A inovação tecnológica pode simplificar, agilizar e abrir novas oportunidades para as cooperativas. Não são poucos os seus benefícios, e entre eles, estão a agregação de valores aos produtos, a maximização do potencial do uso de dados em análises de mercado, a ampliação da capacidade de falar com os novos públicos, por meio dos variados canais de comunicação, e outros.
De forma geral, esses novos recursos também aumentam a produtividade e a competitividade, quando bem aplicadas e geridas. Guilherme Costa, Gerente do Núcleo de Inteligência e Inovação do Sistema OCB, explica que em uma cooperativa o sucesso se traduz na capacidade de atender às expectativas econômicas e sociais dos cooperados. Isso só é possível quando a cooperativa se torna competitiva no mercado e gera valor para seus clientes, associados, colaboradores e comunidade ao seu redor.
“Em um mundo cada vez mais marcado pelas rápidas transformações tecnológicas e de consumo, pelo bombardeio diário de informações e pela disrupção em diversos setores, as inovações e tecnologias são ingredientes fundamentais na receita para o sucesso de uma cooperativa, tanto nos resultados econômicos quanto na fidelização de seus associados”, exemplifica Costa. Sem dúvida nenhuma, a cooperativa que conseguir visualizar o avanço das tendências e entender como aproveitá-las agregará competitividade e maior solidez nos negócios da cooperativa.
O especialista lembra, que junto com a transformação digital acelerada, existem novas gerações de consumidores dispostos inclusive a pagar mais pela novidade, atendimento personalizado, entre outros. “Em paralelo, novos concorrentes surgem e, com eles, a necessidade de estar adaptado a inovações incrementais, disruptivas e radicais”, diz Costa.
Como fazer dar certo
Para que essa absorção dê certo, é fundamental que as cooperativas ouçam os seus colaboradores, cooperados e clientes para identificar o que está funcionando bem e mapear novas oportunidades. Além disso, é necessário capacitar as pessoas que irão trabalhar no processo de implementação dessas inovações.
Os especialistas do Sistema OCB ensinam que a forma mais assertiva de se introduzir uma inovação é centrar-se em um problema mapeado. Primeiro se conhece uma dor da cooperativa, seja ela de seus clientes ou associados. Depois se avalia como este problema se comporta no segmento em que a cooperativa atua. Finalmente, vai se pensar no produto e na tecnologia que precisam ser desenvolvidos. “Um erro comum é ter uma ideia brilhante de produto ou novo sistema tecnológico, investir recursos para desenvolver, e só depois verificar se isso faz sentido para os clientes ou cooperados”, explica Guilherme.
A maneira de trazer essas inovações tecnológicas pedem estratégias especiais, mapeamentos, envolvimento de toda a equipe, além de mão de obra especializada. Pedro Scarpi Melhorim, Presidente do Sistema OCB/ES, explica que só após o mapeamento é possível definir o que será otimizado ou criado. A cooperativa não pode se esquecer de difundir as mudanças entre todo o quadro social. “É um processo gradual e contínuo, vital para a evolução da competitividade das cooperativas”, conta Pedro.
Scarpi dá algumas dicas para as cooperativas que desejam começar. Uma delas é se iniciar pelas inovações incrementais, que não são criadas totalmente do zero, e só melhoram o que já existe. “Elas são simples e demandam menos recursos. Ainda assim, as cooperativas devem praticar a inovação disruptiva se existirem condições favoráveis”, conta Pedro.
As ferramentas
Para trazer a inovação nas cooperativas existem diversas possibilidades, uma delas é optar pelas plataformas como a Capacitacoop, usada por boa parte das cooperativas do Espírito Santo. “O ambiente virtual conta com 136 cursos gratuitos sobre os mais variados temas, alguns sobre inovações. Além de trazermos, a Inovacoop, um portal que traz informações e oportunidades sobre o assunto”, lembra Melhorim.
O Sistema OCB traz ainda mais uma novidade, com o lançamento do Radar de Financiamento do Inovacoop. “Será um painel exclusivo com as principais Fontes de Fomento no Brasil, tanto de recursos reembolsáveis quanto não reembolsáveis. Lá as cooperativas podem aprender a como utilizar os principais agentes de apoio à Inovação, como a Lei do Bem, o BNDES, entre outros, para ampliar a capacidade de execução dos projetos de inovação, gerando mais resultados e menos custos”, conta Guilherme.
Além das plataformas, as cooperativas podem contar com um apoio do RH, criando mecanismos de estímulo como programas de pontuações e promoções para as lideranças, que capacitarem seus colaboradores nas inovações tecnológicas.
Outra opção é contratar profissionais especializados nessa área, por meio de processos seletivos. “Uma equipe engajada é mais propensa a ser mais produtiva e estar alinhada ao planejamento estratégico da organização. Apostar em pessoas mostra por que inovar é importante”, diz Guilherme.
Outras explorações
Dentro desse setor, as cooperativas podem explorar novos nichos de mercado, ampliar a sua presença no e-commerce, mercado internacional, investir em mais serviços digitais, agregar valores aos produtos primários por meio da criação de agroindústria, criar fluxos de logística reversa para potencializar a sustentabilidade, gerir dados de forma inteligente, aplicar os princípios da indústria 5.0 e aumentar as parcerias com as startups.
Além de todas essas ferramentas, é fundamental envolver toda a equipe e desenvolver uma cultura voltada para a inovação. “Uma vez que a cultura de inovação se estabeleça, os colaboradores mudam seu olhar sobre problemas e oportunidades que identificam no dia a dia. Oportunizando que cada um possa protagonizar mudanças, melhorias e inovações que podem gerar diferentes resultados de negócio: desde um melhor ambiente para se trabalhar, até geração de economias e novas fontes de receita”, conta Alexandra Rodrigues, gerente de Inovação do Sicredi.
Cinco inovações para a cooperativa aproveitar
O tipo de inovação depende da maturidade da cooperativa no tema, bem como seu apetite a risco. Alexandra Rodrigues, gerente de Inovação do Sicredi, conta que as cooperativas podem definir qual caminho trilhar de acordo com seu nível de maturidade. “Porém, o ideal é ter as frentes de cultura e estratégia sempre ativas para criar condições para que as outras frentes prosperem”, lembra.
- Cultura de inovação: iniciativas que buscam disseminar a cultura de inovação por meio de ações de conscientização, capacitação, imersão no ecossistema de inovação, participação e patrocínio de eventos.
- Estratégia: foco na criação de um modelo de estratégia e gestão da inovação sistêmico, que define os conceitos de inovação, processo, modelo de governança, teses e antíteses e indicadores.
- Intraempreendedorismo: mais focado em inovações incrementais, é composto por iniciativas que estimulam a inovação na prática, com comunidades de compartilhamento de cases e programas de intraempreendedorismo.
- Inovação aberta: busca acelerar a inovação por meio de conexões com o ecossistema (startups, universidades, hubs de inovação e outros agentes externos). São experimentos curtos que testam hipóteses de negócio trazidas pelas áreas internas ou identificadas pelo time de inovação. Foco em inovações incrementais ou adjacentes.
- Novos negócios: objetiva identificar e antecipar tendências de mercado, experimentando futuros possíveis para o nosso negócio, bem como desenvolver novas capacidades e criar oportunidades de fontes de receita. Foco em inovações disruptivas.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop