Importante instrumento de inclusão financeira e alavanca para o desenvolvimento local, o cooperativismo de crédito conquista cada vez mais adeptos. Atraídas pelos benefícios proporcionados pelo sistema e pelo poder transformador das realidades, as pessoas buscam as cooperativas de crédito para ter acesso a soluções financeiras com relacionamento e atendimento de qualidade, superiores às instituições tradicionais.
Os efeitos positivos decorrentes da atuação das cooperativas de crédito são tão relevantes que passaram a ser mensurados pelo Banco Central. Chamado de Valor Agregado, esse conjunto de benefícios é calculado, cujo valor demonstra o quanto as cooperativas financeiras contribuem com os associados e as comunidades onde estão inseridas.
A metodologia utilizada pelo BC considera o Benefício Econômico Total (BET), que é o resultado da soma de três benefícios: o BEC (Benefício Econômico com Crédito – taxas mais baratas), o BED (Benefício Econômico com Depósito – taxas mais atrativas nos investimentos) e o BEE (Benefício Econômico do Exercício – resultado da Cooperativa distribuído aos cooperados).
Definições apresentadas, vamos aos dados. Relatório de Economia Bancária de 2022, publicado em junho pelo BC, aponta que o cooperativismo de crédito atingiu a cifra de R$ 25,9 bilhões em benefícios (aos associados e à sociedade) em 2021. Foram R$ 17,962 bilhões de economia com taxas mais baixas, R$ 1,860 bilhão em ganho com taxas mais atrativas nos investimentos e R$ 6,079 bilhões em ganhos com participação nos resultados (sobras). Dividido pelo contingente de 13,609 milhões de cooperados no país, chegou-se ao valor médio de R$ 1.903,00 de valor agregado (economizado/recebido) por cooperado no Sistema de Cooperativas Financeiras do Brasil.
E o que está por trás disso? Esses números representam o legítimo impacto econômico e social do cooperativismo de crédito. É o quanto os associados “economizam” ao usar produtos da cooperativa, o quanto “ganha” ao fazer e manter aplicações, e o quanto recebe de volta em consequência dos resultados obtidos no exercício. Tudo isso norteado pela missão de promover prosperidade para as pessoas e para a comunidade como um todo.
Sabe por que isso acontece? Porque o objetivo das cooperativas de crédito não é o lucro e sim a qualidade de vida das pessoas e o crescimento econômico das regiões onde atuam. As cooperativas, com sua presença relevante na comunidade, captam recursos e os direcionam na forma de crédito para as diversas atividades produtivas, gerando produção, riqueza e empregos. Consequentemente, fomentam a economia local e geram um círculo virtuoso que se retroalimenta. O próprio BC já constatou que o segmento avança a uma velocidade acima da dos bancos tradicionais e chega a regiões antes desassistidas por instituições financeiras.
Levantamento da autoridade monetária mostra que as cooperativas estão presentes em 3.080 localidades, o que representa 55,3% dos municípios brasileiros (dado de 2022). No ano passado, 174 novas cidades passaram a contar com uma unidade de atendimento. O setor conquista, ano a ano, mais espaço no Sistema Financeiro Nacional (SFN), aponta o AnuárioCoop 2023, divulgado pelo Sistema OCB (Organização das Cooperativas do Brasil).
O documento registra crescimento de 27,4% nas operações de crédito realizadas pelas cooperativas, que passaram de R$ 283,6 bilhões para R$ 361,4 bilhões no último ano, o equivalente a 7,05% do SFN. Os depósitos totais somam R$ 352 bilhões. São R$ 656 bilhões em ativos, R$ 12,8 bilhões em sobras (resultados) do exercício e R$ 81,8 bilhões em patrimônio líquido. A rede de atendimento supera 9 mil agências, a maior entre todas as instituições financeiras.
Já somos mais de 15,5 milhões de cooperados em 728 cooperativas, cujas atividades impactam diretamente na economia brasileira, assunto que será tratado em outro artigo, em breve. Aqui, queremos mais uma vez mostrar como as cooperativas de crédito, através do seu modelo de negócio e atendimento diferenciado, geram economia e qualidade de vida para os cidadãos, contribuindo para a construção de um mundo melhor para todos.
*João Spenthof é presidente da Central Sicredi Centro Norte e vice-presidente da OCB/MT