Ampliar o conhecimento sobre o modelo de negócios cooperativista em toda a sociedade e contribuir ainda mais com o crescimento do cooperativismo no mercado financeiro nacional, com olhar especial para as cooperativas de crédito singulares independentes. Esses são objetivos principais do Acordo de Cooperação Técnica entre o Banco Central do Brasil e a Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebras), que acaba de ser renovado por mais cinco anos.
A partir de agora, a parceria ganha ainda mais força, contando com um grupo de trabalho (GT) constituído pela resolução nº 335 de 2023, formado doze r representantes (titulares e suplentes) de quatro diferentes áreas do órgão regulador – das diretorias de Administração, Fiscalização, Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, e de Regulação. As reuniões com integrantes da confederação ocorrerão seguindo um calendário prévio, com a possibilidade de edições extraordinárias.
Com isso, as ações já realizadas conjuntamente pelas instituições devem ser ampliadas, e novos projetos, colocados em prática. O diretor de Fiscalização do Banco Central do Brasil, Ailton de Aquino Santos, reforça o apoio do órgão regulador a essa parceria que se renova. “Esses cinco anos serão proveitosos, serão momentos não só de debates, mas de entregas e com acompanhamento dos resultados que vão refletir em um movimento mais forte lá na frente. Vocês terão total apoio para continuarmos fazendo excelentes trabalhos juntos”, ressalta.
Santos também faz questão de destacar a contribuição do cooperativismo de crédito para o desenvolvimento do país. “Sempre estive perto do cooperativismo de crédito em todo o tempo de carreira no Banco Central. Me cativa muito a parte de microfinanças, e o cooperativismo tem esse olhar para a inclusão financeira, que é tão importante”, diz.
O presidente da Confebras, Moacir Krambeck, também celebra esse momento, chamando a atenção para a importância de se reforçar os princípios e valores cooperativistas em todas as iniciativas que serão realizadas a partir do acordo de cooperação. “Uma instituição cooperativa financeira deve manter esses diferenciais e não se tornar uma instituição financeira convencional. Não podemos perder a essência do modelo de negócios cooperativista, que está nas pessoas. Se isso acontecer, perderemos a razão de existir. Esse deve ser o objetivo central de todo o nosso trabalho”, comenta.
Levar a mensagem do cooperativismo a mais lugares e contribuir com o seu crescimento
Elvira Cruvinel, chefe-adjunta da Universidade do Banco Central no Departamento de Gestão de Pessoas, Educação, Saúde e Organização, que irá atuar como coordenadora do grupo de trabalho, também celebra a renovação do acordo de cooperação com a Confebras: “Temos muito a fazer juntos. O nosso grande objetivo é disseminar conhecimento sobre o cooperativismo de crédito tanto para dentro quanto para fora, entre os próprios cooperados e especialistas do Banco Central, e, também, para toda a sociedade. A ideia é levarmos a mensagem do cooperativismo a mais lugares.”
Esse também é um pensamento de Harold Espínola, chefe do Departamento de Supervisão de Cooperativas e Instituições Financeiras Não Bancárias. “O cooperativismo tem um potencial enorme e um espaço amplo para crescer. O acordo de cooperação entre Banco Central e Confebras pode contribuir e muito para isso, promovendo uma ampla conscientização sobre o modelo e as particularidades do cooperativismo de crédito, inclusive junto às equipes do próprio Banco Central e dentro do serviço público como um todo”, ressalta.
O vice-presidente da Confebras, Luiz Lesse, destaca o papel principal da Confebras, de disseminar conhecimento sobre o cooperativismo e o cooperativismo de crédito a partir da educação. “A Confebras identificou essa lacuna, da necessidade de se atuar para manter viva a identidade do cooperativismo e do cooperado, o que reflete em uma boa governança e melhores resultados. É preciso valorizar e, ao mesmo tempo, observar as especificidades e necessidades do modelo de negócios cooperativista, e ter o guardião do Sistema Financeiro Nacional como nosso parceiro nesse processo é extremamente importante”, reforça.
Intercooperar para gerar ganho de escala e ampliar espaço no mercado financeiro
Ao comentar sobre as ações já realizadas pela Confebras, Telma Galletti, superintendente da Confebras, destaca o projeto Confebras UNE, lançado recentemente, como um exemplo de iniciativa voltada para gerar ganho de escala e crescimento e, ao mesmo tempo, reforçar a identidade cooperativista. “A proposta do Confebras UNE é promover a Intercooperação entre agentes do SNCC e, assim, oferecer às cooperativas de crédito independentes o acesso a produções e serviços fundamentais para o desenvolvimento do negócio, de forma gratuita ou a custos mais acessíveis, a maioria deles dos próprios sistemas cooperativos. Vamos formar juntos uma plataforma de soluções compartilhadas”. E complementou: “Quando se fortalece uma cooperativa independente, se fortalece todo o sistema. Queremos potencializar esse projeto contando com as contribuições e o apoio do Banco Central do Brasil”.
João Luiz Faustino, integrante da Diretoria de Fiscalização, que fará parte do grupo de trabalho, vê no projeto Confebras UNE um caminho para contribuir com o crescimento das cooperativas independentes de diversas formas. “As independentes têm uma série de carências em frentes diferentes, e a capacitação é uma delas, inclusive no que diz respeito às adaptações necessárias às rápidas mudanças no mercado financeiro. As particularidades desse segmento das cooperativas de crédito têm de ser consideradas também na formulação de novas normas. Nós vemos a Confebras como uma entidade para ser a voz e atuar como represente das cooperativas independentes”, destaca.
Na sequência, Evaristo Donato, representante da Diretoria de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, também integrante do grupo de trabalho, enfatizou a importância de se promover ações de intercooperação em todo o movimento cooperativista. “É importante promover a Intercooperação dentro do cooperativismo de crédito, e da mesma forma com outros ramos do cooperativismo. A possibilidade de instituir caixas eletrônicos únicos, compartilhados entre diferentes cooperativas, é um exemplo. Isso fortalece o cooperativismo com um todo”.
Claudio Filgueiras, do Departamento de Regulação, Supervisão e Controle das Operações do Crédito Rural e do Proagro, tem a mesma visão e lança um desafio para as cooperativas de crédito praticarem a Intercooperação com cooperativas agropecuárias. “Hoje, o cooperativismo de crédito responde por 25% do crédito rural no país, mas quando olhamos para o segmento da pecuária, esse percentual cai para próximo dos 5%. Essa realidade pode mudar, e a Intercooperação é o processo para fazer isso acontecer. Queremos ver esse percentual aumentar”, comenta.
Fonte: Confebras