Tarefas em preto e branco ou propósito colorido?

Por que será que muitas vezes temos dificuldades em engajar nossas equipes para realizar negócios e alcançar resultados? O que faz ser tão difícil, em alguns momentos, conseguir o comprometimento do nosso time? Há tempos em que o sentimento é de pura solidão na busca do propósito e dos objetivos – tão necessários a qualquer organização, especialmente em nossas cooperativas. 

Talvez a resposta não esteja na ação – e sim no significado – aquilo que vem antes da mão-na-massa. A consciência, essencial para acordar as pessoas em relação à importância da prática efetiva. Verbo bonito, acordar. Separando as suas sílabas, segue pleno de sentido: a-cor-dar. Quem simplesmente executa tarefas, visando tirá-las da frente, riscá-las da agenda, livrar-se dos micos, enxerga em preto e branco. Falta o colorido da compreensão do sentido genuíno de realizar o que está proposto. Não dá pra cooperar em preto e branco! 

É isso que faz com que a caminhada se torne prazerosa, notar que há um propósito por traz de tudo. Dos estudos, da evolução na carreira, do atendimento ao cooperado, da efetivação dos negócios, da sustentação da oferta, do cumprimento dos processos. De pouco em pouco, realizando cada ação propositadamente, é que podemos elevar nosso movimento a um novo, e muito mais elevado, patamar.  

Os resultados da pesquisa “Carreira dos Sonhos 2022”, da Cia. de Talentos, traz um dado alentador. O que faz alguém classificar determinada carreira como onírica é, em primeiríssimo lugar, a possibilidade de se desenvolver. Em seguida consta o critério “fazer o que gosta”. O segmento de atuação, assim como o bem-estar e a qualidade de vida, tem grande peso nos sonhos desses cidadãos. Quando a gente observa as empresas listadas – e nota não haver nenhuma cooperativa ali constante – fica a torcida para que os sonhos não se transformem em pesadelos! 

Para alcançar sucesso, prosperidade e desenvolvimento, não dá para simplesmente seguir fazendo as coisas da maneira que sempre foram feitas. Há de se estimular aprendizados, que impactem reais – e sustentáveis – mudanças de comportamento. Partir para a ação, com direção, e foco, aprimorando as competências necessárias. E, assim, ocorre a magia! Quando eu busco a minha própria evolução, no ambiente de trabalho, ela só terá sentido se estiver a serviço do outro – associado, cliente, cooperado, colega, liderança ou quaisquer outros stakeholders. 

A consciência acordada, de ser, de fato, cooperativista, exige coerência entre discurso e prática. Não dá pra dizer que nosso diferencial é relacionamento, e ter um atendimento mecanizado; prometer customização, e nem se dar ao trabalho de realizar registros no CRM; promover a educação financeira, levando a vida pendurado nos limites do cartão de crédito; declarar que a economia local é que nos importa, e optar por realizar as próprias compras unicamente pelo critério de preço; enunciar os princípios do cooperativismo, e nem conhecer outros negócios que façam parte de nosso movimento. 

Como bem explicou o filósofo francês Jean Paul Sartre, o indivíduo desenvolve uma consciência de si mesmo e do outro. Essa consciência desenvolvida individualmente é que permite com que sejamos desse ou daquele jeito – é essa consciência que permite acreditar na idoneidade e na capacidade do outro, fazendo com que tenhamos também, alguns parâmetros para medir como somos. Se eu não tenho a consciência de ser capaz, muito provavelmente eu não sou. Se eu não tenho a consciência de ser cooperativista, bem provável que eu também não seja. 

Já é hora de “virar a chave” – termo que representa exatamente a mudança de consciência necessária. Mudança viável e possível, desde que a autopercepção seja clara e objetiva. Não há mudança sem consciência e nem desenvolvimento sem mudança. 

Precisando promover mudanças por aí? A Coletiva trabalha para instigar, provocar e impulsionar a mudança de consciência, para dar nova cor às realizações. Acreditamos que assim, de fato e de direito, podemos contribuir para uma sociedade mais justa e com mais equidade. Vamos juntos? 

Conteúdo publicado na edição 112 da Revista MundoCoop