A agricultura sempre teve papel importante na economia nacional e vem ganhando cada vez mais relevância, não apenas por seus impactos econômicos, mas também por sua importância enquanto setor responsável por produzir a alimentação que chega às mesas de brasileiros e não brasileiros ao redor do mundo. No quesito alimentar, pequenos e médios agricultores contribuem significativamente para a produção de alimentos, sendo participantes-chave no atendimento da demanda global alimentar. Sobretudo para estes produtores, que no geral possuem maior carência de apoio para a gestão e manejo da lavoura, ser um cooperado faz toda a diferença em termos de produtividade e resultados.
A afirmação ganha força muito pela realidade de que pequenos e médios produtores enfrentam uma variedade de desafios, incluindo a venda de seus produtos a melhores preços, infraestrutura carente de melhorias e obtenção de insumos a preços competitivos, como sementes e mudas, fertilizantes, defensivos agrícolas e serviços. São problemas que grandes produtores também enfrentam, porém normalmente com melhores condições pela escala e disponibilidade de recursos próprios. Ao se associar a uma cooperativa, o produtor consegue unir esforços e compartilhar resultados na venda de produtos, aquisição de insumos agrícolas, capacitação de mão de obra, contratação de serviços agrícolas e tecnologias de maneira mais competitiva, além de melhorias em infraestrutura que encorajam a produção em larga escala e melhoram de forma sustentável os rendimentos agrícolas para os mercados globais, gerando impacto direto no desenvolvimento do setor.
Outro ponto importante que vai além de garantir competitividade a pequenos e médios agricultores reside no fato de que a formação de cooperativas eficientes e equitativas tem o potencial de transformar comunidades em economias vibrantes, tendo em vista que os resultados sociais e comerciais que acompanham o investimento em cadeias de suprimentos de pequenos produtores não podem ser subestimados. Além de atender ao mercado consumidor de maneira mais eficaz, negociar melhores condições para a compra de insumos, trazendo reduções de custos aos agricultores nos raios onde atua e facilitar o escoamento da produção aos seus cooperados, as cooperativas agregam inúmeros benefícios como: segurança de abastecimento a longo prazo, criação de novos mercados, difusão de tecnologias, geração de riquezas à comunidade, além de participação protagonista em projetos sociais e ambientais. Todos esses benefícios dialogam com os sete princípios do cooperativismo que são: 1. Adesão voluntária e livre 2. Gestão democrática 3. Participação econômica dos membros 4. Autonomia e independência 5. Educação, formação e informação 6. Intercooperação 7. Interesse pela comunidade
A título de curiosidade, os princípios do cooperativismo são os mesmos desde que a primeira cooperativa foi fundada em 1844 na cidade de Manchester (Inglaterra), quando 28 tecelões desempregados se juntaram para comprar itens de necessidade básica. Nascia ali a Associação dos Probos Pioneiros de Rochdale, que posteriormente virou a Cooperativa de Rochdale. O grupo de trabalhadores estabeleceu as regras básicas de funcionamento das cooperativas e a experiência rapidamente ganhou adeptos em países como França, Alemanha e o restante do mundo. Esse ano, a Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (COPLACANA) completa 74 anos de existência. Fomos a primeira cooperativa de plantadores de cana a ser fundada no estado, em 1948, com o objetivo de oferecer insumos e assistência ao produtor rural. Ao nosso lado, somente no Brasil, segundo dados apurados pela Organização de Cooperativas Brasileiras (OCB) em 2021, temos 5.314 cooperativas, sendo 1.223 organizações ligadas apenas ao setor agropecuário. Juntas, representamos 992.111 cooperados e empregamos diretamente 207.201 empregados.
Como vimos, o cooperativismo foi criado como modelo de enfrentamento a momentos adversos. Foi a partir da necessidade de superar uma crise, que o movimento cresceu e se fortaleceu, ajudando a desenvolver não apenas o agronegócio, mas a própria economia nacional. Somente em 2019, o ativo total do nosso movimento cooperativista alcançou a marca de R$ 494 bilhões, com um patrimônio líquido de R$ 126 bilhões e injetou, em forma de tributos, R$ 11 bilhões aos cofres públicos. Passamos por um período de grandes dificuldades com a pandemia de Covid-19. Ainda assim, o agronegócio seguiu forte e crescendo, enquanto muitos outros setores sucumbiram. A balança comercial do agronegócio brasileiro fechou o ano de 2021 com saldo positivo de US$ 105,1 bilhões, 19,8% acima do verificado em 2020, segundo apuração do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Não há dúvidas, de que o cooperativismo contribui com esses resultados. Que sigamos fortes em busca de um cooperativismo cada vez mais sustentável e que com coragem possamos continuar a conectar sonhos e transformar vidas, como rege o propósito da Coplacana.
*Roberto Rossi é Diretor de Negócios da Coplacana