A sustentabilidade está no DNA do cooperativismo, um modelo de negócios que tem entre seus princípios e valores a construção de um mundo mais justo e sustentável para todos. Nos mais diversos ramos, práticas sustentáveis permeiam múltiplos processos, seja através de ações direcionadas para a comunidade ou simplesmente, escolhas operacionais que buscam trazer menos impactos ao meio ambiente.
Nas cooperativas agro, práticas que buscam renovas o solo e mitigar o impacto da produção, tem ganhado cada vez mais espaço. Para isso, a parceria com as cooperativas de crédito tem resultado em resultados inquestionáveis, com o Brasil se destacando em diversas técnicas de cultivo. Ao mesmo tempo, pequenas cooperativas mostram que os números não as impedem de entregar grande impacto positivo, com projetos pioneiros voltados a incontáveis áreas.
Para as cooperativas de crédito, em especial, cuidar do meio ambiente é uma oportunidade de apoiar o desenvolvimento sustentável das comunidades onde atuam — um diferencial competitivo em um mercado que valoriza, cada vez mais, o compromisso com os pilares ESG (sigla em inglês para ações ambientais, sociais e de governança). O cooperativismo tem a Agenda ESG na sua essência”, garante o presidente da Confebras, Moacir Krambeck. ” Para as cooperativas de crédito, existem oportunidades que vão além da realização de programas de responsabilidade socioambiental. Elas podem, por exemplo, disponibilizar linhas de crédito para empresas e projetos comprometidos com o meio ambiente. Também podem criar soluções financeiras que apoiem o cumprimento dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. Existe um oceano de oportunidades pronto para ser navegado”.
Criando um verdadeiro ecossistema de transformação ambiental e social, as cooperativas são essenciais na transição para uma economia mais verde e conectada com as raízes da sociedade. A seguir, veja alguns exemplos de cooperativas que estão fazendo a diferença:
1- Cresol: crédito para soja produzida com boas práticas ambientais
O agronegócio é um dos setores com muitas oportunidades para desenvolvimento de práticas sustentáveis. Alinhada a essa tendência, a Cresol tem atuado sistematicamente no apoio ao financiamento de tecnologias e iniciativas sustentáveis para o campo.
Uma delas é o apoio a propriedades que buscam a certificação internacional de soja sustentável RTRS, utilizada para atestar lavouras que respeitam condições ambientalmente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis. Para ter acesso à certificação, as propriedades têm que passar por uma auditoria com 108 critérios, como zero desmatamento, boas práticas agrícolas, destinação adequada de resíduos, respeito à legislação ambiental, entre outros.
A Cresol apoia 11 propriedades na obtenção da certificação de soja responsável. Em 2021, foram certificados 27.746 créditos de soja de produtores que utilizaram créditos das cooperativas do sistema. Cada crédito equivale a uma tonelada de soja produzida em condições sustentáveis.
Além da soja certificada, a Cresol possui 33 linhas de financiamento sustentáveis, com mais de 1,9 mil operações realizadas em 2021, que totalizaram mais de R$ 146 milhões em créditos.
2 – Cooates: preservação e impacto nacional
Conectando o litoral nordestino com as principais rotas marítimas mundiais, o Porto de Suape também reflete a importância das comunidades pernambucanas e de como a atuação coletiva é peça indispensável para o avanço de uma região, ainda mais o avanço sustentável e a longo prazo. Atualmente, o Porto ocupa um território de 13,5 mil hectares e 59% dele é destinado à preservação dos biomas ali encontrados. Desde 1995, o Viveiro Florestal de Suape funciona como uma das principais engrenagens dessa área, concentrando atividades de produção de mudas nativas de Mata Atlântica para ações de reflorestamento.
Parte importante da produção desse viveiro é realizada por cooperados da Cooates – Cooperativa de Trabalho Agrícola, Assistência Técnica e Serviços. Através de um processo licitatório, a cooperativa atua no viveiro desde 2018. Hoje, eles executam 400 mil mudas de produção e 750 mil mudas de manutenção, mantendo o maior viveiro florestal do Norte e Nordeste. “A responsabilidade de estar à frente de um projeto desses não é só ambiental, mas também de geração de vida e de oportunidade para as pessoas, uma vez que estamos à frente de uma cooperativa que tem tido muito sucesso com seu trabalho e com sua evolução”, conta José Claudio, presidente da Cooates
3 – Únilos: quando cooperados e pix viram árvores
A conta é simples: para cada novo cooperado ou chave pix cadastrada, uma árvore é plantada. Com essa ideia, a Únilos, uma cooperativa do Sistema Ailos, já plantou mais de 15 mil mudas em Santa Catarina e pretende chegar a 25 mil até o fim de 2023.
A iniciativa tem deixado a região da Grande Florianópolis mais verde e os benefícios serão usufruídos por várias gerações. A campanha, iniciada em 2020, consiste na doação de uma muda nativa para cada cooperado que se associar à Únilos e também para cada cooperado que cadastrar ao menos uma chave pix em sua conta da coop.
Com o projeto, a Únilos tem ajudado a reflorestar áreas degradadas e a aumentar a arborização urbana na região metropolitana da capital catarinense. A cooperativa trabalha em parceria com as fundações do Meio Ambiente dos municípios de Florianópolis, São José e Palhoça, que indicam as espécies de árvores necessárias e onde devem ser plantadas.
A iniciativa faz parte do compromisso da Únilos com a Agenda 2030, um plano da Organização das Nações Unidas (ONU) para proteger o meio ambiente e o clima e promover um mundo melhor.
4 – Cooxupé: protocolo próprio para produção sustentável de café
A adoção de práticas sustentáveis e a agenda ESG já fazem parte da realidade da Cooxupé para garantir melhor futuro aos mais de 18 mil cooperados e ter a qualidade e procedência do café produzido cada vez mais reconhecidas diante das exigências do mercado e do consumidor. Todo este trabalho resultou na implantação do Protocolo Gerações, que define diretrizes e níveis para que a cooperativa e seus cooperados estejam integrados à nova realidade: de que a longevidade e a qualidade do grão estão profundamente ligadas a um sistema de produção economicamente sustentável, em harmonia com o meio ambiente e com os produtores, suas famílias e seus funcionários.
Por meio do protocolo, a Cooxupé e seus cooperados vêm adotando as melhores práticas para garantir resiliência, além de aprimorar as condições de trabalho nas propriedades e, assim, produzir um café sustentável do ponto de vista social, ético e ambiental. “A maioria dos nossos cooperados representa a agricultura familiar, então nosso maior desafio é que todos integrem este programa inclusivo para serem beneficiados com maior competitividade no mercado e produzir um café que atenda o consumidor do futuro”, explica o presidente Carlos Augusto.
5 – Sicoob Credicooper: recuperação de nascentes em Minas Gerais
Inspirado no lema “o futuro depende do que fazemos no presente”, o Sicoob Credicooper, de Caratinga (MG), investe desde 2016 na preservação de nascentes de rios da região para deixar sua contribuição sustentável para as futuras gerações.
Em sete anos, o Programa Nascente Viva já recuperou 39 olhos d’água. O trabalho envolve parcerias com especialistas e mobilização da comunidade em iniciativas como o plantio de mudas nativas para reflorestar as áreas no entorno das nascentes e garantir sua preservação.
O programa também inclui ações de educação ambiental, palestras, seminários, dias de campo e consultorias. O objetivo é engajar não só os cooperados, mas toda a comunidade na tarefa de cuidar das nascentes, em especial as do Ribeirão do Lage, principal manancial da Caratinga.
Desde 2016, por meio do projeto, a cooperativa doou 15 mil mudas para o reflorestamento de 150 hectares e apoiou o manejo de solo em cerca de 1 mil hectares. As iniciativas têm apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), escolas e órgãos públicos da região.
Em 2022, o Programa Nascente Viva do Sicoob Credicooper foi vencedor do Prêmio SomosCoop Melhores do Ano na categoria Desenvolvimento Ambiental. Promovido pelo Sistema OCB, o prêmio reconhece boas práticas de cooperativas que tenham proporcionado benefícios aos seus cooperados e à comunidade.
6 – Sicredi Evolução: agência 100% sustentável
Imagine uma agência de cooperativa construída com o reaproveitamento de contêineres, que gera sua própria energia elétrica e aproveita a água da chuva em seu abastecimento. Ela existe, fica em João Pessoa, e faz parte da rede de atendimento do Sicredi Evolução, a maior instituição financeira cooperativa do Nordeste.
Localizada na principal avenida da cidade, a Agência Epitácio Pessoa combina tecnologia e inovação em um projeto 100% sustentável. A unidade foi construída com 22 contêineres e se tornou a primeira agência financeira de grande porte erguida com esse material na América Latina. A escolha do material possibilitou a construção em apenas seis meses e baixo desperdício de materiais.
A agência utiliza energia solar e reaproveita água da chuva. Os atributos sustentáveis levaram a agência do Sicredi Evolução a ser a primeira construção da capital paraibana a receber a certificação internacional LEED, que atesta a sustentabilidade de uma edificação baseada em critérios como redução do consumo de água e energia, uso de materiais e tecnologias de baixo impacto ambiental e redução dos efeitos das mudanças climáticas.
A sustentabilidade da agência também beneficia diretamente os cooperados, que têm à disposição carregador de carros elétricos e bicicletário.
7 – Unicred Eleva: intercooperação para descarte correto de resíduos
No cooperativismo, sabemos muito bem que a união faz a força, tanto que a ajuda mútua entre as cooperativas é um dos nossos princípios. Em um exemplo de intercooperação com foco na sustentabilidade ambiental, a Unicred Eleva de Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, se juntou à Unimed Missões e à Unimed Fronteira Noroeste para atuar no recolhimento de pilhas, baterias, aparelhos celulares, carregadores e cartões plásticos.
As três cooperativas mantêm em suas agências totens para coleta desses resíduos. O objetivo é evitar que esses materiais sejam descartados em locais inapropriados e provoquem danos ao meio ambiente, principalmente no caso de pilhas e baterias, que podem contaminar o solo e lençóis freáticos.
Após o recolhimento nas cooperativas, os resíduos são coletados por uma empresa especializada, que realiza o descarte correto de cada tipo de resíduo. A Unicred Eleva, a Unimed Missões e a Unimed Fronteira Noroeste também aproveitam o serviço para descarte de papel para reciclagem e reutilização.
Em 2022, 9 toneladas de pilhas e baterias foram deixadas nas cooperativas e encaminhadas para o descarte correto e 23 toneladas de papel foram entregues para reciclagem.
Fonte: Confebras, com adaptação da MundoCoop