Historicamente dominado por um pequeno grupo de grandes bancos, o cenário econômico do Brasil vem mudando nos últimos anos, e dados do Relatório de Economia Bancária (REB) do Banco Central (BC), apontam que a concentração bancária diminuiu em 2022. No ano em questão, as quatro maiores instituições bancárias concentravam 59% do mercado de crédito no segmento bancário, uma queda de 0,3% em relação ao ano anterior.
Tal movimento de queda, vem sendo identificado pelo BC há pelo menos cinco anos, quando em 2018 os números das maiores instituições do país passaram a apresentar queda, diante da rápida dominação de fintechs, bancos digitais e cooperativas de crédito. Hoje, segundo o BC, os quatro maiores bancos do país são a Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Itaú Unibanco e Bradesco.
Em números, os ativos totais das quatro instituições bancárias correspondiam 55,7% do total nacional em 2022, contra 56% do ano anterior. Nos depósitos, o montante passou de 60,1% para 58,9%, uma queda de 1,2%. Segundo o relatório, os bancos públicos tinham 43,7% do crédito total, contra 56,3% dos privados. Em relações aos financiamentos habitacionais, onde a concentração bancária é maior, os bancos concentraram 92,6%, e em financiamentos de infraestrutura e desenvolvimento para empresas, com 94,2% em 2022 entre os quatro maiores.
O levantamento trouxe ainda, dados que mostram o ritmo de crescimento do estoque de captações do sistema bancário em 2022. Com resultado superior ao ano anterior (13,5% em 2022, contra 6,6% em 2021). “Dentre os instrumentos com crescimento positivo, destacam-se, em termos absolutos, os depósitos a prazo e, em termos relativos, as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e as Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs). Por outro lado, os depósitos de poupança e à vista apresentaram desempenho negativo”, ressalta o BC.
Com a gradativa perda de concentração pelos bancos, as cooperativas de crédito têm ganhado espaço no mercado nacional, principalmente impulsionadas por uma vontade do cliente em buscar uma instituição bancária que una o tradicional ao digital. Com isso, as cooperativas registraram crescimento acima do sistema financeiro nacional, chegando a uma expansão de 29% ante a 17% do sistema total, em dados consolidados até junho do ano passado. Em 2021, o crescimento chegou a 35,9%, contra 15% do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
Além disso, o setor ainda vem crescendo em outros aspectos. Enquanto grandes bancos continuam fechando agências, as cooperativas apostam em movimento contrário, com a criação de espaços que integrem a cooperativa à comunidade onde está presente, entre agências e sedes. Na rede de atendimento, o Sicoob é líder absoluto, com mais de 4,3 mil pontos de atendimento, com destaque para cidades onde a instituição financeira cooperativa é a única opção para a população. Hoje, as cooperativas estão presentes em 54% dos municípios brasileiros.
Somado a isso, o setor ainda tem ganhado espaço na corrida pela concessão de crédito digital, conquistando lugar ao lado de fintechs e bancos tradicionais. “Temos consciência da importância do crédito como instrumento para impulsionar a realização dos sonhos das pessoas”, disse Gustavo Freitas, diretor executivo de Crédito do Sicredi, em recente entrevista para a MundoCoop.
Para os próximos anos, a meta é expandir ainda mais a participação no Sistema Financeiro Nacional, com o objetivo de alcançar o desafio proposto pelo Banco Central, de 20% de participação das cooperativas no SFN. Caminhando para esse objetivo, o setor dá passos largos nos últimos anos, investindo em inovação, relacionamento, tecnologia e, cada vez mais, participando do desenvolvimento e modernização do sistema bancário, como na implementação do Real Digital.
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Por Redação MundoCoop, com informações do Valor Econômico e Banco Central