Por que as cooperativas investem em educação? Está é uma das perguntas que mais ouço quando estamos no processo de expansão de projetos sociais para novas escolas ou na formação de novos educadores. “Por que um ‘banco’ está se metendo na escola?” Eles questionam e, é parafraseando Paulo Freire que acredito ser a melhor forma de sintetizar, antes de descrever, o porquê:
“Educação não transforma o mundo, educação muda as pessoas e elas transformam o mundo.”
O objetivo de “transformar o mundo” é o que faz uma instituição financeira investir em programas e projetos voltados para a educação, principalmente no programa A União Faz a Vida, o maior movimento de ação social do Sicredi e um dos maiores e mais impactantes do país – quiçá o maior – já que, com a mensuração de seu impacto social é possível afirmar que cada R$ 1,00 investido se transforma em R$ 4,00 de desenvolvimento local, além de inúmeros outros pontos positivos trazidos por ele.
Um programa que valoriza educadores de, principalmente, escolas públicas, tão desamparados pelo poder público e pela sociedade, levando formações de qualidade e com um olhar humano, abordando uma metodologia ativa que atende todas as demandas atuais da legislação da educação brasileira, os anseios destes educadores e as necessidades dos alunos.
O programa que tem como base a cooperação e a cidadania, garante que dentro de sua metodologia, valores que se relacionam com o cooperativismo, sejam disseminados entre alunos e educadores, buscando assim a sustentabilidade do cooperativismo como um todo no país, e não apenas do Sistema Sicredi.
Diálogo, solidariedade, justiça, empreendedorismo e respeito à diversidade, são os valores disseminados no dia a dia da sala de aula com o Programa A União Faz a Vida, visando construir uma sociedade próspera e sustentável, friso aqui o sustentável por tamanha correlação com as ODS’s que encontramos nos projetos desenvolvidos pelos alunos e educadores.
As cooperativas legalmente devem destinar pelo menos 5% de seu resultado em Assistência técnica, educacional ou social a seus associados, acredito que esta “obrigatoriedade” possa ter incentivado a cultura de educação nas cooperativas porém, na prática, o que realmente promove esta cultura é a essência cooperativista e seus princípios, que praticados desde 1844 tem mostrado resultados positivos. Um outro fator importante a se considerar nesta equação, é o fato do Sicredi não ser uma instituição financeira comum – tradicional ou não – que desenvolve projetos apenas para cumprir sua função social nas comunidade onde atuam – e é louvável as que assim o fazem – mas, algo que o faz ser não apenas parte da sociedade e sim, a própria sociedade espelhando suas necessidades através de uma empresa, um negócio coletivo, uma cooperativa.
O cooperativismo é o real motivo deste envolvimento tão genuíno com as comunidades, buscando o seu desenvolvimento acontecer através dos programas e projetos sociais e do atendimento das necessidades das pessoas de forma justa e humana.
As pessoas geralmente se espantam com os projetos e o envolvimento do Sicredi com a comunidade, assim como a sua forma de atender e trabalhar os produtos e serviços financeiros, e é entendível esse sentimento pois, o cooperativismo ainda não é conhecido pela maior parte da população na sua essência, mesmo estando presente no país há mais de 120 anos. Em contrapartida ainda há, uma “demonização” das instituições financeiras – nacionalmente com razão – e, pessoas que cresceram numa sociedade brutalmente capitalista onde “se você não for o melhor, não fizer o melhor, alguém vai fazer, vai puxar seu tapete, tomar o seu lugar”, onde se vive o tempo todo, e em todos os tipos de relações – e isso é altamente perigoso – num espírito competitivo. Ou seja, há inúmeros desafios para que se dissemine a diferença abismal entre as cooperativas e as demais organizações da sociedade. Talvez este também seja um dos grandes motivos do Sicredi investir em educação, precisamos reeducar as pessoas para um novo modelo de sociedade, de vida.
Ainda estamos aquém de ter o cooperativismo reconhecido com um modelo real e prático de transformação social, mas investimentos, não apenas em projetos de assistencialismo, mas em desenvolvimento real do ser humano como o Programa A União Faz a Vida, mostram que estamos no caminho.
*Por Eber Ostemberg, Coordenador de Desenvolvimento do Cooperativismo na Sicredi Biomas via Linkedin