Com grande potencial e mercado em expansão, o Lúpulo se revela como uma alternativa de produção interessante para a agricultura familiar, já que não requer grandes extensões de área. Seu cultivo é vertical e seu desenvolvimento, rápido, crescendo de 20 a 30 centímetros por dia. É uma cultura de ciclo anual, que pode ter até três safras por ano, e seu manejo é quase igual ao da videira, necessitando de podas consecutivas.
No Rio Grande do Sul, 41 produtores cultivam lúpulo, foco de pesquisa desenvolvida por um grupo de instituições, que fazem parte da Câmara Setorial Temática de Bebidas Regionais, do qual participam a Emater/RS-Ascar e a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), promotoras do Seminário Estadual Cultura Lúpulo no RS, realizado na tarde desta quarta-feira (31/08) no espaço da Emater/RS-Ascar na 45ª Expointer. A feira acontece até domingo (04/09), no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio.
O evento presencial reuniu interessados na cultura, como técnicos, extensionistas e agricultores, e abordou sobre Lúpulo no Brasil: realidades e perspectivas. De acordo com Gabriel Assmann, somelier de cervejas e representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (AproLúpulo), o país possui 75 mil produtores de lúpulo e mais de cem hectares plantados, com perspectiva de aumento de 200%, pela expansão das cervejarias artesanais, em especial nos estados de Santa Catarina, RS, São Paulo, Minas Gerais e no Rio de Janeiro, onde a Embrapa analisa compostos para garantir determinadas características à flor do lúpulo.
A produtividade média do lúpulo produzido no Brasil é de 500 a 600 gramas por planta, de cones, como são as chamadas as flores maduras femininas e não fecundadas do lúpulo. Das flores é extraído a Lupolina, um pó amarelado que proporciona o amargor e o aroma da cerveja. No Brasil, dados de 2020 revelam a existência de 1.383 cervejarias registradas no Mapa. “Hoje são muito mais”, destaca a engenheira de alimentos e extensionista da Emater/RS-Ascar, Bruna Bresolin, ao explicar que o terroir mais fresco do lúpulo brasileiro é um grande diferencial, que favorece e potencializa sua produção no Brasil, por gerar características marcantes e específicas de cada região produtora. “O desenvolvimento em regiões distintas gera um produto único e diferenciado do lúpulo importando”, avalia.
“O lúpulo é rentável a médio e longo prazos, é preciso aprimorar as pesquisas de melhoramento genético, criar sistemas de cooperativismo, inclusive para compartilhar máquinas e implementos através dos Arranjos Produtivos Locais (APLs), podendo a cultura ser difundida na agricultura familiar, por não necessitar de grandes áreas”, defendeu Assmann, que também supervisionou a edição do livro Políticas Públicas para a Produção de Lúpulo no Brasil.
O engenheiro agrônomo da Salva Hops/AproLúpulo, Marcus Outemane, falou sobre Cultivo e usos do lúpulo gaúcho, citando como principais, entre as 50 variedades registradas, as cultivares Cascade, Chinok, Columbus, Nugget e Saat. As principais regiões produtoras no RS são Lajeado, Vale do Taquari e a Serra, mas há produção em todo o Estado, com viveiros certificados localizados em Caxias do Sul, Gramado, Barra do Ribeiro e Rosário do Sul.
Atualmente o Brasil importa 6 mil kg de lúpulo, ao custo médio de U$ 90 milhões, e produz apenas 1% do que é consumido, “ou seja, a demanda é muito grande”, avalia Outemane, ao afirmar que os Estados Unidos e a Alemanha detêm 80% da produção mundial de lúpulo.
A produção de lúpulo não é barata. Para cultivar 500 plantas, o custo atual gira em torno de R$ 30 mil. Além disso, para iniciar a produção é preciso conhecer o mercado, investir em análise de solo, em mudas certificadas e em assistência técnica. “Os equipamentos são caros, pois são maquinários específicos, e, por ser uma cultura nova, não há indicação de agroquímicos para utilizar na produção, cujo tamanho das vinhas deve ser monitorado constantemente e padronizado”, orienta Outemane, que elogia a produção orgânica do lúpulo. “A demanda do mercado é latente e crescente”, ressalta.
Fonte: Agrolink