Cooproeste, Coopmac, Coopardo, Coopag e Cooabriel), cujo objetivo é criar meios de estimular a intercooperação e fortalecer as parcerias entre as cooperativas para o desenvolvimento e crescimento das mesmas, especialmente no setor de inovações tecnológicas que está em alta, mas, também, oportunizar a participação de novas cooperativas, independente do porte, nesse importante espaço de intercooperação.
Fonte: Brasil 61