Adotar uma cultura organizacional, como base na inovação, tecnologia e a criatividade se tornou essencial para as cooperativas, que desejam ocupar um espaço no universo dos negócios. Não existem dúvidas de que as organizações que investem nesses setores melhoram as suas produtividades, lucratividade, atraem mais clientes e sobrevivem as mudanças do mercado.
Na atualidade, a relação entre tecnologia, marketing e gestão se tornaram um terreno fértil para se compreender como a cultura corporativa impacta diretamente o cliente, o colaborador, os associados e os cooperados. Segundo o especialista em tecnologia e marketing Renato Torres, um dos pilares fundamentais de uma cultura organizacional sólida é o engajamento de seus colaboradores. E existem várias maneiras de se conquistar isso. “Quando os colaboradores se sentem valorizados, ouvidos e têm um propósito claro dentro da organização, seu comprometimento com os objetivos e valores da empresa se intensificam. Estratégias que promovem a transparência, a comunicação aberta e o reconhecimento do trabalho são elementos-chave para fortalecer o engajamento dos funcionários, criando um ambiente propício a novas ideias e soluções”, relata Torres.
É fato indiscutível, que quando uma organização encontra maneiras de valorizar a inovação, estimular a criatividade e a experimentação existe um ganho coletivo. “Se os colaboradores são encorajados a pensar de forma inovadora, a buscar novas abordagens e a não temer o fracasso, a cooperativa se torna um terreno fértil para o surgimento de ideias disruptivas. Essa mentalidade não só impulsiona a empresa no mercado, mas também atrai talentos que buscam um ambiente que valorize o pensamento criativo”, pontua o especialista.
Para Torres, esse conceito desempenha um papel crucial na retenção de talentos. O especialista explica: “Os colaboradores que se identificam com os valores e a missão da cooperativa têm maior probabilidade de permanecerem e contribuírem com seu conhecimento e experiência ao longo do tempo”. Algumas formas de conseguir isso é por meio dos programas de desenvolvimento profissional, oportunidades de crescimento interno e um ambiente de trabalho saudável e inclusivo.
Outras opções são os sistemas de reconhecimento, retornos e incentivos. Por meio deles fica mais fácil estabelecer uma cultura de engajamento. Nani Gordon, CPO na Cash.in ensina, que o primeiro passo para implantar os bônus financeiros será estabelecer uma comunicação realista, objetiva e clara com a equipe. “Os incentivos financeiros, também são uma estratégia efetiva para valorizar o trabalho da equipe. No passado, muitas empresas evitavam este tipo de bonificação devido aos desafios com o compliance, ou a substituía por vale-presentes que, na prática, não agradam porque são limitados a certos produtos e serviços. No entanto, já existem alternativas automatizadas, escaláveis e inteligentes para solucionar este impasse sem agregar uma responsabilidade a mais para o time de recursos humanos e administrativo”, indica Nani. Algumas cooperativas têm adotado a estratégia dos bônus como formas de incentivar os colaboradores, cooperados e associados a contribuírem com novas ideias e incrementos para as organizações.
Ideias que recompensam
Uma delas é a Unimed Cascavel, do Paraná, que lançou o projeto Fábrica de Inovação ao perceber a importância de estimular os seus colaboradores, associados e cooperados a trazerem novas ideias e iniciativas para a cooperativa. Podem participar do programa os colaboradores, os cooperados, em que cada um possui um canal exclusivo para o envio de suas ideias. “O colaborador pode cadastrar insights e projetos inovadores para receber unimiles que podem ser acumulados. Já o cooperado só pode cadastrar insights e recebe um brinde escolhido por ele na hora, dentre as opções disponíveis”, revela Everton Garboça, coordenador de Relações Corporativas da Unimed Cascavel.
As ideias apresentadas são avaliadas por um Comitê de Inovação, que leva em conta critérios como contribuição para a cooperativa, impacto socioambiental, redução de custos, aumento da receita, geração de valores para o cliente, cooperados e colaboradores, além da viabilidade financeira. Após a aprovação, a área da inovação agenda as reuniões com os envolvidos em um processo de ações monitorado por relatórios. A proposta deu tão certo, que desde o seu lançamento, mais de 250 ideias foram sugeridas, resultando na implementação dos mexedores de plásticos feitos com fibra de coco, na criação de uniformes para as gestantes, nos postos de coletas de materiais recicláveis e a adoção do trabalho híbrido. Também foram instalados os painéis solares gerando mais de 319 mil kWh de energia, o que resultou em uma economia de mais de 200 mil reais.
O coordenador de Relações Corporativas da Unimed Cascavel, relata que a captação da água da chuva, por meio de uma cisterna, com capacidade para 10 mil litros contribuiu para a conservação dos recursos hídricos. “A utilização de assinatura eletrônica e documentação digital ajudou a preservar o meio ambiente, evitando o corte de 49 árvores, economizando 2,4 milhões de litros de água e reduzindo a emissão de 874 kg/ano de CO2”, ressalta Everton.
Processo em várias fases
Para que a cooperativa tirasse a ideia do papel era importante estimular o tema inovação durante o seu planejamento estratégico. Tudo foi realizado em várias etapas, uma delas a reformulação do regulamento do antigo programa, inserindo a ideia das bonificações e das avaliações mais atrativas. A organização precisou também identificar as necessidades e estabelecer um centro de custos disponíveis para a implementação das novas ideias.
Para experimentar a recepção do público a Fábrica de Inovação foi divulgada em uma feira de inovação montada nas instalações da cooperativa. Lá os fornecedores enviaram soluções relacionadas aos três temas centrais: Mobilidade urbana, robótico e telesaúde. O projeto também enfrentou desafios como os relacionados à cultura da organização dos cooperados e colaboradores. Um deles era deixar claro de que nem todas as ideias apresentadas seriam selecionadas. Um dos problemas atuais é estimular a geração de ideias disruptivas, que vão além do recebimento do bônus.
Bem simples
O funcionamento do Programa é simples, ele oferece bonificações por meio de uma moeda interna, chamada unimiles, aos colaboradores e cooperados que trouxerem novas ideias. Garboça, conta que o projeto tem como objetivo de ampliar os horizontes e incentivar a participação ativa dos colaboradores e cooperados. “A ideia da Fábrica de Inovação surgiu em 2017 e, após estudos e planejamentos, foi publicamente lançada em 2022. Desde então, por meio de um canal virtual, colaboradores e cooperados têm a oportunidade de contribuir com ideias de melhoria e novos projetos”, explica.
O coordenador relata que a Fábrica de Inovação tem desempenhado um papel importante ao impulsionar a transformação cultural e aumentar a competitividade da Unimed Cascavel. Entre as próximas ações do projeto estão a da cooperativa expandi-lo para outros personagens envolvidos com o seu desenvolvimento. Além disso, a organização está empenhada em estimular as inovações sistêmicas, que tenham representação para o público externo. A cooperativa tem o objetivo de obter os melhores resultados para o programa, o que envolve a avaliação contínua do programa, identificando áreas de melhoria, ajustando processos e implementando medidas que permitam alcançar resultados ainda mais expressivos”, exemplifica.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop