A comunicação tem um papel fundamental na Agenda ESG. Ela não deve se limitar a apenas comunicar as ações da agenda. Tem que ser protagonista da transformação, assumir uma posição estratégica e garantir a consistência da atuação da organização.
Sem uma comunicação consistente, colaboradores, cooperados, stakeholders e comunidade desconhecem a aplicabilidade da agenda, e o engajamento, necessário para que ela aconteça, inexiste.
Definida a matriz de materialidade e as estratégias baseadas nela, a comunicação desenvolve mensagens adequadas para cada público de forma autêntica e coerente.
Num tempo de modernidade líquida, quando o que era aceitável no passado não é mais, as cooperativas precisam buscar o engajamento necessário comunicando presente (o que estamos fazendo) e futuro (onde queremos chegar) de maneira ética e empática.
Isso deve ocorrer em todas as dimensões: nas relações saudáveis com cooperados e colaboradores, nos compromissos com a sustentabilidade, nas metas de diversidade, equidade e inclusão no ambiente de trabalho, no desenho do modelo de negócio, no pensamento da economia circular, nas mensagens da comunicação, no papel da organização junto à sociedade.
A comunicação e os tomadores de decisão
Uma pesquisa publicada pelo NACD Public Company Governance Survey (2019-2020) mostrou que quase 80% dos conselheiros globais relataram que seus conselhos estão focados em algum aspecto ESG, com 52% buscando maneiras de melhorar a compreensão sobre o tema.
Entre as prioridades destes tomadores de decisão estão aumentar a frequência de discussões sobre questões ambientais, sociais e de governança (ESG), o que corrobora a importância do papel da comunicação para a disseminação destes conceitos e para a construção de uma agenda duradoura e consistente.
É fundamental que todos os conselheiros sejam impactados pela comunicação da cooperativa de forma efetiva.
Comunicar para engajar
O grande desafio da Agenda ESG é: como engajar o público interno para, a partir daí, chegarmos aos cooperados e à comunidade?
Tudo começa com a sensibilização em torno da responsabilidade individual para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – os ODS. Os colaboradores passam a entender que isso passa pela tomada de decisão ética, pelo respeito e convívio saudável com a diversidade e pela geração de valor compartilhado com todos os stakeholders, só para dar alguns exemplos. Quando o assunto é a comunicação da sustentabilidade, precisamos atentar para a materialidade, a clareza dos dados e fatos e sustentabilidade da comunicação. Ou seja, precisamos da verdade.
Cada cooperativa precisa de um planejamento de comunicação (interno e externo) para os temas mais sensíveis de sua agenda ESG. Não bastam campanhas, como no mês do orgulho LGBTQIA+ ou ação de Dia do Meio Ambiente, se o tema não é tratado com seriedade pela liderança e por toda a cooperativa. A começar por treinamentos e palestras, guias de recomendações, tradução dos conceitos para o dia a dia das pessoas, peças de comunicação visual e todo o enxoval de comunicação interna para os colaboradores.
Não há cooperados ou comunidade engajada sem o engajamento dos colaboradores.
A comunicação organizacional é uma maratona, e não uma corrida de 100 metros rasos. Ela exige preparo, planejamento e é duradoura. Uma falha na comunicação coloca o processo todo em xeque.
Por isso, uma estratégia recomendada é que a comunicação da Agenda ESG adote plataformas interativas, digitais, que permitam a interlocução com colaboradores, cooperados e comunidade. Assim, as ações se tornam transparentes, fica explícito que a agenda é realmente cumprida e, de maneira orgânica, o tema passa a fazer parte da rotina todos, motivando e inspirando novos projetos.
Uma comunicação horizontal, mostrando que todos podem e devem fazer parte da Agenda ESG da cooperativa, sempre terá um resultado mais efetivo que uma diretriz imposta pela diretoria.
*Maysse Paes Honorato é Head de Comunicação e Marketing da Unicred União