Você sabia que Santa Catarina é o quarto maior produtor de leite do Brasil? O Estado produz aproximadamente 3 bilhões de litros por ano, fazendo dessa a nossa terceira maior cadeia produtiva, ficando atrás apenas da produção de aves e suínos – como já contamos por aqui.
Inclusive, 75% da produção de leite do Estado vem da Região Oeste, sendo Concórdia a maior produtora catarinense. Para se fortalecer no agronegócio, hoje a cidade conta com o apoio de diversos técnicos, veterinários e outros profissionais.
Segundo a veterinária Talita Bogoni, Concórdia é a maior bacia leiteira do Estado de Santa Catarina e produz cerca de 73 milhões de litros de leite. Jair Machado da Silva, diretor agrícola do município, também aponta que 70% da economia local vem dos produtores rurais da região.
Produzir leite em Santa Catarina é uma atividade que exige conhecimento e empreendedorismo, fatores que também interferem no preço da bebida. Isso porque para o leite ser consumido ele precisa ser certificado cientificamente.
A produção de leite e o uso da tecnologia
A tecnologia também é uma grande aliada da produção leiteira no Estado. Exemplo disso é a ordenha de uma granja que fica em Chapecó, comandada pelo produtor de leite José Araújo.
O leite produzido por lá vem de vacas holandesas e possui certificado de criação livre de tuberculose e brucelose, comprovando que a matéria-prima é de altíssima qualidade. Inclusive, todas as vacas da propriedade são inseminadas artificialmente com um sêmen modificado para que nasçam fêmeas – já que o objetivo é continuar a produção de leite.
José Araújo conta que na maioria das vezes nascem fêmeas e, quando nasce algum macho, ele doa para a prefeitura ou para os vizinhos.
O sêmen escolhido é de origem canadense. E essa escolha se dá por causa do potencial de produção e, também, pelo alto controle de saúde dos rebanhos, detalhes importantes que os produtores compartilham para que possam crescer juntos.
Em uma região como o Oeste Catarinense, que tem muitos produtores de leite, sempre tem aqueles que se envolvem mais com as questões de preço, mercado, entre outras. Também é o caso de José Araújo, que, mensalmente, tem um encontro marcado com o Conseleite, associação civil com estatuto e regulamentos próprios que reúne representantes e produtores rurais de leite do Estado.
“ – O Conseleite é um conselho paritário, onde tem os mesmos pesos, produtor e indústria. Nós discutimos o custo de produção, o custo da indústria e a gente chega em um consenso de preço” – explica o produtor.
Outro produtor que também usa a tecnologia é o Fábio. Hoje ele tem 36 vacas produtoras de leite e quer dobrar esse número até o final do ano. Para começar a produção, ele viajou para Israel junto com a Copérdia – o país hoje é o melhor do mundo em questão de produtividade de leite por vaca.
Ao voltar, Fábio implementou o conhecimento adquirido na viagem e, ao confinar os animais, algo que é feito em Israel, conseguiu dobrar a produção de leite. Ele também criou um sistema para estar de olho em tudo, mesmo quando estiver longe do rancho.
“ – Eu administro toda a propriedade, os animais que eu tenho aqui, a gente verifica tempo de lactação, inseminações, mãe, filha, enfim, toda a vida do animal eu gerencio nesse programa no celular. Se eu estiver fora de casa, por exemplo, e faltar luz, eu venho no aplicativo e peço para ligar os ventiladores e eles vão ligar” – explica.
Controle de qualidade
Já sabemos que o leite é um produto rico em cálcio, nutriente importante para a nossa saúde óssea, para prevenir a osteoporose. Agora, para que ele possa ser consumido, ele precisa passar por várias análises de segurança.
A Universidade do Contestado, por exemplo, tem grande importância quando o assunto é o controle de qualidade. O LABLEITE, laboratório de alta tecnologia, único do segmento no Estado, precisa aprovar todo o leite que abastece os laticínios.
“- No mínimo uma vez por mês todos os produtores de leite que têm a sua matéria-prima entregue para Indústrias para beneficiamento, realizam esse processo aqui, em um dos laboratórios da RBQL” – explica Franciele Rampazzo Vancin, veterinária e coordenadora do LABLEITE da UnC.
Esse é um processo obrigatório que garante a qualidade, já que certifica a qualidade da matéria-prima. O processo é minucioso, envolve uma grande equipe e o leite passa por uma série de testes. Em cada etapa há um extremo cuidado e, segundo a veterinária, o laboratório hoje recebe cerca de 25 mil amostras por mês, que vêm dos três Estados do Sul do Brasil.
Todo esse processo, que envolve as famílias do campo, produção, investimentos, controle, tudo isso é para que tenhamos na mesa um produto de qualidade. E, por falar nisso, o controle de qualidade também é muito rígido em um dos principais laticínios de Santa Catarina, a indústria de Latios da Aurora Alimentos, que fica na cidade de Pinhalzinho.
O processo que envolve a produção do leite, do campo ao consumo, cada etapa, cada fase requer um cuidado especial e tudo isso depende de investimentos e parcerias – aí está o motivo de tanto se falar sobre cooperativismo.
A Aurora Coop recebe o leite de aproximadamente 4 mil produtores ligados a várias cooperativas que fazem parte do Sistema Aurora.
“ – Trabalhar com leite nos dá orgulho, porque nós elaboramos produtos nobres, que alimentam bebês, crianças, jovens, adultos, idosos, né? Em todas as fases da vida o leite é essencial” – comenta Celso Lermen, diretor da Aurora Coop.
O leite passa por diversos controles de qualidade: primeiro pela percepção visual do motorista, que avalia o aspecto do leite e tira uma amostra, que é levada e analisada em laboratório.
“ – Todo esse leite que foi coletado anteriormente vai passar por uma série de ensaios que irão verificar a composição e, verificar também, a qualidade desse leite, se ele vai estar apto para o nosso recebimento conforme a legislação brasileira prevê” – explica Leide de Freitas, técnica de laboratório.
São esses cuidados que fazem a diferença no dia a dia de quem consome o leite e é interessante acompanhar o leite chegando em diversos caminhões, entrando de um lado, saindo por outro, pronto para ser consumido. Inclusive, a capacidade da indústria hoje é de um processamento de mais de 2 milhões de litros de leite por dia.
“- Eu penso na mesa do Consumidor. O consumidor tem que estar satisfeito recebendo um produto nutritivo, seguro, saboroso e que, acima de tudo, seja saudável” – conta Selvino Giesel, assessor de lácteos Aurora Coop.
Com tantas pessoas envolvidas na produção do leite, com tanta tecnologia e controle de qualidade, agora já é possível entender como Santa Catarina se tornou um dos maiores produtores do país, não é mesmo?
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Fonte: ND+