Dar “um passo a mais” era o que o produtor Fabiano Gomes gostaria de fazer, e fez. O passo foi tão importante que a fazenda Pau Furado, propriedade dele e de dois irmãos, foi a primeira de um cooperado da Frísia a comercializar créditos de soja sustentável. A negociação foi realizada pela própria cooperativa, que já conta com um programa específico para fomentar a sustentabilidade e a competitividade das propriedades dos cooperados.
Localizada no município de Teixeira Soares, nos Campos Gerais do Paraná, a Pau Furado fez história ao ofertar 2.281 créditos. Uma empresa localizada na Dinamarca fez a aquisição de um montante, com cada crédito sendo vendido a US$ 2,50, e outra empresa, da Alemanha, comprou o restante por US$ 2,80 cada. “A gente já vinha com um modelo de organização muito forte na nossa propriedade, e queríamos dar um passo a mais”, afirma Gomes. A Pau Furado tem 784 hectares onde são produzidos soja, milho verão, feijão, trigo, cevada e aveia.
Os primeiros créditos – que demonstram o apoio das empresas compradoras à produção de soja responsável – foram disponibilizados em uma plataforma online em 28 de dezembro, sendo comercializados duas semanas depois, no dia 11 de janeiro. Cada tonelada de soja certificada é equivalente a um crédito.
Jean Cesar Andrusko, especialista em Meio Ambiente da Frísia, explica que os créditos são disponibilizados em uma plataforma online, que é aberta a diversas empresas do mundo. Aquela que comprar pode atestar que adquiriu soja certificada, ou seja, sustentável.
“O nosso objetivo é agregar valor à produção tendo em vista que haverá a rastreabilidade e a comprovação da sustentabilidade. O cooperado não é obrigado a participar, mas, quando ele apresenta interesse, assina um contrato simbólico e começamos a fazer as mentorias, que inclui visita à propriedade, realização de um diagnóstico e criação de plano de ação. O produtor adequa a propriedade na velocidade dele”, afirma Andrusko.
Fazenda Sustentável
A busca pela sustentabilidade nas propriedades dos cooperados do Paraná e do Tocantins é um dos objetivos do programa “Fazenda Sustentável”, instituído pela Frísia. Ele funciona como uma plataforma de serviços oferecidos pela cooperativa que visa aumentar a sustentabilidade e a competitividade do cooperado.
O projeto foi “acelerado” com a construção da maltaria em Ponta Grossa (PR), realizado por um grupo de cooperativas, incluindo a Frísia, para a produção de malte nos Campos Gerais. Uma das exigências das indústrias compradoras do malte é que parte da cevada seja sustentável, ou seja, com os produtores cumprindo uma série de requisitos (ambientais, sociais, trabalhistas e de infraestrutura), que é constituída em cinco níveis. Cada nível que o produtor cumpre garante uma bonificação.
“A Fazenda Sustentável é um guarda-chuva em que todos os programas voltados ao cooperado nas áreas de suíno, bovino e agrícola estarão alocados, como segurança do trabalho, treinamento aos colaboradores, gestão de processos, financeiro e de pessoas, sucessão familiar, certificação, entre outros”, explica Andrusko.
Transformação
A comercialização dos créditos só foi possível após a certificação da fazenda Pau Furado. A propriedade tem seis décadas, mas as transformações aconteceram há cerca de quatro anos. “Se eu te mostrar as fotos do antes e do depois, é inacreditável. Parecia que tinha passado um furacão, e a gente teve que arrumar, estava muito desorganizado”, conta Fabiano Gomes.
Gomes já tinha uma gestão eficiente da fazenda, mas percebeu que precisava de mais. “Vi esse projeto da Frísia e abraçamos. Nós já tínhamos um nível de organização, mas com a Frísia subimos alguns degraus”. Ele conta que um dos motivos para a conquista da Pau Furado foi a equipe que trabalha na propriedade, formada por sete colaboradores experientes.
O sistema de gestão da fazenda Pau Furado, profissional e organizado, somado às melhorias estruturais, refletem diretamente no resultado final. Segundo o cooperado Fabiano Gomes, a produtividade média de soja, nos últimos seis anos, ultrapassa 73 sacas por hectare. Com milho, em média, 181 sacas nas últimas cinco safras.
“O mercado está exigindo cada vez mais qualidade. Hoje, a certificação é um selo de qualidade muito importante que a propriedade tem, principalmente para o mercado externo”, conclui o produtor.
Fonte: Frísia Cooperativa Agroindustrial