O indicado à diretoria de fiscalização do Banco Central (BC), Ailton Aquino, afirmou nesta terça-feira que está “otimista quanto ao futuro do país e da nossa economia” e lamentou o encolhimento da área de supervisão da autoridade monetária, que não realiza concurso público há dez anos. Caso seja aprovado pela Casa, Aquino, que é servidor de carreira, será o primeiro negro na diretoria do BC.
“BC é instituição de Estado que preza pela ética e pela excelência. Temos hoje um sistema financeiro moderno, complexo e mais sólido, no qual se destaca o papel do Banco Central como regulador”, disse em sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça-feira.
“É um trabalho desafiador supervisionar todo o universo de instituições bancárias e não bancárias em um país tão vasto e complexo como o nosso. Mas é um trabalho fundamental. Crises financeiras custam bilhões aos PIBs dos países. Lembro-me da grande crise financeira internacional de 2008/2009, além do custo econômico e financeiro, crises sistêmicas empobrecem e desorganizam sociedades, abrem espaço inclusive para rupturas de natureza política e social”, complementou.
Aquino lembrou eventos recentes, como a pandemia e a guerra da Ucrânia, e citou os efeitos desses eventos na economia, como inflação alta, crescimento baixo, juros elevados, apreciação do dólar e aumento da pobreza. “No Brasil não foi diferente, mas percebo o advento de tempos melhores”, afirmou, ao citar melhora recente nas projeções do mercado para os principais indicadores econômicos.
O indicado lamentou o encolhimento da área de fiscalização do BC nos últimos dez anos. No período, segundo ele, o número de instituições aumentou em 15% e os ativos, 25%, com novas atribuições ao BC. “Foram muitos desafios e obstáculos que um garoto negro, de família pobre, do interior da Bahia, teve que enfrentar”, lembrou.
Sobre o cooperativismo, Ailton detalhou a importância do setor como um todo e também por áreas no País. “Acredito que o cooperativismo de crédito desempenha papel relevante no desenvolvimento socioeconômico, em especial em nível regional”, finalizou.
Sobre o seu papel à frente da diretoria, o postulante disse se tratar de um trabalho desafiador, mas salientou que precisa ser feito, pois, afinal, as crises financeiras custam “bilhões aos países”. Ele falou ainda da importância das ações da área para a macroeconomia, a estabilidade do sistema e também questões microeconômicas. “Estou muito honrado por aqui estar. Emociono-me ao lembrar que foram muitos obstáculos ao longo do caminho: família pobre, negro e do interior da Bahia”, citou, agradecendo a familiares e professores. Disse também que tem 25 anos e 6 meses de trabalho no Banco Central.
Fonte: Estadão/Valor Econômico, com adaptação da MundoCoop