Era o ano de 2008 quando o matemático britânico Clive Humby cunhou a frase “os dados são o novo petróleo”. A época, Humby justificou a comparação dizendo que assim como o petróleo, os dados em estado bruto são inúteis, mas quando tratados e refinados tem o potencial de criar valores extraordinários.
Pouco mais de uma década atrás, contudo, a capacidade de armazenar e analisar grandes quantidades de dados estava ao alcance de poucos. Conforme a tecnologia da informação continuou a se desenvolver o Big Data tornou-se uma realidade mais palpável.
O resultado é que na segunda metade da década passada tornou-se comum ver CEOs de grandes companhias reproduzirem a frase de Humby. Além disso, em 2017, a conceituada revista The Economist, publicou um rico e extenso artigo onde afirmava que o recurso mais valioso do mundo eram os dados, não o petróleo.
Mas o que isso quer dizer? E qual a importância do produtor rural entender essa frase e passar a trabalhar com dados em sua propriedade?
Aplicação nacional
O Brasil é mundialmente conhecido como um grande produtor rural, tendo o agronegócio como uma das principais atividades que move a economia do país. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o agro representa mais de 27% do PIB brasileiro.
Um setor tão relevante para o país conta com tecnologias de ponta em diversas frentes e uma delas é a agrorrastreabilidade por meio de blockchain, utilizada atualmente pela Usina Granelli, localizada no interior do Estado de São Paulo e que atua no setor sucroenergético com cana-de-açúcar, açúcar e álcool.
Cooperada do Sicoob há quase 50 anos, a Usina foi a primeira no Brasil — e no mundo — a contar com o sistema de rastreamento blockchain em um de seus produtos, o açúcar mascavo, implantada por meio da parceria com a Embrapa, empresa voltada para inovação que foca na geração de conhecimentos e tecnologias para a agropecuária brasileira.
De acordo com a responsável pela usina, Mariana Granelli, essa tecnologia está revolucionando o agro brasileiro, já que rastreia origem e processo de fabricação e informa isso ao consumidor por meio de um QR Code estampado na embalagem do açúcar mascavo, dando transparência aos processos, segurança na aquisição e expandindo o mercado de produtos sustentáveis, ambiental e socialmente responsáveis (ESG).
“Priorizamos trazer informações importantes para que o consumidor saiba que não se trata de apenas mais um açúcar, mas de um produto que teve toda sua cadeia rastreada pela tecnologia blockchain. Isso atesta a integridade do produto em relação às questões socioambientais. Por exemplo, a tecnologia garante que a cana que originou o açúcar é produzida em áreas livres de desmatamento, sem exploração do trabalho escravo ou infantil, entre outros. Adicionamos a essas informações o selo Abrinq e oferecemos ao consumidor todos os dados das etapas de produção do açúcar”, comenta.
Relação com Sicoob possibilitou financiamento e crescimento do projeto
“Meu avô já era cooperado do Sicoob Cocre desde a época das máquinas de escrever. Esse relacionamento vem se intensificando e já está na terceira geração, pois eles acreditam nos nossos projetos”, diz Mariana. É dessa forma que se pode resumir a parceria do Sicoob com cooperados em todo o território nacional.
O Sicoob, por meio da cooperativa singular Sicoob Cocre, é um importante parceiro em projetos cujo objetivo final é promover soluções e experiências inovadoras e sustentáveis por meio da cooperação com cooperados, produtores, fornecedores, entre outros.
O Sicoob Cocre também elaborou um projeto de financiamento para os fornecedores da Usina Granelli, chamado “Projeto Acreditar”, que consiste em emprestar para a cadeia de produtores a partir da cessão de crédito pactuada entre os três interessados: produtor, Sicoob Cocre e Usina Granelli. “É uma corrente do bem, em que as pessoas acreditam no potencial umas das outras e, por meio desse acordo, tornam possível fazer com que recurso seja empenhado na produção de forma mais ágil”, destaca Dalton Dorighello, gerente Comercial Agro do Sicoob Cocre.
O projeto beneficia fornecedores de sete municípios ao entorno da Usina Granelli, que auxiliam tanto o produtor já cativo quanto o parceiro da usina como novos produtores que se propõe a produzir e aderir ao projeto.
Fonte: Imprensa Sicoob/EcoTrace, com adaptação da MundoCoop