Na semana em que estou participando de uma imersão em cooperativismo de crédito na Alemanha, está em andamento no Brasil a 10ª Semana Nacional de Educação Financeira (ENEF), uma estratégia desenvolvida em 2014 pelo Comitê Nacional de Educação Financeira (Conef). Faço uma reflexão comparativa entre os dois países para contribuir com esse tema tão relevante.
A Alemanha, junto com 37 outros países que representam 61% do PIB Mundial, constitui a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Atualmente, o Brasil é um parceiro chave, junto com Índia, China, Indonésia e África do Sul. Acredita-se que após, o pedido de adesão realizado em 2017 e a sinalização positiva em janeiro do ano passado, temos grande possibilidade de integrar oficialmente essa importante organização.
Não é de hoje que o Brasil exibe baixas taxas de educação financeira. Por isso, ações como a Semana ENEF são fundamentais para avançarmos e desenvolvermos no país a cultura da responsabilidade nessa área.
Em 2006, iniciou-se na Alemanha um movimento de alfabetização financeira. Constatou-se que adolescentes e jovens estavam se endividando com compra de roupas de marca e celulares, e a partir daí surgiu a necessidade de incluir, em diversas escolas alemãs, programas experimentais como Money e Kids, Transações Bancárias na Escola e Detetives Econômicos, com o apoio de bancos locais.
Hoje, 17 anos após a implantação das iniciativas, os registros mostram que 70% da população adulta na Alemanha é considerada financeiramente alfabetizada, enquanto no Brasil o índice é de apenas 35%.
Apesar da enorme evolução e do destaque como um dos países com melhor educação financeira do mundo, na Alemanha considera-se esse um trabalho em andamento e em constante aperfeiçoamento. A cada três anos, a Associação Federal dos Bancos Alemães realiza pesquisas com crianças e jovens para obter dados e comprovações, e assim continuar a evolução nesse quesito.
Na semana ENEF, são estimuladas mobilizações em torno de ações gratuitas que promovam educação financeira no país. Mas sabemos que isso é extremamente paliativo e com baixo resultado. Precisamos fortalecer a cultura e os padrões.
O quinto princípio do cooperativismo é Educação, Informação e Formação. Na Unicred União, cooperativa em que atuo, realizamos diversos programas para levar educação financeira e cooperativista para colaboradores, cooperados e comunidades. Desenvolvemos o MotorCoop, um movimento coletivo para melhorar o mundo pela cultura e cooperação, e através dele promovemos palestras em escolas para crianças, jovens e adolescentes.
Além disso, temos portais disponíveis com conteúdo completo e de muita qualidade. O www.suasaudefinanceira.com.br é um exemplo de educação financeira descomplicada e acessível a todos. E o Unicred.Edu, um programa de formação gratuito. Sabemos que várias cooperativas fazem o mesmo. Está em nossa essência.
Mas, e se assim como na Alemanha, houvesse no Brasil uma união dos Sistemas Cooperativistas Financeiros para impulsionar os padrões de educação financeira em escolas e comunidades? Com isso, teríamos a possibilidade de maior alcance e evolução. Não parece um sonho tão distante.
Enquanto isso, continuamos cada um contribuindo de alguma forma. Desejo que essa semana seja de muita cooperação e educação para todos!
*Maysse Paes Honorato é Head de Comunicação da Unicred União