O Open Finance já é uma realidade e movimenta o mercado desde a sua implementação. A expectativa é que ao longo desse ano seus resultados sejam ainda mais sentidos, como a maior competitividade entre as instituições financeiras, que terão acesso aos dados dos usuários e poderão oferecer serviços e produtos mais personalizados, tarifas mais baixas e uma relação crédito/PIB maior.
Mais de 5 milhões de brasileiros já deram consentimento para o compartilhamento de seus dados, segundo o Banco Central. Espera-se que esse número aumente, na medida em que o Open Finance amadureça no país. Quanto mais as pessoas entenderem seus benefícios, será natural que se sintam mais seguras em relação à abertura dessas informações.
E um dos grandes benefícios prometidos pelo novo sistema financeiro é tornar o crédito mais acessível. Recentemente, algumas regras foram atualizadas pelo Banco Central e o Open Finance passou a permitir a criação de “marketplaces de crédito”, um modelo de negócio que tende a aumentar a competitividade no setor e baratear os empréstimos.
Na prática, correspondentes bancários digitais irão atuar como em um marketplace de roupas, que concentra várias lojas em um único site ou aplicativo. Ou seja, em uma única interface virtual, o consumidor poderá fazer cotações de crédito e financiamento com diferentes empresas, comparar propostas e escolher a mais conveniente à sua necessidade.
Claro que essas propostas serão mais aderentes ao perfil do cliente se ele autorizar o compartilhamento de seus dados. E diante disso, a notícia é boa: segundo um estudo da consultoria Accenture, 6 em cada 10 consumidores no mundo estão dispostos a dividir dados pessoais em troca de benefícios. Esses consumidores já entendem que terão produtos e serviços mais personalizados e convenientes em troca desse consentimento.
Nessa primeira fase, o empréstimo pessoal ainda será sem consignação e sem garantia, mas acredito que o marketplace de crédito, como modelo de negócio, será ampliado ao longo do tempo, para incorporar cada vez mais produtos. E desde já, os consumidores podem usufruir de mais transparência nas contratações, facilidade na comparação de propostas e personalização, além das taxas mais baixas.
Por tudo isso, gosto de reforçar a importância da inteligência de dados para uma atuação bem-sucedida dentro desse modelo. Aliás, isso não serve apenas para atuar com marketplaces de crédito, mas para toda a jornada de adesão ao Open Finance. Vencerá quem calibrar melhor sua inteligência de dados, obtendo vantagem competitiva em suas taxas, análises de risco mais apuradas e até mesmo ampliando o público-alvo, com ofertas inclusive para negativados. Não tenho dúvidas de que a inteligência de dados será o grande diferencial e irá definir quem será evidenciado neste mercado.
Por Lorain Pazzetto, Head do Open Finance no Grupo FCamara