A Universidade Federal do Paraná (UFPR) realizou uma pesquisa piloto durante o I Seminário Catadoras da Resistência, através do convênio celebrado entre o Ministério das Mulheres, realizado pelo Instituto Lixo e Cidadania, em conjunto com os movimentos de lideranças de catadores de materiais recicláveis e demais ministérios do Governo Federal. O evento aconteceu no balneário de Praia de Leste, em Pontal do Paraná, entre os dias 25 a 27 de outubro.
A coordenação está sob os cuidados da professora Maria Rita de Assis César, Pró-reitora de Assuntos Estudantis e professora do Departamento de Teoria e Prática de Ensino (DTPEN), do Setor de Educação da UFPR, que organizou uma equipe de 12 pesquisadores – a convite do Ministério de Mulheres – entre professores, servidores técnicos e estudantes da UFPR, além de especialistas convidados.O projeto foi abrigado pelo Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares e Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (ITCP/PROEC), coordenado pela Técnica Maria Rita Michalski.
Para a Pró-reitora Maria Rita: “Esse convênio com o Ministério das Mulheres é o reconhecimento da excelência da UFPR nas pesquisas e também na extensão. Hoje somos referências nos estudos em Direitos Humanos e Políticas para a promoção de todos os segmentos de mulheres. São 25 anos de pesquisas e intervenções sociais. O Laboratório de Investigação em Corpo, Gênero e Subjetividade (Labin), um grupo coordenado por mim e pela professora Priscila Vieira, é um grupo que conquistou excelência em extensão, no diálogo com a sociedade”, afirma. César ainda acrescenta que “A confiança do Ministério das Mulheres com o LABIN para que realizemos a Pesquisa Nacional de Perfil das Mulheres Catadoras de Recicláveis é resultado do trabalho realizado por mais de duas décadas na UFPR”.
De acordo com a Pró-reitoria, os relatórios dos dados da pesquisa piloto mostraram um perfil bastante diverso em relação à faixa etária e escolaridade. Entretanto, demonstrou que quase a totalidade das mulheres se autodeclaram pretas e pardas, além de terem filhos. Dentre as mulheres catadoras, 112 fazem parte de Cooperativas, 61 de Associações de Catadores, dentre essas, 83 são presidentes das Cooperativas ou associações e 28 são catadoras autônomas, e algumas delas trabalham em aterros sanitários, os chamados “lixões”.
A valorização e apoio às catadoras de recicláveis são essenciais para melhorar suas condições de trabalho, garantir seus direitos e reconhecer sua contribuição vital para o meio ambiente e a sociedade. “A primeira imersão que tivemos proporcionou um “mergulho” no universo das mulheres Catadoras de Recicláveis em todo o Brasil, revelando seus conhecimentos sobre temas complexos sobre o meio ambiente, economia e logística reversa e os cuidados entre mulheres”, pontuou Maria Rita, Pró-reitora de Assuntos Estudantis.
Mas os trabalhos não param por aí. São muitos temas que precisam de ações governamentais dentro das áreas de saúde, educação, letramento, moradia, escolarização para os filhos das catadoras/es, segurança, além de questões sobre a violência de gênero e contra a população LGBTQI+.
Documentário
Durante o seminário, realizado em outubro deste ano, a UFPR pode coletar uma série de depoimentos das catadoras, gerando um documentário, que foi apresentado no Evento Expocatadores, em Brasília, nos dias 19, 20 e 21 de dezembro e entregue para o Presidente da República para a elaboração de políticas específicas para a população de catadores/as.
“Quando o Presidente Lula recebeu a faixa presidencial de uma mulher liderança do Movimento de Catadores/as, o significado foi imenso. Foi a sinalização da necessidade de estabelecimento de Políticas e ações para esse segmento da população brasileira que desenvolve um trabalho com grande impacto no meio ambiente e na economia. Entretanto, essa população apresenta um altíssimo grau de vulnerabilidade social e economia, sobretudo as mulheres”, disse a Pró-reitora Maria Rita.
Planos futuros
Em março de 2024 será realizado o Congresso Nacional de Catadoras, em local ainda a ser definido pelo Governo Federal e a equipe da UFPR, liderada pela professora Maria Rita de Assis César, realizará a Pesquisa Nacional de Perfil das Catadoras do Brasil, trazendo dados e grandes evidências para a elaboração das políticas de Estado.
“Dessa forma, é possível dizer que a UFPR se estabelece como instituição central para a elaboração das Políticas e ações para a população de catadores/as, além de contribuir com as políticas de meio-ambiente, e economia solidária, cooperativismo, além das políticas de saúde e de combate à violência contra as mulheres e promoção da infância e da educação”.
Fonte: UFPR