A participação e impacto do cooperativismo no cenário de crédito nacional foi um dos destaques durante a participação do presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, durante o Lide Brazil Conference London, realizado na última semana. Trazendo a presença de diversas lideranças brasileiras, o encontro debateu os desafios econômicos e institucionais do Brasil, além de trazer análises e reflexões sobre como estimular relações bilaterais.
Entre as mudanças no cenário de crédito nacional, Campos Neto destacou o crescimento da participação das cooperativas, responsáveis por impulsionar principalmente os pequenos negócios e pessoas físicas. “Identificamos que o cooperativismo é uma forma de crédito barato e mais direcionado. Nesta demanda socioeconômica, ele atende, principalmente, o pequeno agricultor. O microcrédito gera inclusão real no Brasil”, disse. Segundo ele, nos últimos cinco anos o BC teve a maior agenda inclusiva da história com o cooperativismo, o microcrédito, a educação financeira e o Pix [pagamento instantâneo]. “E isso é só o começo”, salientou.
Durante sua fala, o presidente ainda lembrou do plano de apoio ao cooperativismo, que resultou em 20 medidas que impactaram positivamente no volume de crédito oferecido pelo setor. Além disso, analisou o atual cenário de atuação do Banco Central, pontuando com destaque a política de juros e a evolução do cenário econômico nacional nas últimas décadas.
Além de Campos Neto, expuseram também no Lide Brazil Conference London a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet; a do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; o da Agricultura e Abastecimento, Carlos Fávaro; o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco; e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho.
Lift Day 2023
Além de realizar uma extensão agenda que tem consolidado o mercado nacional de crédito, o Banco Central tem atuado no fronte na busca pela modernização e digitalização do sistema financeiro nacional. Para isso, o órgão tem buscado parcerias e ajuda da comunidade econômico, através de iniciativas como o LIFT Day 2023, que acontece hoje, 25 de abril.
Fruto de uma parceria entre o Banco Central e a Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac) o LIFT Day 2023 tem transmissão on-line pelo canal do BC no YouTube, e mostrará neste ano os resultados dos projetos finalistas do LIFT Lab e do LIFT Challenge 2022.
“O grande destaque desta edição do LIFT Day é a apresentação conjunta de projetos no mesmo dia e local, com possibilidade de discutir o futuro do sistema financeiro tanto do ponto de vista das fintechs, Instituições Financeiras e da academia”, afirma o líder de Inovação da Fenasbac, Rodrigoh Henriques.
O LIFT Day 2023 será dividido em dois momentos. “O primeiro será focado em apresentar os projetos da edição regular do LIFT Lab 2022, onde temos projetos nas temáticas de microcrédito, interoperabilidade do Real Digital com outras redes, bem como funcionalidades direcionadas ao Pix, como NFC, QR Code Offline e Crédito”, explica Aristides Cavalcante, chefe-adjunto do Departamento de Tecnologia da Informação (Deinf). O segundo, completa, será focado em apresentar os projetos do LIFT Challenge, que foi uma edição especial do LIFT Lab direcionada para casos de uso para o Real Digital. “Nesta seção, teremos projetos nas temáticas de compra e venda de ativos financeiros, não-financeiros e criptoativos, bem como de finanças decentralizadas, internet das coisas, remessas internacionais e pagamentos off-line.”
André Siqueira, chefe de divisão no Departamento de Tecnologia da Informação do BC, destaca que os projetos do LIFT Challenge mostram, de forma prática, como uma moeda digital de banco central, no nosso caso o Real Digital, pode favorecer o surgimento de novos modelos de negócio. “Além disso, esses projetos propiciaram um aprendizado extremamente importante para que o Banco Central realizasse aprimoramentos nas diretrizes para o Real Digital, bem como identificasse os desafios e delimitasse o escopo para o piloto do Real Digital”, explica.
Parte de uma agenda de inovação, os projetos do LIFT Lab trouxeram aprendizados valiosos em outros temas da agenda de inovação do BC. “Em relação ao Pix, por exemplo, foram exploradas soluções que permitam o pagamento off-line, trazendo uma visão alternativa a esse tipo de pagamento com o Real Digital”, conta André. Além disso, complementa, foram explorados projetos para tornar o microcrédito mais acessível à população, bem como a possibilidade de integração do Real Digital com outras redes de ativos não-financeiros. “Os cinco anos do ecossistema LIFT mostram que é possível, com a ajuda de todos, construir um ecossistema de inovação financeira de forma aberta e colaborativa. Esse conjunto de iniciativas representa a prova concreta de que é possível construir, utilizando o conceito da tripla hélice de inovação, um espaço público e democrático que nos ajuda a transformar o sistema financeiro nacional pela aproximação do inovador com o regulador”, ressalta Rodrigoh.
Fonte: Banco Central do Brasil/Sistema OCB, com adaptação da MundoCoop