O Dia Internacional da Igualdade Feminina, celebrado neste sábado (26), marca não somente as conquistas das mulheres desde 1920, quando uma emenda à Constituição dos Estados Unidos permitiu o voto às norte-americanas, mas também sinaliza que o debate e as ações em busca da igualdade de gênero devem continuar.
Os números evidenciam o desafio que temos pela frente: segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial (FEM), as mulheres não atingirão a paridade com os homens por mais 131 anos. Entre 146 países, o Brasil ocupa a 57ª posição no ranking que considera participação econômica e oportunidade, nível de educação, saúde e sobrevivência e empoderamento político.
Os obstáculos são muitos, mas a força para superá-los existe. Seja no mundo corporativo ou nas pequenas comunidades do Brasil, o cooperativismo vem se transformando em uma potência no estímulo do protagonismo feminino, dando às mulheres novas possibilidades de renda e de participação social e promovendo encontros, programas, comissões e outras iniciativas que visam estimular a conquista de mais espaços de forma perene.
O cooperativismo carrega em sua essência a busca pela igualdade. Nesse modelo, todos os envolvidos são donos do negócio e os resultados são repartidos. A participação de todos, com voz e voto, é fundamental. Não há, portanto, como não falar em equidade de gênero.
O Anuário do Cooperativismo Brasileiro de 2023, produzido pelo Sistema OCB (Organização das Cooperativas do Brasil), mostra que em 2022 houve crescimento do número de mulheres em relação ao ano anterior. Elas são 41% dos mais de 20 milhões de cooperados. Os principais ramos do cooperativismo com presença feminina são Consumo, Crédito, Saúde e Trabalho e Produção de Bens e Serviços. São mulheres que, seja nas cidades ou nos campos, muitas em situação de vulnerabilidade, conquistaram uma oportunidade de obter renda, independência e voz.
Mas ainda há muito espaço a ser conquistado, especialmente quando o assunto é liderança. Em 2020, apenas 17% das mulheres ocupavam cargos de presidência ou vice-presidência. No entanto, apesar dos inúmeros desafios em ser líder, que envolvem mudanças no mercado de trabalho e nas estruturas organizacionais, as mulheres cooperadas vêm superando as barreiras pessoais e profissionais e sua participação vem ganhando força. Na Unimed Vitória, atualmente, duas mulheres ocupam cargos em diretorias ao mesmo tempo, gerindo uma cooperativa com mais de 2.500 médicos cooperados e mais de 2.700 colaboradores.
A luta pelo empoderamento feminino assumiu uma dimensão global. À medida que cresce, o cooperativismo ocupa uma responsabilidade ainda maior neste pleito. As cooperativas devem seguir impulsionando mulheres, eliminando as barreiras para que elas exerçam o seu potencial. Lembro-me aqui das palavras de María Eugenia Pérez Zea, presidente do Comitê Mundial de Equidade de Gênero da Aliança Cooperativa Internacional, em um manifesto publicado este ano: as consequências ruins da desigualdade afetam a todos. Por isso, buscar equidade econômica e social também é tarefa de todos. “Igualdade é ir para frente sem deixar ninguém para trás”.
Por Norma Suely Soares Louzada, Diretora Financeira da Unimed Vitória